Enfrentando manifestações há 3 meses, Irã anuncia fim da polícia da moralidade
Anamaria
O Irã vem enfrentando manifestações há cerca de três meses, em protesto à morte da jovem de 22 anos Mahsa Amini, que morreu nas mãos da chamada Polícia da Moralidade, após ser presa por usar o véu de forma considerada errada, em setembro deste ano.
Apesar da violenta repressão do governo, os manifestantes não demonstram intenção de recuar, e conquistaram sua primeira vitória no último sábado (3). O procurador-geral do país, Hojatolislam Mohammad Jafar Montazari, anunciou o fim da atuação da polícia moral. "As mesmas pessoas que criaram a polícia da moralidade a desmantelaram", disse o político.
Além disso, o Ministério do Interior iraniano informou que a computação de mortes em decorrência dos protestos somam mais de 300, entre membros das forças de segurança, manifestantes, além de membros de grupos armados qualificados como contra revolucionários. A ONU já havia pedido o fim do uso desproporcional de força contra os civis, e das execuções promovidas pelo governo.
REAVALIAÇÃO DA LEI DO VÉU
O procurador-geral também anunciou a reavaliação da obrigatoriedade do véu islâmico por parte do parlamento e do órgão liderado pelo presidente Ebrahim Raissi. O resultado da deliberação será divulgado em 15 dias, no entanto, não foi especificado em que sentido o texto será alterado.
Desde o começo das manifestações, a quantidade de mulheres e jovens aparecendo publicamente sem o véu, e até mesmo vestindo calças e jaquetas, sem serem abordadas pela polícia, vem crescendo cada vez mais. O que também pareceu assustar o governo foi a convocação de mais uma greve, programada para a próxima segunda-feira (5), através das redes sociais e grupos de protestantes.
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