Cem Anos de Solidão: Por que García Márquez era contra a adaptação para o cinema
Aventuras Na História
Após anos de espera, a plataforma de streaming lançou nesta quarta-feira, 11, a primeira parte da série 'Cem Anos de Solidão", adaptação do clássico escrito por Gabriel García Márquez e lançado em maio de 1967.
"Na Colômbia do século 19, um casal e outros sonhadores fundam uma nova cidade em busca de liberdade. Mas será que esta utopia os levará à prosperidade ou à ruína?", resume a sinopse da Netflix.
Na narrativa que envolve a família Buendía, a história começa com os primos José Arcádio Buendía e Úrsula Iguarán, que desafiam as expectativas familiares ao se casarem.
A história
Decididos a encontrar um novo começo, o casal deixa para trás seu vilarejo natal, dando início a uma jornada repleta de desafios e descobertas.
Acompanhados por amigos e aventureiros, os dois chegam às margens de um rio cujas pedras são testemunhas de épocas passadas. É neste cenário que eles fundam uma cidade idealizada, marcada por sonhos e esperanças. No entanto, a vida na nova comunidade não se revela tão tranquila quanto imaginado.
As gerações seguintes da família Buendía enfrentam uma série de adversidades que permeiam sua existência na cidade mítica. Loucuras, paixões inatingíveis, conflitos bélicos intensos e o temor constante de uma maldição ancestral que os condena a cem anos de solidão se entrelaçam nas vidas desses personagens.
A adaptação do livro foi anunciada pela plataforma de streaming em 2019 e teve o apoio dos familiares de Márquez. No entanto, chama atenção a resistência do escritor em vida às propostas de adaptações cinematográficas.
Obstáculos
Em 2019, durante entrevista à BBC, Nicolás Pernett, especialista na obra do autor, explicou que aversão se deve ao fato de que, enquanto trabalhava na indústria cinematográfica no México, Márquez percebeu que "Cem Anos de Solidão" desafiava muitas convenções do cinema.
O romance foi escrito como "uma reação ao mundo do cinema", disse Pernett, e apresenta características que dificultam sua adaptação, como a manipulação do tempo e monólogos complexos dos personagens.
No comunicado divulgado pela Netflix naquele ano, Rodrigo Garcia, filho do escritor, também discutiu a resistência do pai.
"Por décadas, nosso pai relutou em vender os direitos de filmagem para 'Cem Anos de Solidão' porque acreditava que não poderia ser feito sob as restrições de tempo de um longa-metragem, ou que produzi-lo em um idioma diferente do espanhol não lhe faria justiça", disse ele. "Mas na atual era de ouro das séries, com o nível de roteiro e direção talentosos, a qualidade cinematográfica do conteúdo e a aceitação pelo público mundial de programas em línguas estrangeiras, o momento não poderia ser melhor para trazer uma adaptação para a extraordinária audiência global que a Netflix fornece".
Audiovisual
Ainda assim, o fascínio de García Márquez pela produção audiovisual é notável. Embora seja conhecido mundialmente por suas obras literárias, ele também se envolveu ativamente no setor audiovisual.
Talentoso, escreveu roteiros e críticas e foi uma das mentes por trás da Escola Internacional de Cinema e Televisão de San Antonio de los Baños, em Cuba, inaugurada por Fidel Castro em 1986. Desde o início dessa instituição, incentivou seus alunos a explorarem as potencialidades das séries televisivas.
Os episódios da adaptação de "Cem Anos de Solidão" já podem ser conferidos na plataforma de streaming Netflix.
