Ex-ministro de Antiguidades do Egito critica série documental sobre Cleópatra
Aventuras Na História
Anunciada na última semana, a série 'Rainha Cleópatra', da Netflix, tem causado polêmica ao resgatar um debate que existe há décadas: a cor da última faraó do Egito. A série compreende mais um volume do especial 'Rainhas Africanas', exclusivo da plataforma.
Com produção de Jada Pinkett Smith, os espectadores da plataforma de streaming irão se deparar com a história da"(...) Mulher mais famosa, poderosa e incompreendida do mundo - uma rainha ousada cuja beleza e romances vieram a ofuscar seu verdadeiro trunfo: seu intelecto. A herança de Cleópatra tem sido objeto de muitos debates acadêmicos, muitas vezes ignorados por Hollywood. Agora nossa série reavalia esta parte fascinante de sua história", diz a sinopse da produção.
Debate
Ao ser anunciada nas redes sociais, a série resgatou um debate que não é novo. Afinal, não é de hoje que se discute a cor e os traços físicos de uma das mais poderosas mulheres da História. A escalação da atriz negra Adele James iniciou um furacão entre internautas, que discutem se a última faraó teria sido branca ou negra.
Indo além da internet, a discussão chegou em Zahi Hawass, egiptólogo e conhecido por ter já ter atuado como Ministro das Antiguidades do país. Durante entrevista ao jornal al-Masry al-Youm, repercutida pela BBC, ele demonstrou insatisfação com a série documental.
"Isso é completamente falso. Cleópatra era grega, o que significa que ela tinha pele clara, não negra", disse Zahi Hawass. Ele também criticou a plataforma de streaming por 'tentar provocar confusão'.
"A Netflix está tentando provocar confusão, espalhando fatos falsos e enganosos de que a origem da civilização egípcia é negra", afirmou Zahi. Ele aproveitou a entrevista para pedir que os egípcios não apoiem a companhia de streaming.
O ex-ministro de antiguidades do país também relembrou que os faraós negros do Egito foram os kushitas, da 25ª Dinastia, que existiu entre 747-656 a.C. Com a série prestes a ser lançada no streaming, o advogado Mahmoud al-Semary iniciou uma ação no Ministério Público. Ele exige que sejam executadas 'as medidas legais necessárias' e que o acesso à Netflix no Egito seja bloqueado.
De acordo com o advogado, a série incluiria 'material e conteúdo visual' que ferem as leis da mídia do país. Ele também diz que a Netflix tenta 'promover o pensamento afrocêntrico... Que inclui slogans e textos destinados a distorcer e apagar a identidade egípcia'.
A verdadeira Cleópatra
Em artigo escrito ao site Aventuras na História, o historiador e professor Vítor Soares resgatou o debate que tenta responder a verdadeira cor da faraó. Você pode conferir a matéria completa clicando aqui.