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Cem Anos de Solidão: O massacre por trás do livro que inspirou série da Netflix
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Cem Anos de Solidão: O massacre por trás do livro que inspirou série da Netflix

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Aventuras Na História
12/12/2024 21h00
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©Divulgação/Netflix
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A Netflix lançou na última quinta-feira, 11, a primeira parte da série 'Cem Anos de Solidão', apresentando ao público oito episódios que prometem uma rica adaptação da obra-prima de Gabriel García Márquez.

Publicado originalmente em 1967, o romance, que rendeu ao autor o Prêmio Nobel de Literatura em 1982, narra a saga da família Buendía e os desdobramentos na fictícia cidade de Macondo.

García Márquez, conhecido por sua prosa mágica e envolvente, baseou-se em eventos históricos da Colômbia para dar vida à sua narrativa, entrelaçando realismo com elementos fantásticos.

Um dos episódios mais significativos que influenciaram o autor foi a Guerra dos Mil Dias (1899-1902), um violento confronto entre liberais e conservadores que deixou profundas cicatrizes no país.

Outro evento crucial foi o Massacre das Bananeiras, que ocorreu em 1928 e se tornou um marco do ativismo trabalhista na Colômbia. Neste trágico episódio, trabalhadores perderam a vida após protestos por melhores condições, sendo brutalmente reprimidos pelo exército colombiano sob as ordens do governo.

O massacre real

No romance, García Márquez descreve uma companhia bananeira que se recusa a reconhecer os direitos de seus trabalhadores, utilizando manobras legais para deslegitimar suas reivindicações. A grande greve que se seguiu resultou em colheitas perdidas e um impasse econômico.

Cem Anos de Solidão
Cena da série 'Cem Anos de Solidão' - Divulgação/Netflix

Na vida real, os trabalhadore da cidade de Ciénaga exigiam condições dignas de trabalho e reconhecimento como empregados da United Fruit Company (UFC), uma empresa dos EUA responsável pelo maior latifúndio do país, além de pedidos por melhores salários e uma jornada semanal justa. Para se ter ideia da situação, eles eram recompensados com cupons pelo árduo trabalho.

Em um momento crítico da greve, no dia 12 de novembro, cerca de 25 mil pessoas uniram-se em protesto. No entanto, quase um mês depois, sem qualquer sinal de negociação por parte da empresa, a situação culminou em violência.

Em 5 de dezembro, 700 soldados foram enviados para reprimir os manifestantes. O governo colombiano temia represálias dos Estados Unidos, que viam os trabalhadores como uma ameaça comunista.

Tiros

Durante o massacre, após um aviso para dispersão em cinco minutos, as forças armadas abriram fogo contra a multidão reunida na praça. O resultado foi devastador; o general Cortés Vargas admitiu a responsabilidade por 47 mortes, mas estimativas sugerem que até 2.000 pessoas podem ter sido assassinadas naquele dia fatídico, repercute a Super Interessante.

No livro de García Márquez, a memória do massacre é magicamente apagada pela população, que repete incessantemente que "não houve mortos", enquanto apenas José Arcádio Segundo parece lembrar da tragédia. Este mecanismo narrativo reflete uma realidade semelhante: o evento foi sistematicamente encoberto pelo governo colombiano desde sua ocorrência.

Como destacado pelo jornalista uruguaio Eduardo Galeano, não houve necessidade de decretos para silenciar a memória coletiva sobre a matança.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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