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O que foi o Batalhão de mulheres negras da Segunda Guerra que virou filme na Netflix?
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O que foi o Batalhão de mulheres negras da Segunda Guerra que virou filme na Netflix?

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Aventuras Na História
21/01/2023 21h00
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©National Archives and Records Administration
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O fim da Segunda Guerra Mundial, em setembro de 1945, fez com que muitas pessoas fossem transformadas em verdadeiros heróis, sejam chefes de Estado, combatentes e até mesmo civis que lutaram contra a ideologia antissemita e eugenista de Adolf Hitler. 

 

Entretanto, dentre todos esses 'salvadores da pátria', um grupo foi deixado de lado, esquecido. Embora sua contribuição tenha sido substancial. O 6888.º Batalhão do Diretório Postal Central não teve suma importância por conta de sua eficácia, como também devido a sua singularidade: foi a única unidade do Exército dos Estados Unidos a ser formado apenas por mulheres negras que serviu na Europa. 

Mais de sete décadas após o conflito, o Batalhão começa a ter o reconhecimento que sempre mereceu. Em 2022, o presidente norte-americano Joe Biden assinou um projeto de lei bipartidário para conceder ao batalhão a Medalha de Ouro do Congresso — a mais alta premiação concedida pelo Congresso dos Estados Unidos. 

Além disso, o ‘seis triplo oito’, como eram chamadas, também será tema de um filme que será lançado em breve pela Netflix. Mas o que essas mulheres fizeram de tão importante assim?

O batalhão de mulheres

Com o início da segunda grande guerra, o sentimento de patriotismo tomou conta dos norte-americanos. Muitos deles fizeram de tudo para defender seu país ao lado dos Aliados. Estima-se que, por conta disso, cerca de 6.500 mulheres negras se alistaram no Exército. 

Membros do 6888º Batalhão do Diretório Central Postal/ Crédito: National Archives and Records Administration

 

Entretanto, àquela época, elas sofriam com o racismo explícito e a segregação persistente — cenário que ainda continua atingindo muitas delas até hoje, importante ressaltar; embora no período isso ocorria de modo mais evidente. 

Desta forma, a ativista dos direitos civis Mary McLeod Bethune trabalhou para que a primeira-dama, Eleanor Roosevelt, a apoiasse na luta para que as mulheres negras tivessem um papel mais relevante na guerra no exterior, aponta o The Washington Post. 

Jornais negros também desafiaram o Exército dos EUA a "usar mulheres negras em empregos significativos no Exército".

Sob liderança da major Charity Adams, o 6888º batalhão, formado por 855 mulheres negras,  treinou em Fort Oglethorpe, na Geórgia, antes de rumar para Glasgow, na Escócia, em fevereiro de 1945. A Smithsonian Magazine aponta que o batalhão escapou de um ataque de bombas nazistas antes desembarcarem no Velho Continente. 

Da Escócia, elas foram transportadas até Birmingham, na Inglaterra, onde trabalharam em armazéns sem aquecimento e de iluminações precárias. O ‘seis triplo oito’ tinha a função de trabalhar com algo não tão lembrado no conflito, mas de importância imensurável: as correspondências enviadas por soldados aos seus familiares. 

Numa era onde a comunicação não era instantânea, o contato de combatentes com seus entes queridos era fundamental para dar uma motivação extra aqueles que dedicavam suas vidas pelo país. 

Quando chegaram no local, elas encontraram um cenário de “empilhamento até o teto com cartas e pacotes”, recorda artigo do US Army Center. Algumas correspondências estavam armazenadas no local por até dois anos. 

“O comando sabia inerentemente que sua presença no exterior significava mais do que limpar aquela carteira de correspondência”, disse à Associated Press a coronel reformada Edna Cummings, que embora não tenha servido no batalhão, defende seu reconhecimento. 

Elas estavam representando uma oportunidade para suas irmãs de armas nos Estados Unidos, que estavam tendo dificuldade em lidar com o racismo e o sexismo dentro das fileiras”, prossegue. 

Como única unidade do Exército norte-americano formada apenas por mulheres negras, o 6888.º sofria tanto com o racismo quanto pelo sexismo. Certa vez, aponta o Smithsonian, um general branco disse à Charity Adams: “Irei enviar um primeiro-tenente branco aqui para mostrar a você como administras as coisas”. Ela então respondeu: “Só sobre meu cadáver, senhor”. 

Membros do 6888º Batalhão do Diretório Central Postal classificando a correspondência/ Crédito: US National Archives

 

Além do mais, o ‘seis triplo oito’ era excluído de outras unidades formadas por homens e mulheres brancas. Sendo assim, elas teriam que ser autossuficientes, aponta o Museu Nacional da Segunda Guerra Mundial. O que fazia que o batalhão contasse com médicos próprios, refeitório e até mesmo uma polícia militar treinada. 

Trabalho eficiente

Por conta de todas as cartas acumuladas, esperava-se que o batalhão precisaria de cerca de seis meses, ou até um ano, para separar e enviar todas as correspondências. Porém, devido à eficiência do grupo, o trabalho foi feito em apenas três. 

Mas isso não significa que a tarefa era fácil. Charity Adams Earley relembrou em seu livro de memórias 'One Woman's Army: A Black Officer Remembers the WAC' que os endereços eram muitas vezes incompletos e o uso de apelidos dificultava todo o processo. 

Bob, Rob, Robby, Bert e assim por diante, apenas para Robert", explica. 

O 'seis triplo oito', porém, desenvolveu seu próprio sistema, o que incluía manter um índice de nomes iguais ou semelhantes, mas usando números de séries militares para distingui-los. 

Trabalhando em três turnos por dia, sete dias por semana, elas processavam cerca de 65 mil correspondências a cada 24 horas; o que significou por volta de 17 milhões ao final do conflito, reporta a Smithsonian Magazine. O batalhão trabalhou sob o lema: “Sem correio, moral baixa”.

O final do conflito 

Após o fim do trabalho em Birmingham, o 6888.º foi enviado através do Canal da Mancha para a cidade francesa de Le Havre, depois para Rouen e Paris. Em fevereiro de 1946, a unidade voltou aos Estados Unidos e foi dissolvida. Porém, sem nunca receber o devido reconhecimento devido. 

Em 2022, restaram apenas seis membros restantes do batalhão: Romay Davis, Cresencia Garcia, Fannie McCledon, Gladys E. Blount, Lena King e Anna Mae Robertson.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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