Qual foi o primeiro relato sobre o Brasil?
Recreio
A frota de Cabral trazia uma figura importante a bordo: Pero Vaz de Caminha, escritor que deveria relatar as novidades sobre as terras descobertas para o rei de Portugal.
Quem é?
Acredita-se que o escritor português Pero Vaz de Caminha tenha nascido na cidade do Porto, em 1450. Ele era o escrivão oficial do rei dom Manoel. A bordo da frota que chegou ao Brasil, relatava os acontecimentos da exploração e tinha como missão contar o que havia nas novas terras.
Reveladora!
A carta que Pero Vaz de Caminha escreveu para dom Manoel, relatando o que havia no Brasil, é considerado o documento mais importante sobre o descobrimento do nosso país. Ela relatava a paisagem do litoral, falava sobre os índios e os primeiros contatos entre eles e os portugueses. A carta foi escrita entre 26 de abril e 2 de maio de 1500, em Porto Seguro (Bahia), e levada para Lisboa sob os cuidados do navegador Gaspar de Lemos.
Esquecida...
Apesar de ter sido escrita no século 16, a carta ficou desaparecida nos arquivos da Coroa de Portugal por muito tempo. Ela só foi reencontrada em 1808, pelo padre e historiador Aires de Casal, na época em que a Família Real Portuguesa se mudou para o Brasil. Foi Aires quem fez a primeira publicação da obra.
Riqueza de detalhes
Como a língua portuguesa do século 16 era bem diferente da atual, não se tem certeza sobre o significado de algumas palavras usadas na carta. Mesmo assim, é possível entender com clareza o objetivo do relato, cheio de detalhes.
Algumas das principais revelações de Caminha na Carta:
Os índios eram pardos, um tanto avermelhados, carregavam arcos e flechas e tomaram a iniciativa para estabelecer um contato com os portugueses.
Em 26 de abril de 1500, na praia da Coroa Vermelha, em Porto Seguro (Bahia), foi celebrada a primeira missa em solo brasileiro.
Segundo Caminha, quando as caravelas chegaram à praia, dois carpinteiros fizeram uma cruz e a colocaram na areia. Mil homens foram convocados para assistir à missa, celebrada por Frei Henrique. A missa aconteceu por um motivo: mostrar aos índios a religião católica.
Na carta, Caminha pede que dom Manoel envie, o quanto antes, religiosos para batizar os habitantes nativos das terras recém-encontradas.
Trecho da carta de Caminha
“(...) Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos — terra que nos parecia muito extensa.”