Escritora norueguesa lança romance sobre a sobrecarga feminina
Aventuras Na História
Recém-lançado no Brasil pela editora Rua do Sabão, o novo romance ‘Raiva’, da escritora norueguesa Monica Isakstuen, apresenta uma reflexão profunda sobre a sobrecarga feminina diante dos desafios da maternidade e do casamento.
Com obras publicadas em diferentes idiomas, a renomada autora já foi contemplada com o prêmio Brage, concedido pela fundação Norwegian Book Prize. Já ‘Raiva’ é seu primeiro romance publicado no Brasil.
“Já dizia o ditado africano: é preciso uma aldeia para criar uma criança. E quando essa aldeia não existe? E quando uma mulher precisa cuidar sozinha de três filhos pequenos, um animal de estimação e uma casa? Já sabemos como isso funciona em um país com pouca assistência social e um regime de divisão de tarefas desequilibrado pelo machismo. Aqui temos a oportunidade de conhecer essa realidade em outro contexto, ainda que a norueguesa Isakstuen não situe geograficamente a sua narrativa, nem dê nome aos seus personagens. O que só aponta a universalidade pulsante da obra: ser mãe é uma experiência extrema em qualquer lugar”, analisou Giovana Madalosso, autora de ‘Suíte Tóquio’.
A partir de uma prosa original, a autora de ‘Raiva’ explora percepções diferentes sobre a sobrecarga feminina. Ao longo das páginas, os leitores irão se deparar com uma protagonista repleta de dilemas pessoais e transformadores sobre o seu papel no mundo.
“Em meio a tarefas banais como limpar a casa, pôr os filhos para dormir, ir ao psicólogo ou mesmo pescar um cocô da banheira, crescem as sombras desse romance. Gestos que apontam uma mãe exausta, à beira de perder o controle e explodir em violência. Sua raiva, que parece absurda no começo, logo mostra-se legítima, à medida que vamos conhecendo as situações nada extraordinárias (e por isso mesmo tão desconcertantes) que a levaram até ali. O que se passa entre ela e seus filhos para que os vizinhos se preocupem com eles? O que acontece além do que ela nos permite saber? A curiosidade faz as páginas voarem. A voz da narradora também: ágil, sem firulas, juntando palavras como se juntasse os objetos largados na bagunça da sala, pegando só o que é mais urgente, necessário para viver”, disse Giovana Madalosso.
Além disso, a partir de uma escrita envolvente e que aproxima o leitor da história, a autora apresenta momentos sombrios, engraçados, urgentes e oportunos.
“Mesmo com tantos romances se propondo a desmistificar a maternidade, este se destaca pela sua coragem. Nessa mulher sem nome, encontramos um espelho e temos enfim que aceitar: não existe amor que não traga consigo uma parcela de ódio”, concluiu a autora de ‘Suíte Tóquio’.
Traduzido por Leonardo Pinto Silva, este romance encontra-se disponível na Amazon, em formato Kindle e capa comum.