Duna: lento, grandioso e a redenção de Dennis Villenueve
Tecmundo
Ter filmes como A Chegada, Sicario, O Homem Duplicado e Incêndios — este último menos conhecido, mas de longe, um dos melhores da filmografia — no currículo não foi suficiente para livrar o diretor Dennis Villenueve das duras críticas após o lançamento de Blade Runner 2049 (2017).
Bom, não é para menos, considerando que o próprio afirmou no podcast Happy Sad Confused que, ao fazer o filme, "estava flertando com um desastre". Após o fracasso com a crítica, Villeneuve pensou até em desistir da carreira, mas ainda bem que não.
Seu novo filme Duna estreia amanhã (21) nos cinemas brasileiros e é considerado por muitos o título mais aguardado do ano. A ficção científica se passa em um futuro distante em que a humanidade já conseguiu colonizar outros planetas. Um deles é Atreides, onde vive Paul (Timothée Chalamet), um jovem que possui dons raros e, no planeta mais hostil do universo, precisa encontrar uma forma de garantir o futuro de seu povo.
A narrativa, ainda que se desdobre lentamente sobre a tela, em momento algum deixa de construir a atmosfera grandiosa do filme. Ao longo das 2h40, é perceptível que Villenueve usou esta primeira parte para situar o espectador na trama — que não é pouca coisa — e desenvolver o personagem principal. Assim, não espere ver os três atos da “jornada do herói” logo neste primeiro momento da franquia.
Para isso acontecer, é claro, foram necessárias cenas recheadas de diálogos e com menos ação, o que pode ser considerado um ponto negativo para os fãs de tramas aceleradas (alô, admiradores de Michael Bay). Ainda assim, o filme entrega bons e tensos momentos com explosões e vermes gigantes querendo uma casquinha dos personagens.
Para acompanhar a história, o elenco conta com atores e atrizes de peso, incluindo Zendaya, Oscar Isaac, Javier Bardem, Rebeca Fergunson e Stellan Skarsgard. Os nomes mantêm o ritmo necessário, mas não surpreendem, uma vez que Jason Mamoa e Dave Bautista novamente cumprem papéis dos “guardas fortões que não morrem nem com a lâmina mais afiada” dos exércitos, e Zendaya, por outro lado, aparece em poucos minutos de filme.
Reprodução/Warner Bros.
É claro que a trilha sonora encabeçada por Hans Zimmer é um dos grandes destaques da produção. Já conhecido por seu trabalho em filmes como Interestelar (2014) e na trilogia Batman: Cavaleiro das Trevas (2008), o compositor consegue criar uma atmosfera distópica que casa perfeitamente com o andamento da trama. Não é para menos, já que, para compor a trilha sonora do filme, ele criou instrumentos próprios com o objetivo de fazer "as músicas parecerem de outro mundo".
Um prato cheio — ou quase transbordando — para os fãs de ficção científica, Duna consegue abordar vida intergaláctica, política, vermes gigantes e até bruxaria primorosamente, sem parecer risível ao longo das quase três horas.
Uma coisa é certeza: após o fracasso de Blade Runner 2049, Duna será a redenção de Dennis Villenueve.