O programa de TV que ajudou a solucionar um assassinato
Aventuras Na História
Na última segunda-feira, 5, um ex-astro de futebol americano foi sentenciado a 25 anos de prisão por uma corte dos Estados Unidos após ser considerado culpado de ter assassinado sua namorada — com quem ele tinha dois filhos pequenos — em 2016.
Earl Joiner, de 37 anos, fez sucesso no início dos anos 2000 por sua atuação no time universitário Florida Gators, do qual chegou a ser capitão. De 2019 para cá, porém, ele começou a chamar a atenção do público por um motivo muito mais sombrio.
Isso, pois, essa foi a época em que o crime pelo qual ele foi recentemente condenado, que era então apenas uma investigação em aberto, foi examinado pela série Cold Justice, um reality show do gênero de true crime (crimes reais, em tradução livre).
A produção televisiva acompanha duas mulheres que já trabalharam no ramo criminal (uma como promotora, e a outra como detetive) à medida que elas mergulham, com o apoio dos órgãos policiais, em casos de homicídio que nunca foram resolvidos.
Entre eles, estava o assassinato de Heyzel Obando, de 26 anos, que era a parceira de Joiner, e foi morta com um tiro na têmpora.
O crime
Era fevereiro de 2016 quando o ex-jogador de futebol Earl Joiner contatou as autoridades alegando que, após voltar de uma viagem com seus dois filhos, encontrou sua namorada morta na residência que a família dividia.
Conforme informado pela revista People, o homem foi considerado um suspeito em potencial desde o início. Entre os motivos para essa desconfiança, estão a maneira como ele teria pedido desculpas repetidamente durante a sua chamada para o número de emergência, por exemplo, e sido "excessivamente educado" com os oficiais que foram ao local, um comportamento que teria causado estranhamento imediato.
O 'sinto muito' realmente chamou a atenção. Se ele acabou de encontrar sua namorada sangrando lá, por que ele está arrependido?", disseLisa Breneman, sargenta do departamento de polícia da região, ao ser entrevistada pela equipe do Cold Justice.
Além disso, a ficha criminal de Joiner mostra duas denúncias anteriores de violência doméstica. Em uma ocasião, ele teria supostamente agredido Heyzel Obando em um supermercado, e, na outra, teria golpeado a cabeça dela com um bastão de beisebol.
A investigação
Com tempo e orçamento para revisitar o caso com calma, as investigadoras do Cold Justice puderam reexaminar as evidências, refazer entrevistas com testemunhas da época e também falar com pessoas que não haviam dado seus depoimentos durante a apuração original, fazendo novas conexões.
O material que conseguiram juntar, que foi posteriormente enviado às autoridades, foi fundamental para que Earl Joiner fosse preso ainda em 2019.
Uma coisa que a parceria com o 'Cold Justice' nos permitiu fazer foi passar nove dias — quase como uma blitz — trabalhando apenas neste caso. É um luxo que raramente temos, por causa de novos casos e outras coisas que chegam", relatou Breneman ainda, segundo o portal do Oxygen, que é o canal onde a série é exibida.
As testemunhas com quem a produção conversou, por exemplo, confirmaram a natureza violenta do relacionamento entre o ex-atleta e sua parceira.
Já uma nova análise da cena do crime com o auxílio de especialistas forenses teria mostrado que o autor do homicídio provavelmente não era um invasor, e sim alguém que a vítima conhecia, dado que não havia sinais decisivos de entrada forçada na residência.
Outra evidência essencial era a autópsia de Obando, que também foi consultada pelos analistas contratados pela Cold Justice. O documento sugeria que, quando a polícia chegou ao local, a mulher já estava morta há um dia ou mais — entre 24 e 36 horas, segundo as estimativas — o que era tempo suficiente para que seu parceiro tivesse cometido o assassinato e tido seu passeio com os filhos para disfarçar o ocorrido.
Por fim, ainda era possível especular a respeito do motivo por trás do homicídio, uma vez que, logo antes dele, Earl Joiner teria gastado uma quantia excessiva de dinheiro em uma casa de strip-tease, o que poderia ter levado a uma discussão com Obando que, infelizmente, terminou com a morte dela.
A conclusão alcançada pela produção do seriado televisivo em 2019 acabou sendo a mesma à qual o sistema de justiça dos EUA chegou no início da última semana, quando sentenciou o ex-astro de futebol a mais de duas décadas na prisão pelo homicídio.