Amor à primeira vista? A verdadeira história do casamento de Sissi e Franz Joseph

O primeiro encontro entre a jovem Elisabeth da Áustria, mais conhecida como Sissi, e o futuro imperador Franz Joseph, é frequentemente descrito como um momento de pura magia romântica. 

A série "A Imperatriz", da Netflix, que recentemente estreou sua segunda temporada, retrata o encontro entre como um momento repleto de tensão e atração instantânea. Entretanto, a realidade histórica foi bem diferente.

Em entrevista ao site Aventuras na História, Paulo Rezzutti, autor da biografia "Sissi E o Último Brilho de uma Dinastia", explica que o encontro de Sissi e Franz Joseph, em 1853, não foi planejado como um romance.

"A gente tem que encarar a série 'A Imperatriz' como uma ficção que utilizou nomes e personagens reais. Boa parte da história é completamente ficcional, tem muita liberdade criativa", destaca ele. 

No começo, o imperador tinha a intenção de se casar com a irmã de Sissi, Helena, como parte de um arranjo dinástico. No entanto, ao conhecer Elisabeth, ele se apaixonou.

"Franz Joseph a quis como esposa, então ele acabou com a questão do casamento com a irmã dela e decidiu se casar com Elisabeth", conta Rezutti.

Decisão política

Embora tenha sido uma história de amor à primeira vista para o imperador, a decisão foi, essencialmente, política. No império, a palavra do monarca era lei, e não havia espaço para escolhas pessoais fora dos limites da monarquia.

“Não tinha como você dizer 'não' para o imperador", afirma o escritor e pesquisador, destacando a ausência de liberdade para uma recusa, mesmo que o casamento fosse com alguém que, para muitos, parecia ser uma escolha improvável para o papel de imperatriz.

A mãe de Sissi, Ludovika, estava ciente de que sua filha não possuía o perfil ideal para a vida imperial. Apesar disso, ela não teve escolha a não ser aceitar a decisão do imperador, que logo alterou o rumo da história dinástica.

Ludovika sabia que ela era uma garota, uma menina, e que não estava talhada para um papel tão alto de ser uma imperatriz", explica Rezutti.

Em 24 de abril de 1854, Elisabeth casou-se com Franz Joseph em uma cerimônia em Viena, tornando-se imperatriz da Áustria. De acordo com María Pilar Queralt del Hierro, historiadora e autora do livro "A sombra de Sissi: a trágica história de uma família amaldiçoada", o jovem casal teve pouco tempo para desfrutar da união.

E, embora Joseph estivesse profundamente apaixonado por sua nova esposa, suas responsabilidades imperiais o deixavam com pouco tempo para a vida íntima. A Áustria, após as revoluções de 1848, ainda lidava com desafios internos. A vitória sobre a Hungria não havia resolvido completamente os problemas, e as tensões com a Rússia e os Bálcãs estavam em ascensão.

Com o marido imerso nos assuntos do Estado, ela se sentia solitária. Nos últimos anos de sua vida, ela refletiu de forma direta sobre seu matrimônio, dizendo: "Alguém é vendido quando criança aos 15 anos, faz um juramento que não entende, mas nunca pode desfazê-lo".