Uma mulher à frente de seu tempo: A vida da Condessa de Barral em 5 curiosidades
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Luísa Margarida de Barros Portugal foi uma mulher influente e à frente do seu tempo. Conhecida pelo título de Condessa de Barral por conta do casamento com um nobre francês, a brasileira nasceu em uma família de donos de engenho em Salvador, capital da Bahia.
Infelizmente, um dos maiores motivos de sua fama, é a relação próxima com o Imperador do Brasil, D.Pedro II. A relação dos dois chegou a ser especulada nos jornais da época, e inspirou peças de teatro.
Segundo a historiadora Mary Del Priore, que escreveu a obra “Condessa de Barral: A paixão do imperador”, a dupla tinha uma conexão muito mais intelectual do que necessariamente carnal.
“Costumo dizer que Luísa não foi amante do imperador, mas sim sua grande paixão", escreveu a pesquisadora em seu livro.
1. Casamento incomum
Luísa Margarida casou com o homem que lhe rendeu o título e a vida dividida entre o Brasil e a Europa.
"Quando, de acordo com os costumes da época, seu pai, o diplomata Domingos Borges de Barros, visconde da Pedra Branca, tentou casá-la com um pretendente bem mais velho, mesmo ainda adolescente, Luísa não apenas se rebelou como resolveu escolher o próprio marido, o francês visconde de Barral. Isso mostra como ela fugia ao perfil submisso, ensinado às mulheres de seu tempo", disse a historiadora Maria Celi Chaves Vasconcelos, uma das responsáveis pela curadoria de uma exposição sobre a Condessa ocorrida no CCBB em 2014.
Esse relacionamento também foi ousado: isso pois o nobre com quem ela escolheu se casar tinha apenas título, e não fortuna, que costumava ser a motivação por trás de uniões matrimoniais naquele período.
“Ela [Condessa] tem uma educação peculiar, aprende a nadar no Rio Sena, vai às operas. Cria-se uma cabeça liberal na menina. O pai decreta que ela vai casar com o Cotegipe, da idade do pai dela. Ela diz: 'Tudo bem papai, mas eu quero casar com um par de olhos azuis que conheci'. Esse é o Eugene de Barral, que tem um belíssimo par de olhos azuis. E mais nada, ele não tinha um tostão furado”, explicou Del Pierre, segundo repercutido pelo site Metro1.
2. Pai abolicionista
O pai da Condessa de Barral, Domingos Borges de Barros, também era um homem singular para a época. Além de dono de um jornal de poesias e membro da Maçonaria, uma de suas características marcantes é que era um grande defensor da abolição da escravatura.
Quando D.Pedro II decidiu tornar o Brasil um país independente de Portugal, precisou da ajuda de pessoas que tivessem correspondência com o exterior. Esse era o caso de Domingos, que podia fazer a ponte com Londres. Foi daí que surgiu o início da aproximação das famílias de Luísa e do imperador.
“Quando ele [Domingos de Barros] se muda para o Brasil, ele já deixa boa parte dos escravos livres”, acrescentou a historiadora, ainda conforme o Metro1.
3. Convivência com escravos
É de se esperar que uma jovem criada por um pai abolicionista não tenha uma relação tradicional com escravizados, e esse era o caso de Luísa.
“Ela convivia com os escravos de modo que ela ia nas casas deles e nas senzalas. Sabia da vida de todos e anotava tudo. Quem deitava com quem, quem comia quem e quem saia com quem. Nessa vida toda, ela passa pelas revoltas do recôncavo. É incrível como ela tomava conta das suas propriedades”, afirmou Mary Del Priore também.
4. Proximidade com família de D.Pedro II
O imperador do Brasil e a Condessa passaram 34 anos na vida um do outro. A Condessa, que era conhecida por ser uma mulher culta e versada em diversos assuntos, acabou também sendo escolhida para se tornar a tutora das filhas do imperador, as princesas Isabel e Leopoldina.
Ela construiu um laço sentimental com as jovens, como mostra o trecho abaixo de uma das cartas redigidas por Luísa e reveladas na exposição.
"Minhas queridas princezas, Disse que não escreveria hoje, mas sinto tantas saudades a estas horas que sempre passo aos sábados na companhia de vossas altezas que não posso resistir ao desejo de conversar com minhas queridas princezas. Não vão pensar que eu fiquei no Rio; estam muito enganadas; meu coração partiu com vossas altezas e por lá anda".
5. A aproximação
A aproximação com Pedro começou com ela ajudando-o a redigir sua correspondência com outras figuras importantes do período, que foi de onde surgiu o respeito dele pelo intelecto da baiana. De tão querida pela corte, dom Pedro a presentou com uma casa, alugada por ele.
6. O exílio
Diante da queda da monarquia com a Proclamação da República, a condessa de Barral não virou as costas para os membros da família real. Ela os acompanhou durante o trajeto à Europa.
Na França, Pedro chegou a se hospedar na residência de Luíza, localizada na área rural. Antes de falecer em janeiro de 1891, ela acompanhou de perto os momentos finais dos últimos imperadores do país.