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A história do fascinante quadro 'O Nascimento de Vênus'
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A história do fascinante quadro 'O Nascimento de Vênus'

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Aventuras Na História
16/05/2023 18h36
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Um dos períodos históricos que a humanidade mais presenciou o surgimento de impressionantes obras de arte é o conhecido como Renascimento (entre os séculos XIV e XVI). E de fato, pinturas como 'Mona Lisa', de Leonardo da Vinci, ou mesmo 'A Criação de Adão', que ocupa o teto da Capela Sistina pintado pelo quase divino Michelangelo Buonarroti são lembradas até hoje o tempo todo, já se tornando grandes marcos da época.

Foi inclusive algumas produções artísticas desse período que praticamente ditaram o novo imaginário coletivo sobre diversos símbolos. Afinal, quando se pensa no herói bíblico Davi, quem não se recorda da icônica e detalhada estátua de Michelangelo?

Uma característica muito forte do Renascimento é o resgate ao classicismo greco-romano, e por isso diversas de suas figuras, personagens e deuses são retratados no período. E unindo tudo isso, vê-se em meio a esse movimento artístico a pintura 'O Nascimento de Vênus', do italiano Sandro Botticelli.

'O Nascimento de Vênus', obra mais famosa de Sandro Botticelli
'O Nascimento de Vênus', obra mais famosa de Sandro Botticelli / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

Nascimento da deusa

Utilizando a técnica de têmpera sobre tela, o italiano Alessandro di Mariano di Vanni Filipepi — mais conhecido somente como Sandro Botticelli — criou, entre 1445 e 1446, 'O Nascimento de Vênus'. Não se sabe exatamente quem encomendou o quadro, visto que os pintores da época trabalhavam muito dessa forma, mas sabe-se que pertenceu aos irmãos e políticos Giovani e Lorenzo di Pierfrancesco de Medici, depois seus descendentes, até que foi comprada, em 1815, pela Galeria degli Uffizi, onde está até hoje.

A pintura retrata o fatídico momento de nascimento da deusa Venus (ou Afrodite, para os que preferem os nomes gregos), a divindade do amor e da beleza na tradição greco-romana. De acordo com o Info Escola, possivelmente Botticelli tomou como referência para a criação os versos dos poetas Homero e Ovídio, que narram o nascimento dessa importante figura.

De acordo com as lendas, Cronos (ou Saturno, para os romanos), deus do tempo e rei dos titãs, luta contra seu pai, Urano, o mata e, digna de qualquer lenda dramática e trágica grega, castra-o. Após isso, atira ao mar o pênis e os testículos de seu pai, que ali ejacula. E desse contato do sêmen de Urano com a espuma do mar, surgiu Afrodite (que, depois que adotada pelos romanos, também seria conhecida como Vênus). 

'A mutilação de Urano por Saturno', de Giorgio Vasari
'A mutilação de Urano por Saturno', de Giorgio Vasari / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

E o momento retratado por Botticelli em sua emblemática pintura é justamente o imediato após o surgimento de uma bela mulher da espuma das águas do mar: é possível apreciar Vênus emergindo das águas, saindo de uma concha, sendo empurrada para a margem pelo deus do vento Zéfiro, e recebendo de uma das deusas das estações um manto bordado de flores.

Belas imperfeições

Um diferencial entre 'O Nascimento de Vênus' e outras pinturas do Renascimento, que muitos poderiam associar como um problema na época, é o fato de não revelar o realismo clássico que Michelangelo, por exemplo, empregou em 'David'.

Seu pescoço é irrealisticamente comprido, enquanto seu ombro esquerdo se encontra em uma posição anatomicamente improvável; mas ainda assim, a representação da deusa da beleza é digna, e não deixa de ser bela.

Em Florença, onde Botticelli viveu toda sua vida, a beleza era considerada divina. E por causa disso, estranhamente a bela obra não foi do agrado de todos.

Autorretrato de Sandro Botticelli
Autorretrato de Sandro Botticelli / Crédito: Domínio Público via Wikimedia Commons

 

Paganismo

Uma das críticas mais fortes recebida pelo florentino foi devido ao seu forte efeito de paganismo. Pintada em uma época em que a maioria das produções artísticas envolvia temáticas cristãs, 'O Nascimento de Vênus' destoou de muitas outras produções, trazendo uma imagem bela — logo, divina — de um ícone pagão.

Felizmente, o quadro se safou de servir de combustível para as fogueiras do pregador dominicano Savonarola, que instigou a destruição de obras com "influências pagãs" entre 1494 e 1498.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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