My Way: entenda como o clássico de Frank Sinatra virou um problema em karaokês

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"… And more, much more than this/ I did it my way…". Certamente você já cantarolou essa frase em algum momento de sua vida. Afinal, a canção de Frank Sinatra é um dos grandes clássicos da música.
Mas um fato curioso sobre 'My Way' é que ela é uma versão em língua inglesa da canção francesa 'Comme d'habitude' — lançada por Claude François em 1967. No ano seguinte, a versão inglesa foi adaptada por Paul Anka e eternizada na voz marcante de Sinatra.
Em junho de 1971, o rei Elvis Presley gravou uma versão acústica de 'My Way', que acabou só sendo lançada em 1995, no disco 'Walk A Mile In My Shoes'. Outra curiosidade sobre a música, essa um tanto quanto bizarra, é que ela foi banida de alguns karaokês nas Filipinas por ser 'responsável' por alguns… assassinatos. Entenda!
My Way killings
O The New York Times repercutiu que pelo menos seis assassinatos forma cometidos em karaokês filipinos enquanto alguém cantava a versão de 'My Way' de Frank Sinatra. Os crimes ocorreram durante a primeira década dos anos 2000. O número de mortes, porém, é incerto até hoje. Afinal, a versão local da revista Esquire repercutiu que foram 12 assassinatos cometidos entre 2002 e 2012. E até mesmo um caso mais recente, em 2018.
Essa onda de crimes ficou conhecida como 'My Way killings' (ou 'os assassinatos de My Way'); o que fez com que diversos karaokês do arquipélago retirassem a música de suas listas.
Conforme recorda a Superinteressante, um desses casos aconteceu em 2007, na cidade de San Mateo. Na ocasião, Romy Baligula, de 29 anos, estava cantando quando foi interrompido pelo segurança do local, que reclamou que o cantante estava fora do tom. Baligula não se importou e continuou sua apresentação. Acabou baleado no peito e morreu no local.
No último caso citado, de 2018, Jose Bosmion comemorou seu aniversário de 61 anos num karaokê em Dipolog City quando seu vizinho subiu no palco para cantar 'My Way'. Os dois começaram a brigar pelo microfone e Bosmion acabou esfaqueado — morrendo antes de chegar ao hospital.
Ao The New York Times, em 2010, o professor Roland B. Tolentino, da Universidade das Filipinas, tentou explicar a onda de crimes por conta da música. "As Filipinas têm uma sociedade muito violenta, então o karaokê só desencadeia o que já existe lá quando certas regras sociais são quebradas".
Tolentino também citou o aspecto "triunfal" da canção, que poderia contribuir para a violência; algo corroborado por Butch Albarracin, dono de uma escola de música em Manila: "A letra desperta sentimentos de orgulho e arrogância no cantor, como se você fosse alguém, quando, na verdade, você não é ninguém. Ela cobre seus defeitos. Por isso que leva a brigas".
Outras pessoas, como a pesquisadora em etnomusicologia Mary Talusan Lacanlale, acredita que tudo não passa de uma espetacularização da população filipina e sensacionalismo, promovida pelos jornais norte-americanos: "Eu não acredito que isso teria se tornado manchete se tivesse ocorrido com uma canção filipina, por exemplo".
Há quem diga também que tudo é bem mais simples: como My Way é uma das músicas mais tocadas em karaokês, logo o número de incidências com ela seria maior também.
Por via das dúvidas, se por acaso você estiver nas Filipinas e começar a ouvir "And now, the end is near…", não se surpreenda se o fim realmente estiver próximo.


