Após final de “Salve-se quem puder”, diretor artístico fala sobre adaptabilidade e improvisos em gravações durante a pandemia
Máxima
A atriz e apresentadora Monique Curi recebeu em seu canal no YouTube o diretor artístico de Salve-se Quem Puder, Fred Mayrink para um bate-papo revelador.
Amigos de longa data, o diretor usou o espaço de Monique para falar sobre adaptabilidade e todos os desafios que envolveram a retomada das gravações durante a pandemia.
“Tinha uma cena que era um baile funk. Só que a gente estava gravando com protocolos bastante rígidos. Eu li a cena, e as pessoas me perguntavam como eu iria fazer, tinha direito a dez figurantes, para uma cena que normalmente usaria pelo menos 300 pessoas”, relembrou o diretor artístico da novela.
Ele contou que se jogou de cabeça no desafio: "Foi uma experiência muito interessante, porque eu adoro desafio! Adoro esse lugar que me coloca na parede e me dispara um gatilho de reação, de criatividade, que me obriga a encontrar uma saída. E a novela agora foi isso”.
No programa Jeito de Ser Por Monique Curi, Fred falou sobre a criatividade que precisou ter para solucionar a problemática da cena, sem que o público percebesse todo o improvido.
“Eu pensei e dei uma solução para isso. Pensei: vamos colocar um paredão de led no estúdio e buscar no banco de imagens pessoas dançando. Comprei essas imagens, coloquei no telão do estúdio, meus dez figurantes na frente, mandei soltar lá o vídeo e ia gravando. Parecia que tinham 500 pessoas naquele lugar, porque o fundo era desfocado e você só via fumaça. Você olhava pela televisão e parecia que ela estava entrando num baile funk lotado, e, na verdade, só tinham dez pessoas ali”, contou.
O diretor artístico revelou que esse não foi o primeiro desafio enfrentado. Ele disse que, em 2007, também precisou usar toda a sua capacidade adaptabilidade e transformação para dar sequência às gravações da novela Sete Pecados, também dirigida por ele.
“Eu fui para Bariloche gravar 'Sete Pecados' para gravar na neve, e não tinha neve. E a gente ficou se perguntando como iríamos gravar aquilo. O elenco lá, todo mundo pronto, e de repente, dois dias depois, uma nevasca com ventos de 80km e ninguém conseguia sair do hotel. Eu precisava ter imagens da Elizabeth Savalla, o Reynaldo Gianecchini, a Priscilla Fantin esquiando e não tinha mais tempo para isso, porque tinha muitas cenas ainda para gravar e não conseguiria fazer o que chamamos de stock shot, que são os atores na paisagem, normalmente a gente usa até dublê para fazer”, contou.
E continuou: “Eu tive a ideia de procurar uma pessoa que já tivesse gravado as temporadas de Sr. Catedral. E descobri um homem lá que tinha muita imagem. Fui para a casa dele a noite e fiquei até quatro da manhã correndo fitas, e de repente eu vi uma pessoa, que já tinha aparecido algumas coisas, e achei que poderia ser o dublê do Gianecchini. Daqui a pouco uma senhora, que poderia ser a Elizabeth e por aí vai. E para fechar o pacote dessa loucura criativa, eu perguntei se o pessoal do vídeo ainda tinha aquelas roupas, e decidi as comprar e coloquei no meu elenco. Com isso eu resolvi um problema que eu tinha ali”.
Fred disse que, com base em todas as suas experiências, aos longos dos 25 anos na Rede Globo, vem usando o tema de adaptabilidade e transformação também em palestras, projeto que vem se dedicando em paralelo ao trabalho como diretor.
“Esses são dois tema, que ainda que a gente não perceba, faz parte da vida de todo mundo. A gente vive esses temas todos os dias. Para construir a nossa família, nossa carreira, ir atrás dos nossos sonhos, construir a nossa família... o tempo todo a gente está se adaptando e se transformando”, finalizou.