Davi desabafa sobre racismo e sonho de virar doutor; entenda por que apenas 3% dos médicos são pretos no Brasil
Anamaria
Davi, participante do BBB 24, abriu o coração ao compartilhar os obstáculos que enfrenta como jovem negro e de baixa renda que sonha em cursar Medicina. Seu desabafo ressalta uma realidade marcada pela desigualdade racial no acesso à educação superior no Brasil, onde apenas 3% dos médicos são pretos, de acordo com o Conselho Federal de Medicina.
Para Davi, o sonho de cursar Medicina representa não apenas a realização pessoal, mas também a oportunidade de romper barreiras e inspirar outros jovens como ele. Em seu desabafo, ele destacou as dificuldades enfrentadas diariamente, desde o olhar discriminatório até a falta de recursos financeiros para custear os estudos.
"Virar doutor vai ser um sonho de infância. Só de pensar que vou chegar na faculdade com o carro, parar meu carro no estacionamento e ir pra faculdade estudar tranquilo, só focar em estudar e voltar pra casa... Focar nos estudos assim e dar orgulho pra minha mãe. Um jovem que nem a gente que é preto, pobre, a gente não tinha dinheiro...", iniciou ele.
"Andava com uma roupa meio assim e já ficavam olhando. É fod* chegar um topo desses aqui. Por mais que falem que o público gosta de você, a gente sabe que existe racismo! Tem pessoas, sim, que ainda hoje tem essa forma de olhar diferente para as pessoas que são pretas, que não têm muitas condições. É complicado!", desabafou o motorista de aplicativo.
QUANTOS MÉDICOS NEGROS SE FORMAM NO BRASIL?
O relato de Davi ressalta a importância de ampliar o acesso à educação de qualidade e combater o racismo estrutural que permeia a sociedade brasileira. Um levantamento de Demografia Médica do Brasil, divulgado em 2020, revelou que apenas 3,4% dos concluintes de medicina em 2019 se autodeclararam negros. Enquanto isso, 24,3% se declararam pardos e 67,1% se declararam brancos.
Esses números evidenciam a falta de representatividade e os obstáculos enfrentados por jovens negros que almejam seguir carreira na área médica. Nesse contexto, as cotas raciais têm sido uma estratégia adotada por diversas universidades brasileiras como forma de reduzir as discrepâncias socioeconômicas e raciais no acesso ao ensino superior.
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A IMPORTÂNCIA DAS COTAS RACIAIS
Essa política de ação afirmativa reserva vagas para estudantes autodeclarados pretos, pardos e indígenas, garantindo assim uma maior representatividade étnico-racial nas universidades. Na área médica, a implementação das cotas é fundamental para ampliar o acesso de jovens negros à formação profissional.
Muitos desses estudantes enfrentam barreiras socioeconômicas e educacionais que dificultam sua inserção no ensino superior, e as cotas se mostram uma ferramenta eficaz para mitigar tais obstáculos. Além de promover a inclusão, as cotas raciais na área médica contribuem para a construção de uma saúde mais equitativa e sensível às necessidades da população.
A presença de profissionais de diferentes origens étnico-raciais permite uma maior identificação e empatia com os pacientes, melhorando assim a qualidade do atendimento prestado. É importante ressaltar que as cotas raciais não representam um privilégio, mas sim uma medida de reparação histórica diante dos séculos de exclusão e discriminação enfrentados pela população negra no Brasil.
Ao garantir o acesso de jovens negros à educação superior, as cotas contribuem para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Portanto, a importância dessa política na área médica vai além da simples questão de acesso à universidade. Elas representam um compromisso com a promoção da igualdade de oportunidades e com a construção de um sistema de saúde mais inclusivo e eficiente.
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