Mona Lisa do Prado: a ‘irmã gêmea’ da obra de Da Vinci

Mona Lisa é uma das obras mais notáveis da história da arte. Iniciada em 1503 pelo mestre renascentista Leonardo da Vinci, La Gioconda só foi finalizada entre três e quatro anos depois. A pintura também foi a primeira em que o italiano usou a técnica do sfumato. 

Com um ar de mistério e uma aparência tímida, a teoria mais aceita é que a obra retrate Lisa Gherardini. Atualmente, Mona Lisa pode ser vista em exposição no Museu do Louvre, em Paris. Mas o que poucos sabem é que há uma 'cópia' do quadro em Madrid.

Mona Lisa do Prado

A Mona Lisa do Prado, como a 'irmã gêmea' da Mona Lisa de Da Vinci se chama, pertence desde 1819 ao Museo Del Prado, em Madrid, um dos mais importantes de toda a Espanha. A obra faz parte do acervo do Prado desde sua fundação. Antes, o quadro pertencia às coleções da monarquia espanhola. 

Segundo o The Mona Lisa Foundation, o retrato foi referido pela primeira vez no inventário de 1666 da Galleria del Mediodia del Alcazar. A obra foi nominada como Mujer de mano de Leonardo Abince. 

Um ponto importante, conforme repercutiu a Superinteressante, é que o inventário daquele ano se refere a Mona Lisa do Prado como um "retrato feminino" feito por Da Vinci. Mas as coisas não são exatamente assim. 

Na versão do Prado, a Mona Lisa exala um ar de melancolia graciosa, com a modelagem e os tons da pele de seu rosto, e da mão direita, em particular, pintados sem a técnica do sfumato. 

Também é notável na pintura a clareza com que a transparência do fino tecido do véu é reproduzida, o que acentua o vermelho vibrante das mangas. Embora outros elementos tenham sido primorosos aos detalhes, eles não seguem o mesmo padrão de Leonardo. 

A restauração

Em 2012, aponta o The Mona Lisa Foundation, a obra foi restaurada e ganhou muito mais vida. O resultado da limpeza expôs a paisagem ao horizonte — até então o quadro tinha um fundo preto — e até mesmo um parapeito flanqueado com bordas de bases de colunas semelhantes às da Mona Lisa do Louvre. 

Mas outro ponto chamou a atenção dos estudiosos. Por meio da reflectografia infravermelha, notaram-se semelhanças na pintura subjacente tanto desta obra quanto do retrato do Louvre.

Porém, não há evidências concretas que Leonardo da Vinci tenha usado uma palheta de cores semelhante para sua pintura. Os dois retratos, aliás, são bastante diferentes e foram executados em painéis de madeira retirados de diferentes tipos de árvores.

O pintor

Até 2010, o Museo Del Prado acreditava que o retrato havia sido pintado antes de Leonardo deixar a Itália e partir para a França — o que faria a obra ter sido finalizada em Roma em meados de 1516. 

Após a restauração, porém, muitas outras teorias surgiram. Porém, é importante ressaltar que nunca nenhuma delas tenha sugerido que o quadro tenha sido pintado pelo próprio Leonardo da Vinci. 

Conforme aponta Bruno Mottin, o conservador-chefe do Centre de Recherche et de Restauration des Musees de France, a teoria mais aceita é que a Mona Lisa do Prado tenha sido pintada por um dos aprendizes favoritos de Leonardo: provavelmente Salaì ou Francesco Melzi.

"Após sua redescoberta, esta cópia da Mona Lisa no Museo Del Prado, que agora foi confirmada como uma obra de um dos alunos ou seguidores de Leonardo trabalhando em seu estúdio enquanto o original estava sendo pintado, não só foi confirmado como a mais antiga cópia conhecida desta imagem enigmática, mas também adquire considerável importância por seu potencial de lançar mais luz sobre a pintura do Louvre", disse o Museu por nota enviada à imprensa em 2012. 

Opiniões de especialistas, segundo o The Mona Lisa Foundation, apontam que a Mona Lisa do Prado teria sido trabalhada conjuntamente com a versão do Louvre; ou seja, no mesmo local e, ao mesmo tempo.

Mas isso se torna altamente improvável, visto que a versão do Louvre foi iniciada em 1503 e a versão do Prado finalizada em 1516 — o que faria que o aprendiz de Da Vinci tenha que ter lhe seguido em todas suas viagens por mais de uma década: de Florença a Milão, de Roma à França… 

O Museo Del Prado teorizou que sua cópia foi feita por alguém sentado ao lado de Leonardo da Vinci que tentava duplicar todas suas pinceladas, mas uma narrativa mais plausível aponta que o quadro foi feito durante a estadia do renascentista em Roma, entre 1513 e 1516.