Dalton Vigh se reinventa na pandemia e vive experiência de espetáculo sem público: Temos que nos adaptar
Contigo!
Aos 56 anos e dono de uma carreira vitoriosa e longeva, o ator Dalton Vigh se viu no meio de grandes desafios desde que o mundo parou. Durante a pandemia de Covid-19, ele se reinventou, adiou projetos e enfrentou uma série de obstáculos que ele nem sequer imaginava.
Recebendo o carinho dos fãs que acompanham suas aparições em reprises (só neste período foram três), o galã conversa com CONTIGO! sobre a vida familiar ao lado dos herdeiros e conta como foi se apresentar com um texto do russo Tchekov em uma apresentação online sem a presença do público.
Para ele, é difícil imaginar como o mundo será após a vacinação completa da população.
Dalton, você tem uma carreira longa e com experiências múltiplas. Nesse último ano, você viveu algo inédito, esse impedimento de estar em atividade, gravando, atuando... como você tem lidado com essa retomada lenta? Foi importante esse período ao lado da família?
Costumo dizer que a gente dança conforme a música, ou seja, temos que nos adaptar ao ambiente e às condições. Claro que a pandemia atrapalhou muitos planos de trabalhos, mas sem dúvida, o tempo que tenho tido ao lado da minha família tem sido precioso.
Recentemente, você se apresentou com o Grupo TAPA encenando um texto do Tchekhov. Como foi fazer essa apresentação sem público, só para quem estava em casa? Você pode detalhar essa experiência?
Foi uma experiência muito interessante e temos planos de fazer outro texto também do Tchekhov, mas é diferente de fazer teatro e também de fazer TV. A plateia faz uma falta tremenda quando se apresenta uma comédia, então nosso "termômetro" foi a própria equipe que fez o possível para segurar o riso e não interferir na captação de áudio. Acredito que essa nova forma de apresentação se assemelhe ao que era o antigo Teleteatro, sucesso na televisão nas décadas de 50/60.
Muito se fala do "novo normal", ou seja, de como a gente terá que se acostumar a uma nova dinâmica pós-pandemia. Como você acredita que serão os próximos meses desse processo de retomada para a classe artística?
Gostaria muito de poder dar uma resposta clara e precisa, mas eu realmente não tenho ideia (risos)
Depois de um ano e dois meses com grande parte das produções paralisadas, a gente ainda vê um incentivo muito tímido do setor artístico, que no Brasil sempre empregou muita gente. O que você acredita que precisa ser feito nesse momento? Que tipo de ações o poder público deveria se envolver?
Acho que o que deveria ser feito nesse momento é o que deveria estar sendo feito há muitos anos, acredito que a crise que a cultura nesse país vive é antiga e deveria e poderia ser resolvida através da educação e do ensino. O contato com as artes e os esportes deveria ser acessível a todos estudantes da rede pública, e não só da rede particular, assim poderíamos "formar" um público que tenha o costume de apreciar, não só o teatro e o cinema, mas também a música e o balé clássicos e contemporâneos. Além de fomentar o interesse em prestigiar outras modalidades esportivas além do futebol.
Por fim, nesses últimos meses o público mata a saudade dos seus atores favoritos graças às reprises, às produções para o streaming... e você esteve em algumas dessas produções (O Clone, Fina Estampa, A Divisão, além, é claro, de As Aventuras de Poliana). Como foi esse processo? Você sentiu o carinho do público? Reviu seus trabalhos?
Assisti algumas vezes, mas não consegui acompanhar. Costumo dizer que rever trabalhos antigos é uma viagem no "túnel do tempo", pois é possível apenas assistir sem o olhar crítico de quando foram exibidos pela primeira vez, e é muito curioso perceber a resposta do público que reage e cumprimenta da mesma forma como se fossem trabalhos inéditos