Terapia de vidas passadas: descubra como funciona a regressão
Anamaria
Muita gente torce o nariz quando escuta falar de regressão. O que acarreta a polêmica sobre a terapia de regressão de memória é sua associação com “vidas passadas”. Isso costuma causar um embate com a crença religiosa de muitas pessoas, mas saiba que essa é uma técnica psicoterapêutica que pode trazer mudanças significativas na vida pessoal, social ou profissional. Centenas de relatos atestam seus efeitos terapêuticos, porém os céticos continuam questionando a credibilidade da técnica.
Regressão de memória e de vidas passadas
Para entender a regressão de vidas passadas, é preciso conhecer o que é regressão e quais são as suas vertentes. Na verdade, há uma diferença entre regressão de memória e regressão a vidas passadas. O primeiro tipo te leva a relembrar ou “reviver” momentos do passado. Estas informações fornecidas pelo subconsciente podem ser recentes, da infância ou até de antes do seu nascimento (ainda no útero). No segundo caso, acessaríamos as memórias de outras existências.
Regressão por meio da hipnose
Esta abordagem não está vinculada a práticas religiosas ou semelhantes, tampouco é uma nova perspectiva. Afinal, um dos seus primeiros investigadores foi Albert de Rochas – que, de 1892 a 1910, estudou e relatou, com detalhes, 19 casos de recordações de vivências passadas com a utilização da hipnose.
Afinal, lembranças de outras vidas podem ocorrer?
Durante uma sessão, o paciente em estado de hipnose relata fatos e eventos que, comparados com sua história atual, são pouco prováveis de estarem relacionados à sua vida presente. A dissociação entre estas evocações de memórias de outras vidas e de memórias prováveis do paciente poderia sugerir memórias reais de outras vidas ou seriam falsas memórias?
Em 1967, o americano Morris Netherton, doutor em Psicologia, após repetidos sonhos, em que se via em uma embarcação naufragada, realizou uma sessão de regressão e conseguiu reviver essa mesma vida, em que morrera vítima de afogamento. Dessa forma, desenvolveu uma técnica para acessar experiências de memórias passadas, denominada terapia de vidas passadas.
Casos clínicos de regressão
Depois de Morris, outros autores continuaram os estudos, como Edith Fiore, Hans Tendam e Roger Woolger. Mas quem ficou muito famoso pela prática foi o psiquiatra norte-americano Brian Weiss, autor do best seller Muitas vidas, muitos mestres. No livro, ele relata inúmeros casos clínicos de regressão espontânea às vidas passadas que trouxeram cura imediata aos seus pacientes. Transformado por essa experiência, ele surpreendeu a comunidade científica ao publicar o livro demonstrando o potencial curativo da terapia de vidas passadas.
Benefícios da terapia de regressão
Acreditar ou não em vidas passadas, ou reencarnação, não altera em nada os benefícios que a terapia da regressão pode propiciar aos pacientes. Cabe ao indivíduo apenas querer ter acesso a essas informações tão bem guardadas em sua mente. A memória humana, diferentemente de um computador, não armazena os fatos tais como ocorreram, mas como são percebidos.
Após armazenamento dos fatos como memória, a cada acesso ou evocação daquela memória do fato, um novo detalhe pode ser incorporado à memória registrada, outros detalhes são excluídos e outros ressignificados. Dessa forma, ao acessarmos uma memória, criamos e recriamos as lembranças.
Porém, se você tem curiosidade em saber se foi Henrique VIII ou Cleópatra na vida passada, eu não recomendo que você invista tempo e dinheiro em uma sessão de regressão. Os fenômenos regressivos são terapêuticos quando trabalhados como metáforas de cura, e você não precisa voltar a uma vida passada para ter resultados.
Ressignificar uma experiência vivida pode ajudar na cura
Quando se fala em regressão, ou terapia de vidas passadas, a ideia é levar a atenção do paciente a um nível mais profundo de sua mente. Assim, ele poderá acessar fatos do passado e conseguir solucionar problemas, bloqueios e sofrimentos do presente.
Os estudos mostram que a técnica é recomendada para o tratamento de fobias, traumas, distúrbios do sono, problemas psicossomáticos, vícios, distúrbios sexuais, depressão e, até mesmo, dores crônicas. A eficácia da regressão varia de acordo com o paciente. No entanto, já existem pesquisas que evidenciam os resultados.
A ciência, na maioria das vezes, tem se esquivado de pesquisar assuntos tidos como da área da filosofia ou da religião, embora haja uma tendência à mudança. Não pretendo estabelecer nenhuma vinculação filosófica ou religiosa nesta abordagem, pois acredito que o fenômeno em questão não é em si desta ordem, mas, sim, um fenômeno natural, pertencente a uma lei natural, que necessita simplesmente ser pesquisado para maior esclarecimento dos processos que envolvem o ser humano.
Memórias de vidas passadas são pouco estudadas
As memórias evocadas em uma regressão a vidas passadas são ainda pouco estudadas e compreendidas. Sei que o que leva a ciência a avançar é o reconhecimento de nossas limitações, bem como o enfrentamento dos desafios. A incerteza é o que nos move. Buscamos, assim, um avanço na compreensão desse fenômeno, como um possível passo para resolução de mais um paradigma.
Bom, minha conclusão, como hipnoterapeuta, é: não importa se acredito ou não em vidas passadas, se meu paciente acredita que a causa de sua asma está ligada ao incêndio supostamente causado por Nero em Roma no século d.C., se ele puder se curar disso por meio de uma regressão espontânea à vida passada, então eu irei defender a prática para ele com unhas e dentes. Afinal, mais importante do que meu sistema de crenças em relação a uma técnica ou outra é o resultado do meu paciente. Você não acha?
Por Débora Diniz
Hipnoterapeuta formada pela OMNI Hypnosis Training Center. Débora Diniz utiliza essa ciência em suas consultas para auxiliar seus pacientes a encontrarem uma maneira saudável de controlar medos e comportamentos negativos. Foi pioneira na criação de um Serviço de Terapia Nutricional Parenteral e Enteral e na construção da primeira “sala limpa” para preparo destas nutrições em ambiente hospitalar do Brasil.