O Jardineiro: Entenda a condição neurológica que afeta Elmer

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Na última semana, chegou ao catálogo da Netflix a nova série 'O Jardineiro', que já é a produção mais assistida pelos brasileiros assinantes do streaming. Criado por Miguel Sáez Carral e dividido em seis episódios, este é um suspense romântico espanhol que, a primeiro momento, pode parecer uma bela história sobre plantas e amor familiar — mas, na verdade, é algo ainda mais sombrio.
Isso porque, no centro da narrativa, está o jovem Elmer (Álvaro Rico), um rapaz frio e emocionalmente distante que, após sofrer um acidente, é transformado por sua mãe, La China Jurado, uma mulher ferozmente protetora, em um assassino em série — que usa um negócio de paisagismo como fachada para os crimes.
"A mãe de Elmer usou a frieza dele para transformá-lo em assassino. Mas, quando ele se apaixona pela próxima vítima, seu disfarce como um pacato jardineiro corre perigo", narra a sinopse disponibilizada pela Netflix.
História real?
Segundo o Moviedelic, embora a narrativa de 'O Jardineiro' seja bastante "pé no chão", em tom realista, esta é uma história completamente ficcional, sem qualquer registro público de assassinatos sob uma fachada de paisagismo que inspirasse a história.
Porém, o que torna a história real são os detalhes sobre seus personagens, em especial sobre o próprio Elmer, central na narrativa. Isso vai desde a maneira como ele constrói seu jardim como uma espécie de altar, bem como a ausência de excessos na narrativa, que a afastem de um cenário ainda plausível.

Em geral, os roteiristas utilizam-se principalmente de clichês de crimes reais, como o assassino frio e metódico com um pai moralmente indefinido, e um trauma de infância — isso sem mencionar que possui uma obsessão: plantas.
Condição neurológica
Ainda no início da série, é apresentada ao espectador uma explicação para o comportamento incomum de Elmer, sendo este um recurso narrativo para a obra, mas que, apesar de tudo, ainda é plausível na realidade: um traumatismo cranioencefálico.
Na narrativa, é dito que ele sofreu um acidente de carro quando tinha apenas seis anos de idade, que danificaram o córtex de seu lobo frontal direito. E conforme sua mãe narra na obra, a partir daquele dia, "ele perdeu a capacidade de sentir emoções".

Esse aspecto da trama pode parecer até exagerado para alguns, mas, surpreendentemente, possui alguma base neurológica. Isso porque diferentes estudos já apontaram que danos ao lobo frontal, em especial ao córtex pré-frontal, podem ser associados a diferentes perturbações de regulação emocional de indivíduos, além de controle de impulsos, empatia, e na tomada de decisões.
Vale mencionar que já foram descritos em estudos, com indivíduos com lesões semelhantes, um comum distanciamento das respostas emocionais típicas, como vemos com o próprio Elmer.
Claro, isso não necessariamente indica que aquela pessoa será violenta, mas pode acarretar em uma espécie de embotamento emocional, com uma capacidade silenciada ou mínima de processar e expressar sentimentos.

Em 'O Jardineiro', a condição serve principalmente como recurso de enredo, mas confere a Elmer um aspecto vazio e assustador que, de fato, parece brevemente baseado em fatos científicos, em vez de colocá-lo meramente como um personagem frio e mal-intencionado. 'O Jardineiro' já está disponível na Netflix!


