A vez em que Napoleão Bonaparte escreveu um livro de romance
Aventuras Na História
Habilidoso estrategista militar e imperador, Napoleão Bonaparte marcou a História com seu projeto de expansão da França, marchando sobre muitos territórios, expulsando reis de seus tronos e estabelecendo o domínio francês através da Europa.
Itália, Alemanha, Bélgica, Áustria, Hungria, Dinamarca, Espanha e Portugal estiveram entre as nações que, em um momento ou outro da era napoleônica, estiveram de joelhos diante das tropas francesas.
A conquista militar, no entanto, não era o único interesse de Bonaparte. Isso pois a figura histórica também tinha um lado artístico: desde a juventude, ele era um ávido leitor e mostrava ainda uma grande inclinação para a escrita, tendo experimentado gêneros literários.
O autor por trás do imperador
Entre 1789 e 1793, período no qual o futuro imperador tinha entre 20 e 24 anos, produziu textos, desde histórias de ficção a dissertações sobre política, passando também por ensaios de filosofia.
Mais tarde na vida, é claro, ele teria menos tempo para escrever sobre temas tão amplos, ocupado que estava governando a França e tentando deixar a Europa aos seus pés. Os documentos históricos atribuídos a Napoleão a partir após essa época tem um teor mais objetivo, segundo revela o portal da Fundação Napoleon.
São incontáveis cartas, proclamações, leis, textos de propaganda ideológica e alguns artigos jornalísticos publicados pelos jornais estatais. Mais para o fim da vida, ele também inicia uma coletânea de memórias, embora tenha morrido antes de completá-la. O que se mantém constante é o volume.
Umas foram escritas de próprio punho, mas muitas foram ditadas para sua secretária, que, ainda de acordo com o site, teria dificuldade de acompanhar o ritmo dos pensamentos de Bonaparte. Outro dado que dá uma boa ideia do quanto o imperador relatava é que, entre 1794 e 1821 (que é o ano de sua morte), ele ditou - mais do que escreveu - diariamente e assinou por volta de 40.500 correspondências.
Um escritor
Sem dúvida, existem muitos textos historicamente relevantes deixados por Napoleão Bonaparte, mas esta matéria não é sobre eles, e sim sobre um de seus escritos de teor mais pessoal: "Clisson et Eugénie", o livro de romance que produziu aos 26 anos.
A trágica história de amor fala sobre Clisson, um soldado revolucionário que se apaixona perdidamente por uma moça chamada Eugénie, apenas para ter seu coração partido no final.
O casal se conhece em uma casa de banhos, e a princípio parece que irão viver seu "felizes para sempre" sem maiores problemas — eles se casam, vão viver no campo e têm vários filhos juntos. Então, a guerra retorna, e Clisson, embora já esteja aposentado da carreira militar, retoma o serviço devido aos seus ideais nacionalistas.
Neste período afastado de sua amada, ele acaba sendo ferido pelo inimigo, e decide enviar um amigo seu do front de batalha para tranquilizar Eugénie. Infelizmente, esse desdobramento leva seu casamento à ruína, dado que a esposa do protagonista acaba se apaixonando por esse segundo soldado e pára de responder às cartas do marido.
Desolado com essa situação, Clisson comete suicídio ao se deixar matar pelo exército adversário, mas não antes de escrever uma última mensagem para a parceira que o havia traído.
Curiosamente, existem muitos paralelos entre o romance escrito por Napoleão Bonaparte e seu próprio relacionamento da época, com a noiva Eugénie Désirée Clary.
Esse noivado seria posteriormente quebrado, ao que o francês se casou com Josefina de Beauharnais.