Do crânio ao osso do pé: As relíquias de Maria Madalena
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Conhecida por acompanhar Jesus, testemunhar sua crucificação e ressurreição, Maria Madalena foi uma importante figura mencionada nos evangelhos canônicos da Bíblia. No entanto, há dois mil anos sua identidade é alvo de debate.
Diferentes interpretações a retrataram como uma mulher piedosa ou até mesmo como a esposa de Jesus. Outras chegaram a associá-la erroneamente a uma prostituta.
No entanto, as dúvidas que envolvem essa personalidade bíblica não param por aí. Supostas relíquias, que incluem um crânio, um osso do pé, um dente e uma mão, também são objetos de debate. Confira, a seguir, detalhes sobre o tema.
Maria de Magdala
O epíteto "Madalena" sugere que essa mulher, discípula de Jesus, e que o apoiava "com seus recursos", era oriunda da cidade pesqueira de Magdala, situada na costa oeste do Mar da Galileia, na Judeia romana.
O portal History Hit destaca que documentos evangélicos ressaltam que Madalena foi a primeira testemunha da ressurreição do Salvador, sendo também a primeira a pregar as "boas novas" desse milagre.
De acordo com a fonte, antigos textos cristãos sugerem que sua posição como apóstola rivalizava com a de Pedro, levando alguns a especularem sobre um relacionamento íntimo com Jesus, até mesmo sugerindo que ela poderia ter sido sua esposa.
Confusão do papa
Mais tarde, no ano 591 d.C., uma confusão promovida pelo papa Gregório I associou Maria Madalena erroneamente a Maria de Betânia e a uma segunda figura feminina — uma mulher pecadora que teria ungido os pés de Jesus com óleos — resultando na crença generalizada de que ela era uma trabalhadora do sexo ou mulher promíscua.
Muito tempo depois, já durante a Contrarreforma, a Igreja Católica a renomeou como símbolo de penitência. Foi somente em 1969, porém, que a instituição religiosa removeu essa identificação errônea. Até agora, contudo, persiste uma reputação de arrependimento por sua suposta vida anterior.
O que diz a tradição
Segundo a tradição da Igreja, Maria, seu irmão Lázaro e Maximino fugiram da Terra Santa após a execução de São Tiago em Jerusalém, chegando à França em Saintes-Maries-de-la-Mer. Lá, a discípula realizou pregações e conversões. Ela preferiu a solidão nos últimos 30 anos de vida, vivendo em uma caverna nas montanhas de Saint-Baume.
Os relatos sobre seu fim de vida, entretanto, variam, com algumas tradições orientais afirmando que ela acompanhou São João Evangelista a Éfeso, enquanto outra tradição relata sua morte na Via Aurélia, em Saint-Maxim.
O crânio de Maria
As relíquias atribuídas a Maria Madalena, como seu crânio, osso do pé e mão esquerda, são preservadas em diferentes igrejas católicas situadas na França e na Itália.
O crânio, considerado uma relíquia preciosa, permanece em uma caixa lacrada na Igreja de Saint-Maximin-la-Sainte-Baume, embora análises em 1974 não tenham fornecido conclusões definitivas sobre sua autenticidade.
Na época, os cientistas apontaram que o crânio pertenceria a uma mulher que viveu no século 1 e que teria morrido com cerca de 50 anos. Além disso, constataram que ela tinha cabelos castanhos escuros e não era originária do Sul da França.
Na mesma igreja está em exibição o 'noli me tangere', um pedaço de carne e pele da testa de Madalena que se diz ter sido tocado por Jesus quando eles se encontraram no jardim após a ressurreição do messias.
Outras relíquias
Um osso do pé, alegadamente do primeiro pé a entrar no túmulo de Jesus após sua ressurreição, é preservado na basílica de San Giovanni dei Fiorentini, na Itália. Além disso, no Mosteiro Simonopetra, no Monte Atos, é afirmado que a mão esquerda de Maria Madalena é uma relíquia incorruptível, a qual exalaria uma fragrância encantadora e à qual são atribuídos vários milagres.
Além dessas relíquias, também existe um dente que se acredita ter pertencido à discípula e que se encontra atualmente em Nova York, no Museu Metropolitano de Arte.