'Celas superlotadas e falta de higiene': Defensoria denuncia condições precárias em presídio que pode receber Bolsonaro
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O presídio que pode se tornar o novo endereço de Jair Bolsonaro (PL) enfrenta uma realidade alarmante. Um relatório divulgado pela Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF), nesta quinta-feira, 13, denuncia que o Centro de Internamento e Reeducação (CIR), no Complexo Penitenciário da Papuda, não tem condições mínimas para receber presos com mais de 60 anos. A avaliação surge justamente quando cresce a expectativa sobre a transferência do ex-presidente, condenado a 27 anos de prisão, do regime domiciliar para o fechado.
A inspeção da Defensoria foi realizada no dia 6 de novembro nos blocos 5 e 6 do CIR — setores onde costumam ficar internos idosos ou em situação de vulnerabilidade. O relatório descreve um cenário de abandono e descuido. Entre os principais problemas, os defensores identificaram superlotação, má alimentação, falta de ventilação, escassez de itens de higiene e demora no atendimento médico.
Segundo o documento, as celas do bloco destinado a idosos chegam a abrigar 38 pessoas em um espaço que dispõe de apenas 21 camas, obrigando muitos a dormirem no chão. A precariedade das condições preocupa, especialmente considerando que Bolsonaro, com 70 anos, se enquadra na faixa etária de maior risco.
O Defensor Público-Geral, Celestino Chupel, classificou a situação como crítica e cobrou providências urgentes. “É papel da Defensoria Pública assegurar que as pessoas em situação de privação de liberdade tenham sua dignidade garantida. No momento, a unidade prisional não tem condições de receber qualquer pessoa idosa”, afirmou.
A instituição também emitiu uma série de recomendações à Secretaria de Administração Penitenciária (Seape-DF), entre elas reduzir a superlotação por meio da ampliação de saídas antecipadas e progressões de regime, reforçar políticas de reintegração social e aumentar o número de servidores, especialmente policiais penais e profissionais de saúde.
O relatório ainda destaca que as falhas estruturais não se restringem à questão física das celas: há queixas sobre a qualidade e quantidade das refeições, ausência de remédios básicos e atendimento médico demorado, o que, segundo a Defensoria, “compromete a dignidade humana e expõe os presos a riscos evitáveis”.
Enquanto isso, uma alternativa vem sendo cogitada para o ex-presidente. O Metrópoles revelou que o 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) — conhecido como Papudinha — pode ser adaptado para receber Bolsonaro. Localizado no mesmo complexo penitenciário, o batalhão recebeu, em junho de 2025, R$ 500 mil em emendas parlamentares para obras de melhoria nos alojamentos onde ficam os policiais em serviço.
Ainda assim, fontes ouvidas pela Defensoria alertam que o Papudinha também enfrenta limitações de estrutura e segurança para abrigar detentos de alto perfil. Caso o ex-presidente seja encaminhado à Papuda, o governo do DF terá de enfrentar não apenas questões políticas, mas também logísticas e humanitárias.
O relatório da Defensoria reforça a urgência de uma revisão ampla nas condições carcerárias do DF. Para o órgão, garantir a dignidade das pessoas privadas de liberdade é uma obrigação do Estado — independentemente de quem esteja atrás das grades.
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