Com itens da família imperial, coleção pessoal de Oscar Americano virou grande acervo
Aventuras Na História
Em março de 1974, na Avenida Morumbi, em São Paulo, o engenheiro paulistano Oscar Americano instituiu a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, dois anos após o falecimento de sua amada esposa, Maria Luisa Ferraz Americano. Com essa atitude, ele doou para a cidade de São Paulo sua casa, em que o casal viveu com os filhos durante 20 anos, projetada por Oswaldo Arthur Bratke, em 1950. Além disso, doou também a vasta coleção de obras de arte que possuía.
O local, que apresenta um extenso parque — que hoje é definido como uma área de preservação ambiental — reúne documentos e peças que estão ligados à história do Brasil através dos anos. Atualmente, o espaço oferece atrações culturais como concertos e realiza palestras, assim como oferece ao seu público um panorama do passado e do presente do país.
A coleção de Oscar Americano é muito vasta e o público pode visitar o local que abriga todos os objetos. O acervo é constituído por pinturas que vão desde o século 17 até itens de arte sacra do século 18. Outros itens também fazem parte da instituição, como mobiliário, porcelana, prataria e tapeçaria.
Intuito cultural
Em entrevista exclusiva ao Aventuras na História, o pesquisador Paulo Rezzutti, que possui um amplo trabalho acerca da história do Brasil, contou que a ideia de Oscar Americano era mostrar a iconografia e a história do país desde quando começou a surgir. Uma das primeiras representações de como o Brasil era, veio, na verdade, dos holandeses, com itens de tapeçaria e pinturas de Frans Post.
O que aconteceu na década de 40? A mesma coisa da criação do MASP em São Paulo. Você tem a Segunda Guerra Mundial e as pessoas que têm posses na Europa estão vendendo. Então você tem uma grande venda e consegue recuperar muita coisa para o Brasil, como o MASP também. O Oscar Americano também recupera muitas coisas que representam o Brasil e traz de volta para a nação”.
Porcelanas significativas
Durante o tour feito com a equipe do site Aventuras na História, Paulo mostrou a coleção de porcelanas do local, que carregam um peso histórico importante, já que, segundo o escritor, é a primeira tentativa da Europa de fazer porcelana tal como os chineses.
“Então a gente tem o que vinha da China, inclusive, coisas que pertenceram ao Dom João VI. É a tentativa dos holandeses de começarem a criar essa porcelana que encheu o olho da Europa, mas que a Europa não tinha ainda a tecnologia no século 17 para desenvolver, para produzir as próprias porcelanas”.
O pesquisador então exibe o hall que abriga quase todas as peças e louças da coleção de Oscar e diz que aquelas peças já são basicamente uma aula de História, da cultura do país.
Coleção imperial
Durante o tour, Paulo mostrou itens que pertenceram à família imperial brasileira, e conforme foi andando, citou nomes importantes: “Aqui existe uma parte, uma coleção imensa de gravuras da família imperial, temos [representação] o Dom Pedro I, jovem, temos ele representado em Portugal, a filha dele com a Dona Leopoldina. Aqui já é Dom Pedro II, a gente tem a Tereza Cristina aqui, um busto lindo dela, um do Dom Pedro II, também lá atrás, e aqui a gente tem um belo quadro do Dom Pedro II”.
Rezzutti também explica que outros itens do Brasil Império estão presentes no local, como um peso de papel que pertenceu à filha mais nova de Dom Pedro II, e um daguerreótipo das princesas Isabel e Leopoldina.
Cartas de Dom Pedro II para o pai estão presentes no acervo, inclusive, fotos dele e exercícios de caligrafia estão expostos na Fundação. Uma réplica da “mão da justiça” está lá — réplica da mão do último imperador brasileiro — que foi feita a partir de um molde da época. Muitos desses itens pertenceram à princesa Isabel, que guardou a herança como lembrança.
Baile da Ilha Fiscal
Outro item histórico que está na coleção e também carrega um grande peso histórico é o convite do último baile do Império: O convite da Ilha Fiscal. “O baile da Ilha Fiscal foi dado em homenagem aos oficiais chilenos que estavam visitando o Brasil. E é o último baile do Império”, enfatiza Rezzutti. Também é possível ver o que seria servido no buffet durante um evento, que teve sorvete como sobremesa, um doce muito apreciado por Dom Pedro II.
Ciclo de Palestras
No último sábado, 6, a fundação iniciou um ciclo de palestras que relembra a trajetória de mulheres importantes para a construção do Brasil, tanto de forma política como artística. Com curadoria de Paulo Rezzutti, as palestras trarão pesquisadoras especialistas para falarem sobre as princesas Isabel e Leopoldina, a Imperatriz D. Amélia e a Condessa de Barral.