‘O.J. mentiu até o leito de morte’, diz diretor de documentário da Netflix
Aventuras Na História
Lançada na última quarta-feira, 29, 'Procurados - EUA: O.J. Simpson' reexamina o caso de duplo assassinato de Nicole Brown Simpson e Ron Goldman, em 1994, que levou ao chamado 'Julgamento do Século' no ano seguinte, onde O.J. Simpson foi absolvido dos crimes.
Dividido em quatro episódios, o novo documentário true crime da Netflix apresenta uma série de entrevistas inéditas com advogados, tanto da promotoria quanto de defesa (como o membro do "dream team" Carl E. Douglas e o co-promotor Christopher Darden); os primeiros policiais a chegarem na cena do crime, Tom Lange e Mark Fuhrman (este último peça chave que gerou enorme polêmica no julgamento); uma jurada; a irmã de Ron, Kim; o ex-agente de Simpson, Mike Gilbert; e muito mais.
Trinta anos depois, acho que essa história é mais relevante agora do que nunca", disse o diretor Floyd Russ em entrevista ao NY Post.
"Só de olhar para o mundo e o que aconteceu nos últimos seis a sete anos... coisas como o movimento MeToo, Black Lives Matters e o aumento de crimes reais. Pensamos em O.J. como a história de crime real mais épica, icônica, louca e desastrosa de todos os tempos", Russ continuou.
"Tem temas de violência doméstica, temas de raça, temas de [polícia] versus acusação versus defesa, e quem controla a narrativa. Esses são tópicos sobre os quais acho que as pessoas estão falando".
Na entrevista, o diretor relatou que em "quase todos que entrevistamos, a palavra 'arrependimento' é algo sobre o qual você poderia falar por horas".
O diretor contou que a entrevista com a irmã de Ron Goldman, Kim, foi uma das mais desafiadoras de se conseguir diante das câmeras. "Houve muito choro no set, e não só eu e ela, mas também partes da equipe".
Nossa mixadora de som estava chorando… é o trabalho dela ficar quieta, porque ela está gravando o som. Então foi [irônico] ouvi-la soluçando no canto. Se você perde um ente querido, a dor não vai embora 30 anos depois. E para ela viver isso diante das câmeras conosco… Espero que o público entenda o quão especial isso é".
A figura de O.J.
Embora o novo documentário da Netflix seja um entre os inúmeros que retratam o caso, ele foi lançado em um momento único: poucos meses após a morte de Simpson — que faleceu em abril do ano passado. Russ disse que o momento é uma coincidência.
"Ele realmente morreu quando estávamos com cerca de 75% [do documentário pronto]. O.J. estava doente, mas ele disse às pessoas nas redes sociais que ele estava bem".
É como se ele tivesse mentido para todo mundo, até o leito de morte", declarou, fazendo referência sobre as polêmicas do caso; visto que apesar de inocentado, muitas provas aprontaram para a participação de O.J. no crime — mas que ele nunca confidenciou sua culpa.
Logo no primeiro episódio da série é apresentado diversos materiais gráficos sobre a cena do crime. "Este foi um dos crimes mais brutais de todos os tempos", Russ disse sobre a seleção das fotos.
"Mostramos algumas fotos gráficas, mas também retemos dezenas de fotos muito mais gráficas. O fato é que isso foi um crime passional, e acho que isso é relevante. Não é para tentar chocar o público ou chamar a atenção das pessoas".
Uma figura ausente nas entrevistas é da promotora Marcia Clarke. No entanto, seu co-promotor, Christopher Darden, é entrevistado na tela. "Nós abordamos Marcia Clark algumas vezes… ela decidiu que não queria fazer parte disso".
"Ela disse que já falou o que tinha a dizer sobre O.J. Simpson e não quer mais falar sobre isso", finalizou.