Acidente ou assassinato?Veja as teorias sobre a morte da Princesa Diana
Aventuras Na História
No próximo dia 16 de novembro, quinta-feira da próxima semana, estreia na Netflix a primeira parte da sexta e última temporada de The Crown. A trama apresenta um retrato ficcional da Família Real Britânica ao longo das últimas décadas.
Neste último ano da série, a narrativa mostrará os eventos ocorridos entre 1997 e 2005 — o que inclui o trágico acidente de carro que vitimou a princesa Diana; que morreu em 31 de agosto de 1997, aos 36 anos.
O episódio controverso dentro da realeza britânica gera, ainda hoje, grande debate, com inúmeras teorias conspiratórias em torno da tragédia envolvendo a Princesa do Povo; entenda!
+ 26 anos depois, parente da princesa Diana coloca fim em teoria da conspiração
O acidente
"Nada é melhor do que a morte de uma celebridade", esta frase foi eternizada por Richard Stolley, criador da Revista People, em um discurso sobre o que o mais atrai o público ao comprar uma revista impressa.
Em 31 de agosto de 1997, os paparazzi usaram mais do que nunca essa sentença como mantra em busca por cliques sobre o acidente que matou a princesa Diana, seu namorado e o motorista que conduzia a Mercedes S280.
Há 26 anos, o desastre chamou a atenção de todo mundo, que foi pego de surpresa não só pela fatalidade, mas também com todos os fatores envoltos que levantam até hoje dezenas de teorias conspiratórias sobre o falecimento de Lady Di. A que gerou mais debate entre elas foi a de que a Família Real teria sido responsável pelo imprevisto.
Afinal, meses antes, em 28 de agosto de 1996, Diana havia assinado o papel de divórcio com o então príncipe Charles (hoje rei) — embora os dois já estivessem separados desde 1992.
Após o fim da união, a Princesa do Povo havia engatado um namoro com Dodi Al-Fayed, empresário egípcio. Naquela época, surgiu a especulação de que Diana estaria grávida, o que não agradaria em nada a monarquia britânica (ponto que será explicado mais abaixo).
Além disso, a morte de Lady Di faria com que a futura vida amorosa de Charles fosse aceita com mais naturalidade pelos britânicos. Importante ressaltar que o então príncipe havia traído sua esposa com Camilla Parker Bowles — que hoje é rainha consorte do Reino Unido.
O fato é que às 0h18, daquele 31 de agosto, uma Mercedes S280, conduzida por Henri Paul, saiu do Hotel Ritz, em Paris levando Diana, Dodi e o guarda-costas Trevor Rees-Jones. O veículo tinha como destino o apartamento do empresário.
Para despistar os insaciáveis paparazzis, um veículo isca deixou o local primeiro para atrair alguns fotógrafos. A estratégia não funcionou e a maioria deles seguiu atrás do carro correto. Cerca de cinco minutos depois, o veículo entrou no Túnel Pont de l'Alma a 90 quilômetros por hora, bateu de leve na traseira de um Uno Branco e colidiu com uma pilastra.
O médico Frederic Mailliez, que passava pelo local, foi o primeiro a prestar atendimento. O empresário e o motorista estavam mortos; Trevor e Diana permaneceram inconscientes. Apesar de aparente estado estável, a eterna Princesa de Gales morreu às 4 horas da manhã no hospital Pitié-Salpêtrière. Assim começam as teorias!
Gravidez?
Um dos principais motivos apresentados para o suposto assassinato de Diana seria uma suposta gravidez da Princesa do Povo. A ideia não agradaria muito à Família Real Britânica, que não gostava nada da ideia de que a mãe de William e Harry teria um filho muçulmano; portanto, a criança seria um não-cristão, o que iria contra as tradições da monarquia.
Conforme recorda o The Guardian, a versão foi defendida por Mohamed Al-Fayed, pai de Dodi, que, em 2007 repetiu essa possibilidade durante um inquérito. Na visão de Al-Fayed, o príncipehaPhilip, pai de Crles; o próprio Charles; a irmã de Diana, Lady Sarah McCorquodale; e outras pessoas estariam envolvidos em uma conspiração para matar a princesa e seu futuro filho.
Sabe-se que, após a confirmação da morte de Diana, a equipe do hospital apressou o processo de embalsamento do corpo de Lady Di. O argumento usado pelas autoridades foi que o dia estava muito quente e o corpo não teria uma refrigeração ideal. Mas muitos acreditam que o procedimento foi feito para impedir exames que comprovariam a gravidez da princesa.
Entretanto, em 2004, em entrevista ao The Times, John Burton, ex-legista da Casa da Rainha, afirmou que compareceu no exame post-mortem de Lady Di no necrotério de Fulham, onde examinou pessoalmente seu útero e não constatou sinais de gravidez. O The Guardian também relatou que Robert Chapman, que realizou o exame post-mortem, também afirmou que o útero e os ovários de Diana não apresentavam sinais de gravidez.
O último ponto sobre isso é que Mohamed Al-Fayed só falou sobre o assunto pela primeira vez ao Daily Express em maio de 2001. "Se for verdade, é estranho que ele tenha mantido em sigilo esta informação importante por três anos e meio", apontou o juiz Scott Baker no inquérito.
O único sobrevivente
O guarda-costas Trevor Rees-Jones foi o único sobrevivente que estava na Mercedes. Conforme recorda o The New Zealand Herald, ele sofreu graves traumas cerebrais e torácicos; além de ficar 10 dias em coma e ter todos os ossos de seu rosto quebrado.
Para reconstruir sua face, os médicos cirurgiões tiveram que usar 150 peças de titânio e se basear em fotos antigas de Trevor. A parte de trás de seu crânio foi usada para refazer as maçãs de seu rosto.
Em 2000, o cirurgião Luc Chikhani deu uma entrevista à televisão falando que nunca tinha visto alguém ainda vivo após quebrar tantos ossos como o guarda-costas. "O rosto foi completamente esmagado, com muitas fraturas diferentes — foi incrivelmente esmagado".
O rosto estava completamente achatado. Tivemos que reconstruí-lo completamente. Os olhos estavam separados, o nariz estava quebrado e a mandíbula quebrada", apontou.
Trevor Rees-Jones, que era o passageiro do banco dianteiro, passou um mês no hospital e, inicialmente, não conseguia falar. Posteriormente, ele passou por diversos interrogatórios, mas afirmou que sua última lembrança era de ter entrado na Mercedes que o esperava em frente ao Hotel Ritz.
Rees-Jones também se lembrou de que a princesa havia chamado o nome de Dodi; que um Fiat Uno branco estavam os perseguindo; e que o motorista da Mercedes, Henri Paul, não estava visivelmente bêbado. Especulações apontam que o guarda-costas era o único a usar cinto de segurança, mas isso jamais foi confirmado.
"Eu queria saber o que aconteceu", disse pouco antes de publicar seu livro, The Bodyguard's Story, em 2000. "Eu queria saber o que aconteceu", recorda o Daily Mail.
Trevor também falou sobre algumas teorias da conspiração de que ele estaria encobrindo um plano do serviço de segurança do Reino Unido para matar Diana: "Sou a única pessoa que pode contar às pessoas de verdade e não consigo me lembrar".
Será tão fácil se eu me lembrar. Posso contar às pessoas e toda essa merda vai acabar", finalizou. Mas isso nunca aconteceu
Misterioso flash de luz
As investigações sobre a morte de Diana também chegaram a três testemunhas oculares que afirmaram ver um misterioso flash de luz momentos antes da colisão dos veículos (a Mercedes e o Fiat Uno branco).
Richard Tomlinson, jornalista e ex-membro do MI6 — serviço secreto britânico —, alegou no inquérito, as circunstâncias do acidente do Diana são idênticas a um plano da agência para matar o presidente da sérvia Slobodan Milosevic. Segundo ele, o clarão de luz seria uma arma capaz de cegar o motorista por alguns segundos.
Uma destas testemunhas era François Levistre, que afirmou com veemência ter visto o flash. Entretanto, conforme reporta o The Spectator, suas três declarações às autoridades entraram em conflito.
Outro ponto de descredibilização de Levistre é que, em 1997, ele havia sido condenado por desonestidade. Assim, ele não foi considerado uma testemunha confiável, aponta a BBC. Além do mais, outras testemunhas que viram o acidente também não fizeram referência aos flashes.
Carta premonitória
Conforme recorda o The Independent, dois anos antes da tragédia, Lady Di escreveu uma carta para seu mordomo dizendo ter receio que o Charles pudesse matá-la em um acidente de carro. A carta é legítima e a própria princesa acreditava que o incidente que matou seu segurança e amante Barry Mannakee, em 1987, havia sido forjado:
"Esta fase particular da minha vida é a mais perigosa — meu marido está planejando 'um acidente' no meu carro, falha nos freios e ferimentos graves na cabeça, a fim de tornar o caminho claro para ele se casar com Tiggy [Legge-Bourke, babá de William e Harry apontada como amante de Charles]".
Camilla não é nada além de chamariz, então estamos todos sendo usados pelo homem em todos os sentidos da palavra", escreveu Diana na carta.
Motorista bêbado
Como já dito, o guarda-costas Trevor Rees-Jones apontou que o motorista da Mercedes, Henri Paul, não estava visivelmente bêbado. Segundo a BBC, câmeras de segurança do Hotel Ritz também mostram o motorista amarrando o cadarço do sapato sem se desequilibrar.
Entretanto, exames de sangue feitos em Paul apontaram sinais de embriaguez. Conforme recorda o The Guardian, os testes mostraram que o motorista tinha um nível de álcool no sangue três vezes maior que o limite legal na França. Outro exame, utilizando o fluido vítreo do interior do olho, também constatou que o motorista tomava antidepressivos.
Embora seu comportamento aparente sóbrio contrastasse com os exames, o patologista forense Robert Forrest disse que um alcoólatra como Paul teria uma maior resistência ao álcool, além de ser capaz de demonstrar estar mais sóbrio do que realmente estava, escreveu Martyn Gregory em 'Diana: The Last Days'.
O Uno branco
Uma análise dos destroços da Mercedes constatou que o carro colidiu com um Fiat Uno branco — que deixou vestígios de tinta na carroceria do veículo. A polícia francesa tentou inúmeras e fracassadas vezes encontrar o carro. Além do mais, o veículo não estava no túnel, mas testemunhas alegaram avistá-lo deixando o local, aponta o The Daily Telegraph.
Uma destas testemunhas é o policial David Laurent, que disse tê-lo visto parado na entrada do túnel. No inquérito que invstigou a morte, Mohamed Al-Fayed alegou que o veículo seria de um fotojornalista francês chamado Jean-Paul James Andanson — embora a polícia tenha encontrado o veículo do paparazzi e constatado que era improvável que o mesmo estivesse no local devido sua condição deteriorada.
O que chama a atenção, porém, é que James Adanson foi encontrado morto em 2000 numa BMW carbonizada. Seu crânio tinha um buraco na região da têmpora e o acidente foi considerado um suicídio, apesar de nunca terem encontrado as chaves do carro ou qualquer arma no local. De acordo com o The Independent, o patologista que o examinou concluiu que o buraco havia sido causado pelo calor do fogo e não por um ferimento de bala.