Assim como caso da viúva de Erasmo Carlos, entenda etapas do luto e como superá-lo
Anamaria
A pedagoga Fernanda Esteves, viúva de Erasmo Carlos, que morreu no último dia 22, aos 81 anos, preocupou os fãs do cantor há alguns dias, quando revelou estar deixando de fazer a sua higiene pessoal, por não querer “limpar” o que restava do amor de sua vida em seu corpo. Ela só conseguiu fazer isso três dias depois:
"Tomei baaanho! Pretinho, todos os dias quando eu tomava banho gritava ainda do banheiro: tomei baaaanho! E você respondia: obaaa! Terminava o ritual e vinha te encontrar na nossa cama, eu mal me sentava e você dizia: cadê o cheirinho? Eu chegava o pescoço e os cabelos perto do seu nariz e você se afogava em mim, dando gritinhos como quem sufoca… depois fingia tremer um pouquinho e fazia um comentário sobre o cheiro do dia", contou na legenda da publicação.
"Agora, quando o banho era seu, eu não precisava perguntar cadê o cheirinho, você já vinha logo se aninhando e entregando o cangote. Ah, amor, talvez minha falta de banho tivesse relação com isso, estava com medo! Hoje precisei tomar banho, saí e gritei… você não respondeu. Você deu o cheirinho, amor? Embora você não tivesse pedido, o pescoço estava ali."
FASES
Enquanto algumas pessoas demonstram um pouco mais de facilidade para entender e superar a morte de pessoas queridas, outras têm uma dificuldade muito maior para lidar com essa situação, extremamente delicada. É o processo de luto, que acontece quando esse vínculo é rompido de forma abrupta.
E essa jornada tem 5 fases, explica o psiquiatra Henrique Bottura, diretor clínico do Instituto de Psiquiatria Paulista. A primeira delas é a negação, algo que pode durar dias ou anos. "Um dos sintomas é manter hábitos que eram comuns antes da morte da pessoa amada", ressalta o especialista. No caso da viúva de Erasmo, se negar a escovar os dentes para “evitar que o último beijo escoe pelo ralo” é um indicativo de que ela poderia estar vivendo essa fase.
Após a negação, raiva e barganha são as duas fases seguintes citadas pelo médico. Vale lembrar que, em um dos textos de desabafo postados por Fernanda, ela diz que “tem que doer” e assume estar irritada. Após a quarta fase, chamada depressão, enfim, chega a aceitação.
COMO AJUDAR?
Mas quanto tempo demora todo esse processo? O que uma “pessoa de fora” pode fazer para ajudar a chegar na aceitação? Para Bottura, a duração pode variar de caso em caso.
Ele também aponta o acolhimento e a proteção como duas das atividades essenciais para uma “pessoa de fora” facilitar o processo de luto vivido por um familiar ou amigo.
Além disso, sugere procurar entender a dor do outro e evitar fazer comentários negativos, algo fundamental para esse auxílio ao outro. Em casos mais graves, porém, o médico indica procurar o auxílio de profissionais capacitados e tratamento terapêutico.