Maestro: Os verdadeiros relacionamentos e o casamento de Leonard Bernstein
Aventuras Na História
Nesta quarta-feira, 20 de dezembro, finalmente chegou à Netflix o tão aguardado e comentado novo filme dirigido (e protagonizado) por Bradley Cooper: 'Maestro'. A última vez que o ator trabalhou como diretor de cinema foi com 'Nasce Uma Estrela' (2018), e na trama atual ele dará vida a Leonard Bernstein, um dos mais renomados compositores e maestros norte-americanos que já existiu.
Conforme o Tudum, o site oficial da Netflix, o romance biográfico "é uma história de amor imponente e destemida que narra o relacionamento de longa data entre Leonard Bernstein (Bradley Cooper) e Felicia Montealegre (Carey Mulligan). Uma carta de amor à vida e à arte, 'Maestro' em sua essência é um retrato emocionalmente épico da família e do amor". Confira o trailer!
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Da mesma forma como em outros filmes inspirados em importantes figuras reais que se popularizaram este ano — como 'Oppenheimer', de Christopher Nolan, e 'Napoleão', de Ridley Scott —, 'Maestro' não possui um grande foco em contar sobre os feitos da carreira de Leonard Bernstein como artista. Em vez disso, como descreve a própria sinopse, ele possui um grande foco em falar sobre a conturbada vida amorosa que Leonard teve.
Em sua vida, Bernstein foi casado somente uma vez, com a atriz costarriquenha Felicia Montealegre, até a morte dela em decorrência de um câncer em 16 de junho de 1978. No entanto, a história de amor, por mais que seja real, também teve seus altos e baixos, além de traições por parte do compositor americano. Conheça a seguir um pouco mais sobre a turbulenta vida amorosa de Leonard Bernstein:
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Paixão, traições e aceitação
Conforme apurado pela equipe Aventuras na História, Leonard e Felicia se conheceram ainda jovens, em 1946, quando ambos ainda eram estrelas em ascensão, o que intensificou a rápida conexão entre os dois. Cinco anos depois, eles se casaram, e o relacionamento começou a dar seus indícios de que não seria dos mais tranquilos.
A principal razão para o casamento não ter sido tranquilo é o fato de Bernstein ter mantido alguns relacionamentos extraconjugais; e, para tornar tudo ainda mais complicado, esses relacionamentos eram com homens.
Vale lembrar que nessa época, a década de 1950, os Estados Unidos ainda eram marcados por valores extremamente conservadores, tradicionais e homofóbicos, e por isso Leonard dificilmente seria aceito como era naquela sociedade — por isso o casamento com Montealegre era intrigante: apesar de ser traída, ela o aceitava.
Você é homossexual e talvez nunca mude", escreveu Felicia em carta ao marido, publicada em 2014 no livro 'As cartas de Leonard Bernstein', que não possui versão em português.
"Você não admite a possibilidade de uma vida dupla, mas se a sua paz de espírito, a sua saúde, todo o seu sistema nervoso dependem de um determinado padrão sexual, o que você pode fazer?... Estou disposta a aceitá-lo como você é, sem ser mártir... vamos tentar ver o que acontece se você for livre para fazer o que quiser, mas sem culpa e confissão." Na mesma carta, admite nunca ter se arrependido de seu casamento.
Minha mãe era uma senhora bastante convencional e por isso esperava ser tratada como tal", conta a filha mais nova do casal, Nina, ao London Times em 2010. "O acordo era que ele seria discreto e que ela manteria sua dignidade."
Outros casos
Um relacionamento bastante conhecido vivido por Bernstein, que inclusive é sugerido em 'Maestro', é com o clarinetista David Oppenheim (interpretado por Matt Bomer). Segundo a Esquire, o filme pode ter inferido isso através da sugestão em carta de Oppenheim, em que questiona seu casamento com a cantora Judy Holliday.
Além disso, no filme também vemos o personagem de Cooper buscando conselhos de seu amigo e também compositor Aaron Copland (Brian Klugman), que era abertamente gay, mas ainda manteve uma vida bastante privada e discreta.
Um dos mentores do maestro, o russo Serge Koussevitzky (Yasen Peyankov) também teria lhe aconselhado, dizendo que deveria se casar com Montealegre para ocultar suas atividades privadas; no filme, sugere ainda que ele mudasse seu sobrenome judeu.
Outro caso relevante de Bernstein detalhado no filme é com o estudioso de música Tom Cothran (Gideon Glick), com quem passaria várias férias junto na Carolina do Norte.
"Grandes amigos"
Quando Felicia Montealegre adoeceu, contraindo um câncer de pulmão no fim da década de 1970, Leonard Bernstein passou todo o tempo ao lado da esposa. Apesar de todo o histórico de brigas, ressentimentos e lealdades quebradas, amigos e familiares do casal sempre recordam deles como pessoas que compartilhavam grande amor um pelo outro.
"Eles eram realmente grandes amigos e provavelmente isso conta mais no longo prazo, que eles ainda pudessem fazer um ao outro rir", afirmou a filha mais velha dos Bernstein, Jamie (interpretada por Maya Hawke no longa), em entrevista de 1997 à PBS.
Eles poderiam fazer coisas que os interessassem juntos, ler os mesmos livros e ir ao mesmo teatro e se interessar pelo que o outro tem a dizer sobre essas coisas, você sabe, acho que é provavelmente isso que mantém um casamento mais unido do que, não sei, mais do que paixão."