Napoleão: O filme foi fiel ao retratar a decapitação de Maria Antonieta?
Aventuras Na História
Após muita espera, chegou aos cinemas um dos mais aguardados filmes do ano: Napoleão. Épico de Ridley Scott, o longa resgata a trajetória de um dos nomes mais controversos da História: Napoleão Bonaparte, o general que se tornou imperador.
Com Joaquin Phoenix no papel principal, o filme não só resgata os principais momentos da vida pública do imperador, mas também a sua turbulenta vida íntima ao lado da imperatriz Josefina, interpretada por Vanessa Kirby. Atenção, os próximos parágrafos podem apresentar spoilers do filme!
"Napoleão (Joaquin Phoenix) poderia ter sido um soldado desconhecido, mas provou sua capacidade e rapidamente subiu de posto nas fileiras militares, chegando a general aos 24 anos. Impetuoso e implacável, na liderança do exército francês, ganhou fama como grande conquistador de batalhas e de corações, como o de Josefina (Vanessa Kirby), com quem casou e viveu um conturbado relacionamento", explica a sinopse do filme.
A queda de Maria Antonieta
Logo no começo do filme, o público nota Napoleão em um dos momentos mais dramáticos da História: a execução em praça pública de Maria Antonieta, rainha da França. Em 1793, na Place de la Révolution, Bonaparte presencia a fúria da população, que comemora a queda da monarca.
Michael Broers, da Universidade de Oxford, é um dos principais especialistas a respeito da trajetória de Napoleão. Com livros sobre o imperador, o estudioso também participou de reuniões a respeito do roteiro do filme de Scott.
Ele explica que Napoleão não presenciou a decapitação de Maria Antonieta. Na realidade, Bonaparte estava com as tropas no sul do país. "Ele não estava na execução, estava de serviço na guarnição do sul naquele momento", disse Broers ao TimeOut.
A cena também chama atenção por outro motivo. O épico mostra uma Maria Antonieta destemida e pouco preocupada enquanto caminha para a guilhotina e é alvo da população, que joga comida e a ofende. Assim, fica a dúvida: o filme foi fiel ao retratar a execução da rainha?
Estelle Paranque, historiadora, refletiu sobre o momento histórico representado no filme ao Today, da BBC Radio 4, como repercutido pelo Telegraph. De acordo com a estudiosa, Maria Antonieta estava distante de ser uma pessoa 'destemida e um pouco agressiva', como mostra o filme.
Monarca vunerável
De acordo com a historiadora, a monarca estava 'extremamente triste e vulnerável' enquanto se preparava para a execução. O rei Luís XVI havia sido executado oito meses atrás. Ao mesmo tempo, Maria Antonieta teve que lidar com o fato de ter perdido a custódia do filho, forçado a admitir a relação de incesto com a mãe.
A verdade é que ela estava extremamente triste e vulnerável. Ela foi acusada de incesto com o filho e tentou permanecer digna no final, mas não acho que ela teria sido tão ousada", explicou Paranque.
Assim, a Maria Antonieta do filme, interpretada por Catherine Walker, em muito se distancia da realidade. Estelle também enfatizou: "Eu realmente amo Maria Antonieta de muitas maneiras, então isso me irritou um pouco porque ele (Ridley Scott) a deixou meio destemida e um pouco agressiva e naquela época, honestamente, ela não era", afirmou ela durante a entrevista.
A historiadora também chama atenção para o fato da estreia de Ridley Scott não ser um documentário. "Se as pessoas veem isso como história, sinto muito, mas isso é problema delas", explicou ela. "Eles estão errados, não deveriam ver isso como História. Você não vai ao cinema para ver história, você vai ao cinema para se divertir".
Antes mesmo da estreia, a figura de Maria Antonieta no filme também chamou a atenção de outro estudioso. O historiador Dan Snow aponta que em 'Napoleão', Maria Antonieta apresenta um cabelo enorme no momento da execução, o que não corresponde a realidade. No entanto, vale ressaltar que filmes do tipo contam com momentos de dramatização, que, na maioria das vezes, não são fiéis aos fatos.
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