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"A vida é cheia de tabus e eu falo sobre eles para torná-los mais leves", dispara Lorena Comparato sobre assuntos na sociedade
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"A vida é cheia de tabus e eu falo sobre eles para torná-los mais leves", dispara Lorena Comparato sobre assuntos na sociedade

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28/02/2022 14h00
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A atriz, roteirista, diretora, produtora, dubladora e apresentadora Lorena Comparato contou como em sua carreira sempre optou por personagens que tivessem alguma mensagem importante para passar. Com trabalhos no teatro, cinema, televisão e streaming, lembra de alguns personagens com muito carinho.

"Eu tenho verdadeira paixão pela Geise de 'Impuros', ela é uma mulher que eu considero guerreira, ela enfrenta grandes desafios como cuidar do filho sozinha até o Evandro aparecer (Raphael Logam).", revelou.

Viveu um romance lésbico na novela das 19h Rock Story, em um dos horários mais tradicionais da TV Globo e a cadeirante Dora em Cidade Proibida, que tinha que lidar com as agressões físicas do pai contra mãe.

Em Malhação viveu Camila, uma jovem que se viu obrigada a mentir sobre a paternidade do pai de seu filho, com medo das agressões do pai verdadeiro, Fábio (Arthur Aguiar). Entre tantas outras personagens femininas e sofridas.

Lorena disse que suas personagens sempre refletem o que a sociedade está vivendo, ou seja, questões que são consideradas tabus, mas precisam ser faladas: "Falo muito sobre saúde mental, auto cuidado alcançável e respeito próprio nas minhas redes sociais porque a situação é muito difícil para diversas pessoas. Menstruação, por exemplo, é um grande TABU. No trabalho, eu mesma, ando preparada para tudo, desde pequena fui assim, 'síndrome de caracol' que eu chamo, levo tudo comigo pra estar sempre a postos. Menstruar é algo normal que não deve ser temido nem ridicularizado. Não entendo o fato de algumas pessoas pensarem que quem menstrua precisa ser tratada diferente ó pelo fato de estarem nesse ciclo normal."

Esse tabu da menstruação fez Lorena perceber que é sempre necessário falar abertamente do assunto, além de levantar a bandeira para o uso da calcinha menstrual, da qual já faz uso há quase 4 anos. 

"A indústria precisa divulgar essa ideia, o uso de absorventes descartáveis polui demais e no momento as calcinhas absorventes não são viáveis economicamente pra todo mundo. Quanto mais falarmos a respeito, mais investimento das empresas na produção fazendo o produto ter um preço mais baixo", disse.

Ela apontou: "A maior mudança virá com as empresas, mas, enquanto isso, o grande público pode fazer a sua parte, respeitando seus limites".

Isso faz com que a atriz tenha um público bem vinculado a causas de debate e ela sente orgulho disso, pois consegue dar espaço a quem não tem e pode informar pessoas que não tem acesso diariamente sobre visões socialmente aceitas e que são práticas preconceituosas ou machistas.

"Eu sempre fui muito aberta, falo que estou menstruada, que vou urinar e não esperam isso das mulheres, nos tratam como vulgares", falou.

A atriz contou que passa por grandes questionamentos atualmente como ter ou não filhos e isso faz parte da aceitação de ser mulher, decisões que podem mudar o rumo da vida inteira.

"A sociedade impõe que a mulher tenha filhos, principalmente se ela está com alguém, então esse questionamento passa a ser constante dentro da família. Essa decisão deve ser do casal, ambos, independente dos gêneros das pessoas.", disse. 

Lorena continuou: "A vida de todos os pais mudam muito, mas a mulher ainda é mais pressionada. A mudança de rotina para os pais de um bebê é evidente, tô acompanhando isso de longe com o nascimento do meu afilhado Yan. É necessário ter um planejamento e tomar essa decisão conjunta, afinal nenhum pai tá aqui pra 'ajudar' e sim exercer sua função".

A artista concluiu falando que o mundo não está preparado para a mulher, que ainda há muitos questionamentos até dentro da indústria artística de como uma mulher deve ser representada e que gosta muito do teste de Bechdel. 

"O teste mostra como personagens femininas são representadas dentro das tramas, se elas estão tendo um enredo próprio ou se estão sempre veiculadas e acompanhadas de personagens masculinos. Mulheres precisam ter dramaturgias independentes e não servirem de escada pros homens", disse.

No ano de 2021 o projeto de lei para distribuição de absorventes para mulheres vulneráveis relatado pela senadora Zenaide Mai foi aprovado, porém, a distribuição é burocrática e demorada, já que aguarda a decisão do presidente, um homem que não passa por essa questão mensalmente e nem entende o impacto dele na vida de cada mulher. Esse é o primeiro passo, que só é possível graças à manutenção do diálogo social e da constante cobrança feminina por mudanças.

"Que bom que mulheres estão criando novas leis. Temos mesmo que pensar em bem-estar e no nosso meio-ambiente. Talvez um projeto de lei futuro fossem as calcinhas menstruais, quem sabe", finalizou, esperançosa. 

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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