Conheça Maria Luísa, a esquecida segunda esposa de Napoleão Bonaparte
Aventuras Na História
Na última semana, chegou aos cinemas de todo o Brasil um dos filmes mais aguardados do ano: 'Napoleão'. Nova produção dirigida por Ridley Scott, o longa é uma narrativa épica e histórica que acompanha não só os maiores feitos do general francês que se tornou imperador, como também seu turbulento romance com Josefina, que se tornou imperatriz ao seu lado.
"Napoleão (Joaquin Phoenix) poderia ter sido um soldado desconhecido, mas provou sua capacidade e rapidamente subiu de posto nas fileiras militares, chegando a general aos 24 anos. Impetuoso e implacável, na liderança do exército francês, ganhou fama como grande conquistador de batalhas e de corações, como o de Josefina (Vanessa Kirby), com quem casou e viveu um conturbado relacionamento", narra a sinopse.
A figura central do filme, como é de se imaginar, é o próprio general francês Napoleão Bonaparte, que mudou a história da França e foi um dos líderes políticos mais poderosos e influentes do mundo. Além dele, a trama também mistura fato e ficção ao retratar o seu primeiro e mais ardente amor, Josefina, que se tornaria imperatriz ao seu lado em 1804.
Porém, ao contrário do que muitos que assistem ao filme podem pensar, Josefina não foi a única esposa de Napoleão. Isso porque, após anos em um relacionamento repleto de turbulências e traições, ela não gerou um herdeiro para o estadista francês — o que, na época, era visto como um grande problema para o império. Foi isso que motivou o divórcio em 1809 e, no ano seguinte, Bonaparte se casou novamente, agora com Maria Luísa. Conheça mais sobre ela!
Maria Luísa da Áustria
Nascida no dia 12 de dezembro de 1791 em Viena, Maria Luísa de Habsburg-Lorraine era filha do imperador Francisco I da Áustria e de Maria Teresa de Nápoles e Sicília, ambos parentes de Maria Antonieta — decapitada em meio à Revolução Francesa, antes da ascensão de Napoleão.
+ Napoleão presenciou a decapitação de Maria Antonieta?
Ela, que cresceu em meio à realeza austríaca, foi criada por várias governantas e alvo de uma educação burguesa, mas, ainda assim, feliz. Vale lembrar das dificuldades enfrentadas por sua família a partir de 1805, quando forçados ao exílio após a invasão das tropas napoleônicas em seu país.
Como resultado, toda a realeza austríaca desenvolveu uma forte aversão à França, e mais especialmente ao "ogro da Córsega": Napoleão Bonaparte. Em cartas antigas, Maria Luísa já escreveu que, nessa época, cresceu odiando-o, ou pelo menos "em um ambiente pouco favorável ao homem que em numerosas ocasiões levou a Casa de Habsburgo à destruição."
Casamento
Porém, em 1809 — quando Maria Luísa tinha 18 anos —, começaram a circular rumores de que Napoleão, que havia acabado de derrotar a Áustria mais uma vez, estava procurando uma nova noiva, após se separar de Josefina. E como ela era parte da realeza austríaca, a ideia de que poderia se tornar a nova imperatriz dos franceses lhe parecia abominável.
Enquanto aguardava o anúncio oficial de quem seria a nova esposa de Napoleão, ela sentia-se bastante tensa. Porém, como escreveu em carta para uma de suas amigas, Madame Poulet, "se o infortúnio assim o desejar, estou preparada para sacrificar a minha própria felicidade pelo bem do Estado, convencida como estou de que a verdadeira felicidade só vem do cumprimento dos próprios deveres, mesmo à custa dos próprios desejos", registra o site da Fondation Napoléon, que documenta a vida do imperador.
Para sua infelicidade seu pai havia decidido que ela se casaria com Bonaparte, mas sequer informou-a pessoalmente, incumbindo a tarefa ao ministro da época, Metternich. Resignada com o que o destino lhe esperava, ela apenas aceitou a decisão, sem qualquer sinal de amargura.
Então, os eventos que se desenrolariam ocorreram rapidamente: em 8 de março de 1810 foi feito o pedido oficial de casamento para Maria Luísa, e já no dia 11 ocorreu o casamento por procuração. A cerimônia religiosa, por sua vez, foi feita somente no dia 2 de abril, em Paris.
O herdeiro
Depois de se casar com Napoleão, Maria Luísa tornou-se então a segunda imperatriz ao lado dele. Ele, por sua vez, casou-se movido pelo objetivo de ter um herdeiro, o que não demorou: em 20 de março de 1811, a austríaca deu à luz Napoleão Francisco Carlos José Bonaparte, que ficaria mais conhecido como Napoleão II, que já nasceu recebendo o título de rei de Roma.
Como imperatriz, Maria Luísa teve uma vida regida fortemente pela cerimônia e etiqueta. Os aposentos que outrora pertenceram à Josefina foram reformados, e um rígido protocolo real caiu sobre ela — que, apesar disso, cumpriu seu papel de maneira destacável.
Em 1813, quando Napoleão partiu em campanha até a Alemanha, Maria Luísa permaneceu na França como regente, mesmo que com os poderes políticos mais limitados, em meio à pressão que o império sofria. Quando Paris foi ameaçada pelos inimigos de Napoleão, ele retornou, mas partiu novamente em 25 de janeiro de 1814, e nunca mais veria a esposa e filho.
Com a chegada dos inimigos às entradas da capital francesa, Maria Luísa regressou para a Áustria, de volta à corte de seu pai, onde esperava poder garantir clemência para Napoleão e sua família.
Posteriormente, em vez de tentar regressar para ao lado do marido, partiu para Aix acompanhada pelo Conde de Neipperg, enquanto seu filho permaneceria em Viena, como refém.
Duquesa de Parma
Seduzida pelo Conde de Neipperg, explica a Fondation Napoléon, Maria Luísa abandonou qualquer ideia de retornar para Bonaparte, que perdia cada vez mais seu poder e influência na Europa. Em 9 de junho de 1815 foi assinada a Ata Final do Congresso de Viena, que fez dela Duquesa de Parma, na Itália, ao lado do Conde de Neipperg.
Ela se casou oficialmente com o Conde de Neipperg apenas em 1821, antes que ele morresse, em 22 de fevereiro de 1829, em Parma. Porém, não suportando a ideia de permanecer solitária, casou-se novamente em 17 de fevereiro de 1834, com o conde de Bombelles.
Já Napoleão II, que agora ostentava o título de duque de Reichstadt, permaneceu em Viena com a corte austríaca, onde faleceu aos 21 anos, vitimado por uma tuberculose em 22 de julho de 1832.
Por fim, Maria Luísa faleceu no dia 17 de dezembro de 1847, aos 56 anos. Ela foi enterrada no Kapuzinergruft — a Cripta Imperial de Viena —, ao lado de outros membros da família Habsburgo.