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Desalojados: Autora narra experiência com crianças em situação de vulnerabilidade
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Desalojados: Autora narra experiência com crianças em situação de vulnerabilidade

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22/11/2021 12h29
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A artista Elisa Bracher trouxe um relato pessoal de sua experiência com crianças em situação de vulnerabilidade em Desaojados, o primeiro livro da série Cadernos Acaia

O desejo da autora trabalhar e conviver com meninos e meninas moradores das favelas próximas de seu ateliê, na Vila Leopodina, em São Paulo, foi a pedra fundamental para a construção, nos vinte anos seguintes, da metodologia praticada hoje pelo ateliescola, que oferece Educação Infantil e Ensino Fundamental gratuitos a 200 crianças moradoras de favelas do bairro, além de bolsas parciais àqueles em melhor situação financeira.

Em Desalojados, a artista relata a lenta construção desse modelo, que agrega ensino formal, prática de ateliê, escuta psicanalítica adaptada a situações do dia a dia, atenção à saúde dos alunos e apoio jurídico às famílias, entre outras formas de interação permanente com as comunidades atendidas.

Escrito como um relato fluido e pessoal, a obra conta uma história de transformação possível, tanto da própria autora como das diversas pessoas que se juntaram ao projeto e foram adicionando e ele ferramentas e formas de abordagem.

Juntamente à narrativa principal, relatos escritos pela ex-diretora Olga Maria Aralhe e casos emblemáticos envolvendo alunos e frequentadores, ilustrados por fotos que contam a história do Acaia e por obras de Elisa e de alunos dos ateliês de xilogravura, completam o painel dessa experiência educativa, feita de entrega e acolhimento.

"O ambiente social da favela é altamente desorganizador, sobretudo para crianças pequenas. Elas vivem em barracos sem ventilação, separados por uma viela estreita e cheia do esgoto das casas. Com o barulho das festas — os pancadões — e dividindo a cama com adultos e outras crianças, não dormem direito. Nós nos perguntávamos como uma criança criada em um ambiente assim pode se concentrar e ficar quieta em uma sala de leitura.", escreveu a autora na obra.

Desalojados mostra o enfrentamento cotidiano das marcas de abandono, exclusão social, racismo, violência policial e moradia precária plasmadas nas vivências e nos corpos das muitas crianças e adolescentes que passaram pelo Acaia nessas duas décadas.

Em um contexto de favelização do país, que só fez acelerar na última década, o livro compartilha o conhecimento acumulado no trabalho sobre a realidade dos moradores de favelas da maior cidade brasileira, além de estratégias para enfrentar, com eles, as limitações impostas pela invisibilidade.

A autora, em determinado trecho da obra, fala sobre como as crianças que estão nessa situação podem ser ajudadas: "As crianças que acolhemos vivem o fracasso e a violência em tudo. Quando elas têm à disposição um lugar aonde podem escolher ir, repleto de ferramentas, tintas, madeira e outros materiais, e podem inventar o que fazer, com ajuda de um profissional afetuoso e cuidadoso — cuja primeira função é acolher —, passam a viver uma experiência de prazer, sucesso e continuidade.".

Celebrando os vinte anos de atividade do Instituto Acaia, o lançamento de Desalojados põe em movimento a série Cadernos Acaia, que apresentará os fundamentos de um modelo socioeducativo único, e de escala limitada, com o objetivo declarado de inspirar e oferecer parâmetros a outras iniciativas do gênero. O lançamento acontece em 27 de novembro, às 11h, na sede do Instituto Çarê, na Vila Leopoldina, São Paulo.


Sobre os Cadernos Acaia

A série Cadernos Acaia apresenta os fundamentos da metodologia desenvolvida no Instituto Acaia para oferecer uma perspectiva real de desenvolvimento às crianças e aos jovens atendidos. Reunindo reflexões e relatos de educadores, diretores e alunos, cada Caderno detalha um pilar desse trabalho, da atenção à saúde aos ateliês de arte, oferecendo ferramentas e reflexões aplicáveis a trabalhos semelhantes. Para 2022 estão previstos novos lançamentos com os temas da Pandemia, do barraco e da saúde e artes.

Sobre a autora

Elisa Bracher (São Paulo, 1965) dirige os institutos Acaia, de ação socioeducativa, e Çarê, que identifica e promove produções culturais brasileiras, além de dedicar-se à própria trajetória artística, iniciada nos anos 1980. É conhecida sobretudo pelas gravuras em metal e esculturas monumentais de madeira, vistas em exposições e espaços públicos no Brasil e no exterior. Entre suas obras mais recentes, estão a série fotográfica A cidade e suas margens (2008), nascida do trabalho da artista com as comunidades das favelas da região da Ceagesp, em São Paulo; o labirinto de taipa de pilão que construiu no jardim do Museu da Casa Brasileira (2015); e as gravuras e esculturas reunidas na exposição Terra de ninguém (São Paulo, 2021), entre outras produções.

Seus trabalhos foram objeto de ensaios dos críticos Rodrigo Naves, Lorenzo Mammì, Sônia Salzstein, Fábio Valentim, Elisa Byington, Luiz Camilo Osório e Eric Alliez, publicados nos livros Madeira sobre Madeira (Cosac & Naify, 1998), Maneira Branca (Cosac & Naify, 2007), A cidade e suas margens (Editora 34, 2008) e Encarnadas (Bei, 2018), no catálogo da exposição Ponto final sem pausas (MAM-RJ, 2012) e na revista francesa de arte Multitudes (2008).

Elisa vive e trabalha em São Paulo.

Sobre o Instituto Acaia

Fundado em 2001, o Instituto Acaia – palavra tupi que significa útero, remetendo às ideias de gestação, nidação, segurança, proteção e fortalecimento – tem como norte o fomento à educação e à cultura para a redução da desigualdade social. Seus três braços principais são o ateliescola acaia, escola experimental de educação integral voltada às crianças de duas favelas e um conjunto habitacional na zona oeste de São Paulo, com bolsas integrais, e ainda oferece bolsas parciais aos alunos com melhores condições financeiras; o Centro de Estudar Acaia Sagarana, que prepara alunos de destaque da rede pública para o vestibular de faculdades de excelência; e o Acaia Pantanal, projeto socioambiental e educativo que mantém uma escola de Ensino Fundamental para crianças de famílias ribeirinhas na região da Serra do Amolar (MS).

Desalojados

Título: Cadernos Acaia – Desalojados

Autora: Elisa Bracher

Textos adicionais: Olga Maria Aralhe

Editora: Letra da Cidade

Projeto gráfico e design: Luciana Facchini

Ilustrações: Elisa Bracher

Coordenação editorial e edição: Teté Martinho

Revisão: Regina Stocklen

Produção gráfica: Marcia Signorini

Páginas: 128

Tiragem: 4 mil exemplares

Valor de capa: R$ 65,00

Editora WMF Martins Fontes, 2021.

ISBN 978-85-469-0340-5

Lançamento: 27 de novembro, às 11h

Local: Instituto Çarê

End.: Rua Doutor Avelino Chaves, 138 - Vila Leopoldina, São Paulo/SP

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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