Como a nação Osage participou do processo criativo de 'Assassinos da Lua das Flores'?
Aventuras Na História
Na próxima quinta-feira, 19, chega aos cinemas de todo o Brasil um dos mais aguardados filmes do ano: 'Assassinos da Lua das Flores', novo trabalho do renomado cineasta Martin Scorsese — responsável por outros filmes únicos, como 'Taxi Driver' (1976) e 'Os Bons Companheiros' (1990).
"Os assassinatos dados a partir de circunstâncias misteriosas na década de 1920, assolando os membros da tribo Osage, acaba desencadeando uma grande investigação envolvendo o poderoso J. Edgar Hoover, considerado o primeiro diretor do FBI", narra a sinopse do novo filme.
O filme, é baseado numa história real, mais atual que nunca. Nas décadas de 1910, 20 e 30, ocorreu no condado de Osage, Oklahoma, o chamado 'Assassinatos dos índigenas Osage', que levou à morte dezenas de pessoas.
+ 'Assassinos da Lua das Flores': Veja a história real por trás do filme
Considerando esse fator, muito se debateu nos últimos anos acerca do novo trabalho de Scorsese. Alguns questionaram se um cineasta Osage não seria o mais apropriado para contar essa história.
O que de fato aconteceu, é que o diretor ficou com a produção e felizmente, atento, garantiu que vozes Osage fossem consultadas e incluídas no filme.
Consultoria Osage
Após a confirmação de que a responsabilidade sobre 'Assassinos da Lua das Flores' caberia à Scorsese, a iniciativa de um embargo ao filme começou a ser levantada. Mas, o ex-chefe principal da nação Osage, Jim Gray, se pronunciou sobre seu envolvimento direto com o filme, e, inclusive, que o diretor garantiu privilégios, como a exclusividade sobre novas imagens a um jornal local Osage e a possibilidade de uma exibição prévia.
Conforme revelado por Gray no X, antigo Twitter, ele é descendente direto de Henry Roan (interpretado por William Belleau no filme), um Osage cujo assassinato levou o FBI a descobrir quem estava por trás dos crimes: William Hale (Robert De Niro).
"Como ex-chefe principal da nação Osage, (2002-2010), eu tinha preocupações legítimas de que a indústria cinematográfica pudesse perder o objetivo da história além da violência, e fui bastante franco sobre isso quando a guerra de lances para o filme estava acontecendo em 2017", escreveu também, enquanto descrevia sua conexão com a história.
Eu também fui inflexível para que nossa nação se manifestasse e se envolvesse proativamente com os cineastas e os encorajasse a nos deixar ajudá-los a fazer este filme. Para seu crédito, Scorsese veio e se encontrou em particular com descendentes como eu e outros para ouvir nossas preocupações."
Mudanças no roteiro
Com a nova abordagem no filme, colocando em evidência o olhar da nação Osage, em vez do FBI, Jim Gray escreve que o "roteiro foi reescrito", conforme noticiado pela Collider. "Isso também levou a grandes mudanças no elenco", acrescenta.
Para tanto, continua, "o chefe nomeou representantes para consultar os cineastas e ofereceram a reserva para filmar o filme no local, usar nossos falantes de idiomas, contratar nosso pessoal na frente e atrás das câmeras. Consultores culturais que trouxemos para levar o modo de vida Osage para o filme. A dignidade e o cuidado da perspectiva Osage foram genuínos e honestos durante todo o processo. [...]"
Por fim, Jim Gray também descreve 'Assassinos da Lua das Flores' como algo que vai além de um filme para ele, que enxerga como uma história real e, amargamente, muito presente entre os Osage.
"Foi há 100 anos, quando John Ramsey assassinou meu bisavô Henry Roan e foi difícil assistir seu assassinato na tela, sabendo que minha falecida mãe perdeu a mãe e o irmão em um acidente de carro logo depois", explicou.
+ 5 coisas que você precisa saber antes de assistir 'Assassinos da Lua das Flores'
O filme chega aos cinemas de todo o Brasil na próxima quinta-feira, 19, e promete ser um dos favoritos para a próxima edição do Oscar, o que inclusive é reforçado por Gray, que o qualifica como "excelente". E ainda alerta: "você não vai esquecer o final."