Um ano sem Elza: Cantora foi símbolo da luta contra violência doméstica
Anamaria
Um dos grandes ícones da música brasileira, a cantora Elza Soares completou um ano de morte nesta última sexta-feira (20). A artista, que faleceu aos 91 anos, era uma verdadeira defensora da luta pela igualdade de gênero e contra a violência doméstica.
Mesmo debilitada, nos últimos anos de vida Elza surpreendia ao exalar vitalidade em shows por todo o Brasil. No ano de 2016, por exemplo, ela se tornou destaque na indústria da música com o lançamento do álbum 'A Mulher do Fim do Mundo'. O projeto ficou marcado por terem letras fortes e que passavam uma mensagem clara sobre a batalha diária da mulher preta no Brasil.
"Cadê meu celular?/ Eu vou ligar pro 180/ Vou entregar teu nome/ Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim", cantava a artista em um trecho da música 'Maria da Vila Matilde'.
Em entrevista marcante dada à revista Quem, Elza falou sobre as novas canções, que provocaram a renovação de seu público. Segundo a cantora, ela sempre foi uma artista que estava à frente do seu tempo ao defender pautas políticas que envolviam as mulheres, LGBTs e a negritude.
"Pelo amor de Deus, isso precisa parar! Eu tenho um trabalho muito forte a favor das mulheres, da negritude e dos LGBTQ. A música dá mais esse grito para as mulheres", declarou.
Vítima de um casamento abusivo com o jogador Garrincha, a cantora lamentou o fato de mulheres ainda sofrerem com casos de violência. "As mulheres têm que denunciar. Esses dados são tristes. Fico muito chocada ao saber que, em 2016, ainda há esse tipo de agressão. Não é brincadeira. E a maior parte é sofrida pela mulher negra", declarou.
"A mulher tem que denunciar. Não existe mais isso de apanhar calada, pelo amor de Deus! A denúncia está aí, o 180 está aí, a boca está aí para gritar. Vamos gritar nas horas ruins e gemer só na hora boa!", disse a cantora.
Vendo seu trabalho sendo reconhecido depois de anos, Elza, que terminou a carreira como uma verdadeira diva da música popular brasileira, celebrou ter superado a rejeição que sofreu no início da carreira.
"Acho digno como me tratam. Sempre lutei para isso. E como mulher negra, me sinto muito bem com o que conquistei. Ainda falta muito, mas estou feliz. Temos muito chão para correr, mas estamos no caminho certo", afirmou.