'Mary & George': A história por trás da nova série sobre o 'favorito' do rei
Aventuras Na História
Para os fãs de The Crown, uma nova série britânica que será lançada em breve pode ser uma boa escolha: 'Mary & George'. A produção traçará a ascensão ao poder de George Villiers (interpretado por Nicholas Galitzine), aquele que marcaria a história ao se tornar o primeiro Duque de Buckingham.
No entanto, o que chama atenção em sua história é que ele teria sido o favorito e suposto amante do rei britânico da época, Jaime I. Na série, tudo isso teria sido auxiliado por sua própria mãe, Mary Villiers (Julianne Moore), que fez do filho um dos homens mais conceituados e influentes da Inglaterra do início do século 17.
A produção é inspirada no livro 'The King's Assassin' ('O Assassino do Rei', em tradução livre), uma história não-ficcional publicada em 2017 e escrita por Benjamin Woolley. Além de Nicholas Galitzine e Julianne Moore, o elenco também conta com Tony Curran, que dará vida ao rei Jaime I — descrito pelo historiador Michael B. Young como "a figura homossexual mais proeminente do início do período moderno".
Até o momento, 'Mary & George' não possui data de lançamento definida, mas a série deve chegar às telinhas ainda neste ano de 2024. Antes disso, confira a seguir a verdadeira história que inspirou a obra.
George Villiers
Filho do Sir George Villiers (que será interpretado na série por Simon Russell Beale) e Mary Villiers, George nasceu em Brooksby, uma vila de Leicestershire, na Inglaterra, em 28 de agosto de 1592. Seu pai faleceu em 1606, quando ele ainda tinha 14 anos. Assim, foi sua mãe que decidiu os passos que ele daria em direção à vida que conquistariam.
Embora os Villiers não fossem uma família rica, Mary conseguiu encontrar dinheiro para que, enfim, conseguisse enviar George para a corte francesa, onde aprendeu a dançar, esgrima e até a falar um pouco de francês — fatores essenciais para a alta sociedade inglesa do século 17, para a qual se preparava.
Após aprender o que precisava, e dinheiro para um guarda-roupa adequado, George foi enviado à corte inglesa por sua mãe. Na época, Godfrey Goodman — que se tornaria bispo de Gloucester posteriormente — descreveu o jovem Villiers como "o homem mais bonito da Inglaterra", pontuando "seus membros tão bem compactados, e sua conversa tão agradável, e de uma disposição tão doce."
A conquista
Em 1614, quando tinha pouco mais de 20 anos, George chamou atenção do então rei da Inglaterra, Jaime I, durante uma caçada em Apethorpe, uma aldeia de Northamptonshire. George tornou-se um de seus favoritos na corte, substituindo o então conde de Somerset.
Eventualmente, foi nomeado porta-copa real, posição esta que lhe permitiu ter mais conversas e aprofundar sua amizade com o rei. A admiração de Jaime seria tanta, que ele apelidaria George de 'Steenie', em referência ao Santo Estêvão, que era dito ter "o rosto de um anjo".
Com a simpatia do rei, George alcançou cada vez mais poder e influência: em 1615, foi nomeado como Cavalheiro do Quarto de Dormir — um cortesão que ajudava o monarca a se vestir, atendê-lo quando ele comia, proteger o acesso de seus quarto e armário, e fornecia companhia —; em 1616 tornou-se legitimamente um nobre, como Barão Whaddon, Visconde Villiers, e feito Cavaleiro da Jarreteira; em 1617 foi feito conde de Buckingham e, alguns anos depois, em 1623, Duque de Buckingham, o primeiro na história.
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Com a nomeação, George Villiers alcançou o auge, pois, fez dele o único duque que não era membro da família real. Porém, para o rei, ele era como um familiar: "Deus o abençoe, meu doce filho e esposa, e conceda que você possa sempre ser um conforto para seu querido pai e marido", escreveu em carta a George em 1623, documenta o historiador David M. Bergeron em "King James and Letters of Homoerotic Desire" ("King James e Cartas de Desejo Homoerótico", em tradução livre).
O duque retribuía o afeto do rei: "Eu naturalmente amo sua pessoa e adoro todas as suas outras partes, que são mais do que nunca um homem teve" e "viverei e morrerei como amante de você" são algumas das respostas que ele enviava a Jaime I, como mostra o livro "The Diary of the British Monarchy" ("O Diário de um Monarca Britânico") de Nick Weatherhogg.
Ainda que historiadores entrem em discordância, para Bergeron, "[George] se tornou o último e maior amante de James".
Mary Villiers
Enquanto o poder de George crescia, também elevava-se o de sua mãe, Mary, que arquitetou tudo para isso acontecer. Em 1618, ela se tornou duquesa de Buckingham, e sempre frequentava a corte, sendo parceira de cavalgadas de Jaime I. Provavelmente seu auge foi quando, no mesmo ano, o rei disse que não vivia para outro fim a não ser promover a família Villiers.
Outro feito que ela ainda realizaria para o filho seria arranjar-lhe um casamento com a Lady Katherine Manners, a mulher mais rica do país e herdeira do 6.º Conde de Rutland, Francis Manners, em 1620.
Com isso, ela também conseguiu algumas pessoas que a odiassem, que diziam, entre muitas coisas, que ela teria aprisionado Katherine com George por uma noite, o que teria manchado seu nome e forçado-a a casar-se com seu filho.
Em 1625, quando o rei Jaime I estava em seu leito de morte, Mary discutiu com um médico que cuidava do monarca sobre o tratamento, que não trazia respostas positivas. Sua influência já era tamanha, que o homem foi afastado da corte, explica a revista Tatler.
A queda de George
No ano de 1628, somente três anos após a morte de Jaime I, George Villiers foi morto a facadas por John Felton, um tenente do exército inglês que sentiu que havia sido esquecido depois da promoção para duque de sua vítima. Mary quatro anos depois, em 1632, com cerca de 62 anos. Hoje, tanto Mary quanto George estão enterrados na Abadia de Westminster, em Londres.