Netflix não falsificou sexualidade de Alexandre, O Grande; entenda
Aventuras Na História
Após a estreia de 'Alexandre: O Nascimento de um Deus', nova série documental Netflix, as redes sociais foram tomadas pelo debate a respeito da sexualidade de Alexandre, O Grande, um dos maiores conquistadores da História.
Com relatos de especialistas voltados para a trajetória do líder militar e encenações, a série documental resgata a saga de um dos maiores nomes da Antiguidade. Nas redes sociais, entretanto, a produção causou debate.
Isso porque a série documental da Netflix não deixa de fora a vida íntima de Alexandre. Assim, é abordado que ele se envolveu com homens, fato discutido por pesquisadores há anos. Nas redes sociais, entretanto, o assunto foi deturpado.
No X, o antigo Twitter, usuários acusaram a plataforma de streaming de 'falsificar' a história de Alexandre, O Grande ao mostrar que ele teve relações com homens.
"A Netflix fez um novo documentário sobre Alexandre, o Grande. Nos primeiros 8 minutos, eles o transformaram em gay", escreveu um internauta em inglês. Assim, a publicação repercutiu com a falsa informação.
"Tomar no c*, o cara conquista a porr* toda pra um monte de vagabundo, mais de 2000 anos depois, transformarem ele em gay — sem nenhuma evidência que sustente isso nas fontes primarias", publicou uma conta em português.
Os amores de Alexandre
Não é verdade, entretanto, que a série documental tenha 'falsificado' a sexualidade do líder militar. Em 'Alexandre: O Nascimento de um Deus', especialistas explicam que, enquanto caminhava para a ascensão, Alexandre teve ao seu lado um confidente chamado Ptolomeu, que apoiou o rei em seus primeiros passos.
O líder militar também teve o apoio de Heféstio Amíntoro, seu companheiro mais comentado nos dias atuais. "Heféstio realmente não era apenas um companheiro querido, mas talvez o maior amor [de Alexander]", explica a Dra. Salima Ikram, da Universidade Americana do Cairo, durante participação na série documental.
Quem também opina sobre o assunto é a Dra. Jennifer Finn, da Universidade Loyla, em Chicago. Ela explica que: "Ptolomeu era um confidente próximo de Alexandre. E, naquele momento, Alexandre tinha um grupo de amigos que esteve na corte real, e esses dois amigos parecem ter sido Heféstio e Ptolomeu, que ficaram com ele e mantiveram a relação ao longo de suas campanhas".
No entanto, as relações na Grécia Antiga não podem ser interpretadas com conceitos contemporâneos. Lloyd Llewellyn-Jones, professor na Universidade de Cardiff, no País de Gales, explica que não existia um termo capaz de definir relações entre pessoas do mesmo sexo.
Ou seja, eram apenas homens (ou mulheres) que se relacionavam. Além disso, é preciso lembrar que a fé grega teve impacto nessas relações: os antigos deuses se relacionavam com diferentes pessoas, sem distinção de sexo.
"As relações entre pessoas do mesmo sexo eram a norma em todo o mundo grego", enfatiza Lloyd Llewellyn-Jones na série documental. "Os gregos não tinham uma palavra para homossexualidade ou para ser gay. Simplesmente não estava em seu vocabulário. Havia apenas ser sexual".
Em texto para o site Aventuras na História, o professor de História Vítor Soares, idealizador do podcast 'História em Meia Hora', aborda o relacionamento de Alexandre, O Grande e como funcionavam as relações na Grécia Antiga.