China pede que exportadores de carnes desinfetem cargas para evitar Covid-19
Reuters Brasil
Por Jacob Gronholt-Pedersen e Shivani Singh
PEQUIM (Reuters) - Os importadores e processadores de carne da China pediram aos exportadores em países com surtos de Covid-19 que intensifiquem verificações nos embarques antes de os carregamentos serem enviados ao maior mercado do mundo, disse o principal grupo industrial do país.
"A China tem importado uma grande quantidade de carnes neste ano e detectou vírus nas embalagens de produtos da cadeia de frio muitas vezes, mesmo com muita desinfecção sendo feita internamente", disse Gao Guan, porta-voz da China Meat Association, por telefone na terça-feira.
"Deveria ser melhor lidar com isso (controle de vírus) nas origens exportadoras de carnes, e fazer a desinfecção nas unidades de produção", pois o custo seria menor e a eficiência, maior, acrescentou Gao.
A China acelerou a desinfecção e os testes de vírus em alimentos congelados depois que encontrou o coronavírus em produtos e embalagens importados.
As medidas aumentaram os custos, interromperam o comércio e irritaram os principais exportadores.
O órgão da indústria sugeriu que os exportadores dos países atingidos pela Covid-19 deveriam desinfetar a embalagem externa dos produtos e a parte interna dos contêineres antes de lacrar os produtos de exportação, disse um comunicado. A iniciativa foi proposta para "garantir a segurança dos alimentos importados da cadeia de frio e aumentar a confiança dos consumidores nos produtos importados da cadeia de frio", diz o comunicado.
A proposta surgiu após alguns grandes exportadores, como a JBS, começarem a tomar medidas, incluindo ampla desinfecção de produtos e locais de armazenamento, para abastecer a China com produtos seguros, disse Gao.
Uma fonte ligada aos exportadores de carnes do Brasil disse em condição de anonimato que o processo de desinfecção começou em março, por fumigação. Recentemente, o Brasil recebeu um alerta dos chineses para intensificar a desinfecção, com um guia de orientações, disse a fonte.
Procurada, a JBS disse à Reuters que desde julho implementou medidas sanitárias complementares às exportações da Friboi (carne bovina) e da Seara (aves e suínos), buscando alinhar-se a práticas adotadas internamente pelas autoridades chinesas.
"Além disso, a cada embarque de produtos para a China, o interior dos contêineres é sanitizado antes e depois do carregamento", afirmou a companhia em nota. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), não há evidências de que a Covid-19 seja transmitida para pessoas por meio de alimentos ou embalagens.
Ainda assim, as autoridades chinesas afirmam que há risco de contaminação, mesmo que baixo. "O vírus é novo. Ainda estamos acumulando experiência ao lutar contra ele", disse Gao. "Devemos nos reunir e discutir como usar a maneira mais científica, eficiente e de baixo custo para garantir a saúde pública e o comércio ao mesmo tempo", acrescentou Gao.
(Reportagem adicional de Jacob Gronholt-Pedersen e Nayara Figueiredo)