Raquel Virginia conta tudo sobre sua carreira, representatividade trans e conquistas na música
Máxima
Raquel Virginia é uma verdadeira estrela! A cantora e compositora paulistana, nascida na periferia de São Paulo, segue sua carreira solo após brilhar no grupo As Baías.
No Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado nesse dia 29, a artista bateu um papo exclusivo com a Máxima Digital e contou detalhes de sua carreira.
MÁXIMA DIGITAL: Como começou sua carreira?
RAQUEL VIRGINIA: "Eu sempre tive certeza de que queria ser artista. Já a música é uma consciência mais tardia. Inspirada por Ivete e Gal, eu decidi ir morar em Salvador para dar início a minha carreira musical. Eu sonhava em agitar multidões, assim como ela (Ivete). Depois, sem muito sucesso em Salvador, decidi retornar a São Paulo e fui cursar história na USP. Lá, eu conheci a Assucena e o Rafael e, juntos, criamos a banda ‘As Bahias e a Cozinha Mineira’. E aí, as coisas começaram a dar certo."
MÁXIMA: Como é ser uma mulher trans na música? Muitos preconceitos enfrentados diariamente?
RAQUEL: "Infelizmente, os corpos trans sofrem preconceito em todos os espaços, não apenas na música. Minha trajetória até aqui é de muita batalha. As portas resistem a se abrir, mas aos poucos, com muita luta, trabalho duro e inteligência, vou conquistando meu espaço e fico feliz em ver todas as outras mulheres trans furando bolhas.".
MÁXIMA: Qual sua maior conquista e qual foi seu maior desafio?
RAQUEL: "Os desafios são muitos e, por isso, fica muito difícil, talvez, impossível, pontuar apenas um. Acredito que minha maior conquista é poder acordar e ir à luta pelos meus sonhos, direitos e poder usar minha arte e também minha empresa, a Nhai!, para promover transformações sociais.".
MÁXIMA: Qual a importância de darmos visibilidade para artistas trans?
RAQUEL: "É fundamental que os veículos de comunicação, as marcas, a mídia no geral dê espaço para nós, artistas trans. Eu, por exemplo, consegui acessar lugares que outras pessoas trans ainda não conseguiram e até imaginavam que não era possível, pelo simples fato de ser trans. Estamos falando de representatividade. E, ela precisa acontecer na televisão, na política, nos filmes, no jornalismo, nos cargos de maior poder e prestígio social."
MÁXIMA: Qual seu maior sonho?
RAQUEL: "Sonho em ver uma abundância de projetos e ações que promovam o debate, o ensino pedagógico e, de fato, integrem pessoas trans, pretas, enfim, grupos marginalizados na sociedade. Para que uma sociedade verdadeiramente sadia exista, é necessário que pessoas dessas diferentes comunidades estejam em todos os espaços, de forma proporcional, ocupando cargos de liderança, de prestígio, sendo respeitados, e, claro, em segurança."
MÁXIMA: Quais os planos futuros? O que podemos esperar para 2022?
RAQUEL: "Muitos planos e quero que 2022 seja um ano grandioso. Mas, não posso falar muito ainda, não (risos). O que posso adiantar é que estou focada nos negócios. É indescritível a sensação que sinto ao ver a Nhai! ganhando forma e fazendo a diferença na vida das pessoas que passam por ela. Além disso, estou aproveitando para estudar, pesquisar, visitar museus e fazer coisas que vão me enriquecer artisticamente. Quero fazer as coisas bem amarradas, com conceito, e isso exige tempo e muito estudo."