Mario Sergio Cortella reflete sobre os laços afetivos em tempos algoritmizados
Bons Fluidos

Em meio a um mundo hiperconectado e emocionalmente exausto, Mario Sergio Cortella volta a refletir sobre os laços que sustentam a vida em comum. Na edição revisada e ampliada de Família: urgências e turbulências, o filósofo aborda os desafios da convivência, da educação e dos vínculos afetivos em meio ao ruído das telas, retomando, com a lucidez que marca sua obra, os sentidos do cuidado, da união familiar e da responsabilidade no mundo contemporâneo.
Reflexões de Mario Sergio Cortella
Nesta edição revisada e ampliada, publicação da Cortez Editora, o professor e escritor incorpora novas reflexões sobre as tensões do mundo digital, o uso da inteligência artificial e a vida em tempos “algoritmizados”, em que as conexões são constantemente testadas pela pressa, pela comparação e pelo excesso de exposição.
Cortella observa que as famílias enfrentam, hoje, não apenas as turbulências internas de cada geração. Isso porque também encaram as urgências impostas por uma sociedade que valoriza o desempenho constante. O autor defende a necessidade de abandonar a “autópsia” das relações — o lamento pelo que se perdeu — e adotar uma atitude de “biópsia”. Isto é, olhar o que ainda está vivo e pode ser curado, reconstruído e reinventado.
Impacto da virtualidade nas vinculações humanas
Nos novos capítulos, o leitor encontrará discussões sobre o impacto da virtualidade nas vinculações humanas e os desafios da transição entre o real e o digital. Cortella analisa como o excesso de conectividade, a busca compulsiva por felicidade e o enfraquecimento dos vínculos afetivos exigem um novo tipo de presença. Ou seja, mais consciente, sensível e atenta às emoções. “O mundo virtual pode encantar ou enfeitiçar”, escreve o autor. Este também lembra que o equilíbrio é o único caminho para preservar a autonomia e o sentido da vida.
Alguns termos não frequentavam o nosso cotidiano, como “adultização”, que se tornaram parte decisiva para preservar a nossa decência coletiva. (…) O mesmo mundo digital que é capaz de ameaçar crianças e adolescentes, também é capaz de nos alertar, orientar e salvar em relação a várias situações. (Família: urgências e turbulências, p. 119)
Ao percorrer temas como autoestima, bullying, orientação sexual, adolescência e o papel da escola, Família: urgências e turbulências se consolida como um guia para pais, mães, educadores e cuidadores. Além de um diagnóstico, é um convite à ação. Dessa forma, cada leitor pode reconhecer suas responsabilidades e reencontrar, na intimidade do lar, a alegria de formar, cuidar e aprender com o outro.
Com sensatez e esperança, Mario Sergio Cortella reafirma que o amor, quando aliado à reflexão e ao compromisso ético, é o melhor antídoto contra o desânimo e a melancolia que ameaçam a convivência. Afinal, como lembra o professor, a tarefa da família, em qualquer tempo, é fazer viver.
