O que é ficção em Oppenheimer?
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Dirigido por Christopher Nolan, Oppenheimer conta a história sobre o físico norte-americano Julius Robert Oppenheimer, diretor do Laboratório Los Alamos do Projeto Manhattan durante a Segunda Guerra Mundial, responsável por criar a bomba nuclear.
O longa é baseado no livro 'Oppenheimer: O triunfo e a tragédia do Prometeu americano', de Kai Bird e Martin J. Sherwin, publicado no Brasil pela Intrínseca e, embora permaneça fiel à história, ainda assim conta com algumas inconsistências históricas. Entenda o que é ficção em Oppenheimer!
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1. A maçã envenenada
Este talvez seja um dos pontos mais polêmicos envolvendo realidade e ficção em Oppenheimer. Nolan narra que quando o físico ainda estudava química em Harvard, na década de 1920, tentou envenenar seu tutor, Patrick Blackett, com uma maçã.
Kai e Martin apontam que Oppenheimer admirava muito seu professor, mas detestava o fato dele sempre lhe incentivar a fazer trabalhos práticos laboratoriais — enquanto sua preferência era ir a palestras ou ler.
No final do outono de 1925, em um ato impensado e estúpido, ele decidiu envenenar a maçã que ficava na mesa de Blackett. Entretanto, o episódio foi alertado antes que o tutor comesse a fruta.
Mas, no filme, vemos o próprio Oppenheimer retirando a maçã batizada das mãos de Niels Bohr, mas os dois só se conheceram depois, quando os físicos foram apresentados por Ernest Rutherford.
O próprio incidente da maçã envenenada é controverso, enquanto Bird e Sherwin apresentam testemunhos que levam a crer que Oppenheimer quase foi acusado de tentativa de homicídio e que tudo foi 'esquecido' após intervenção de seu pai, o neto do físico, Charles Oppenheimer, sequer aceita que o episódio é verídico.
2. Explosão particular
Um dos pontos altos do filme remete ao dia 16 de julho de 1945, com a realização da operação Trinity, no deserto do Novo México. Na data em questão foi feito o primeiro teste bem-sucedido da explosão de uma bomba atômica, que semanas mais tarde seria explodida nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.
Ao contrário do que mostra o filme, porém, a operação Trinity não foi acompanhada apelas pelos cientistas que viviam em Los Alamos. Afinal, o brilho da chama, o som da explosão e o tremor da bomba não passaram desapercebidos.
Para se ter uma ideia, janelas de cidade próximas estouraram com a força da bomba. Moradores da cidade texana de Amarillo, a cerca de 450 quilômetros de distância, puderam presenciar o flash no céu.
Assim, o governo teve que plantar uma história de que um paiol havia explodido para sustentar a narrativa, como mostram registros de jornais da época.
3. A bomba acabaria com a guerra
Em Oppenheimer, uma das explicações para o uso das bombas nucleares é de que elas colocariam um fim definitivo na guerra — que naquela altura já se arrastava para sua parte final; principalmente após as mortes de Hitler e Mussolini.
"No filme, eles fazem parecer que a razão pela qual estão usando a bomba é porque não querem invadir o Japão, e isso não é exatamente o que foi discutido na época", aponta Alex Wellerstein, historiador de ciência e tecnologia nuclear que atua como professor do Stevens Institute of Technology, ao Business Insider.
Essa é uma racionalização pós-fato que foi criada posteriormente", completa.
4. Kyoto foi poupada por lua de mel
Após o sucesso com a operação Trinity, outro ponto fundamental foi debatido pelas autoridades norte-americanas: em quais cidades japonesas as bombas deveriam ser lançadas?
A decisão incluiu Oppenheimer e o então secretário de guerra Henry Stimson. Durante uma dessas reuniões, Stimson pede para que a cidade de Kyoto seja poupada por sua importância cultural e por ter sido o destino de sua lua de mel.
Entretanto, esse segundo fator é descartado. Embora Stimson tenha visitado Kyoto, não há registros de que a cidade tenha esse tipo de memória afetiva para o então secretário de guerra. As escolhas das cidades, além disso, passaram por um processo mais complicado.
5. O consultor Albert Einstein
O elenco de Oppenheimer conta com nomes estrelados e consagrados de Hollywood, mas uma participação chama a atenção: Tom Conti, que interpreta o físico alemão Albert Einstein — que embora apareça pouco na trama, é responsável por cenas profundas e reflexivas.
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Em uma delas, Oppenheimer apresenta a Einstein uma preocupação levantada por Edward Teller, que inventou a bomba de hidrogênio, de que a explosão da bomba atômica poderia causar uma reação em cadeia que nunca cessaria — o que poderia causar a destruição do planeta.
Embora a Teoria da Relatividade de Einstein tenha sido importante para a criação da bomba, Kai Bird e Martin J. Sherwin apontam que o físico alemão não foi consultado sobre o assunto, mas sim Arthur Compton, que foi responsável por checar os cálculos feitos por Hans Bethe; que apontavam uma possibilidade "quase zero" de tal catástrofe acontecer.