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Evandro Texeira foi o único fotógrafo presente no velório privado de Pablo Neruda
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Evandro Texeira foi o único fotógrafo presente no velório privado de Pablo Neruda

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Aventuras Na História
05/11/2024 01h14
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16389886/original/open-uri20241105-17-1i2n49w?1730769717
©Acervo IMS
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O renomado fotojornalista Evandro Teixeira faleceu aos 88 anos nesta segunda-feira, 4, vítima de complicações decorrentes de uma pneumonia. Considerado um dos maiores nomes do fotojornalismo brasileiro, Evandro compartilhou, em setembro de 2023, relatos sobre suas emblemáticas fotografias durante uma exposição no Rio de Janeiro.

Natural da Bahia, mas residente no Rio, Evandro fez um registro impressionante do velório privado poeta Pablo Neruda. Ele usou o prestígio do escritor Jorge Amado para se aproximar de Matilde Urrutia, viúva de Neruda, e acabou sendo o único fotógrafo presente no velório privado realizado na residência do casal, La Chascona, em Santiago.

A viagem

Evandro viajou ao Chile em setembro de 1973, logo após o golpe militar que resultou na morte do presidente Salvador Allende. Acompanhado pelo repórter Paulo César Araújo, seu colega de jornalismo, ele testemunhou os eventos tumultuados daquele período.

No dia 22 de setembro daquele ano, as autoridades chilenas levaram jornalistas ao Estádio Nacional do Chile numa tentativa de desmentir rumores sobre as violações dos direitos humanos que ocorriam ali.

Recordando sua familiaridade com o estádio desde a cobertura da Copa do Mundo de 1962, Evandro conseguiu se infiltrar e capturar imagens dos presos políticos que estavam sendo mantidos em condições precárias.

Com a morte de Allende, jornalistas tentavam localizar Neruda, amigo e apoiador do ex-presidente. Evandro obteve informações exclusivas sobre a internação do poeta na Clínica Santa Maria.

Embora tenha solicitado autorização para entrar no quarto onde Neruda estava internado com Matilde Urrutia, no dia 24 daquele ano, sua solicitação foi negada.

"Pedi para ele abrir um pouquinho a porta, só para eu ver, e aí eu gritei: 'Dona Matilde! Amigo de Jorge Amado!'. Aí, ele fechou a porta, nem deixou eu terminar a frase, e me disse: 'O senhor vá embora, que eu lhe passo o boletim das 22h. Me deu o telefone e fui embora. Liguei às 22h, e ele falou: 'Lamentavelmente, o poeta faleceu, às 21h45'", afirmou Texeira, conforme repercutido pelo G1.

A permissão

No dia seguinte, Evandro retornou à clínica com a câmera escondida. Ao encontrar uma entrada desguarnecida, conseguiu imagens únicas de Neruda na maca, ao lado de Matilde. Ele recorda o momento em que se apresentou novamente à viúva como fotógrafo ligado a Jorge Amado.

Neruda
Matilde Urrutia, viúva do poeta (de pé) e pessoas próximas ao lado do corpo - Evandro Teixeira/Acervo IMS

"Eu falei: 'Dona Matilde, fotógrafo do Jorge Amado. Permiso! [ao pedir licença em espanhol]. Ela olhou para mim: 'Meu filho, sua presença aqui é muito importante'. Olha que sábia, mulher inteligente. Era a câmera que era importante. Eu já tinha feito a foto. Aí, o enfermeiro puxou a maca lá para dentro. Se eu não tivesse feito, tinha perdido", relembrou.

Evandro acompanhou o corpo até La Chascona e fotografou amigos como Manoel Solimano, Hernán Loyola e Nemesio Antúnez conduzindo o corpo junto aos funcionários da funerária. Ele foi o único fotógrafo a registrar o velório privado do poeta.

No cortejo pelas ruas de Santiago no dia seguinte, ele documentou as homenagens prestadas pela população chilena ao poeta.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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