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Oppenheimer e Prometeu: entenda a ligação entre o mito e o pai da bomba atômica
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Oppenheimer e Prometeu: entenda a ligação entre o mito e o pai da bomba atômica

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Aventuras Na História
23/07/2023 03h00
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Dirigido pelo brilhante Christopher Nolan, Oppenheimer estreou nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 20. Um dos longas mais aguardados do ano, a narrativa conta a trajetória de Julius Robert Oppenheimer, líder do Projeto Manhattan e pai da bomba atômica.

+ Oppenheimer: 5 coisas para saber antes de assistir ao filme

O filme é baseado no livro de Kai Bird e Martin J. Sherwin, Oppenheimer: O triunfo e a tragédia do Prometeu americano, publicado no Brasil pela Intrínseca. Mas, por qual motivo Oppenheimer é comparado com a história?

O mito de Prometeu é uma alegoria que ajuda a explicar sutis detalhes da vida de um dos nomes mais importantes do mundo pós-Segunda Guerra Mundial. J. Robert Oppenheimer era uma figura difícil.

Egocêntrico, genioso, inovador e problemático, Oppenheimer era notoriamente teatral, e suas tendências pessoais atraíram quase tanta atenção da mídia quanto seu trabalho no Projeto Manhattan.

Desta forma, entre todos os ativistas antiguerra, o legado de seu trabalho é muito mais infame do que qualquer assunto relacionado a sua vida privada ou suas crenças pessoais. Quando criou a bomba atômica, Oppenheimer abriu a caixa de Pandora, mas é por outro mito grego que sua vida é lembrada.

O mito de Prometeu

Prometeu roubou o fogo e o deu aos homens. Contudo, quando Zeus ficou sabendo, ordenou a Hefesto que pregasse seu corpo ao monte Cáucaso. Ali Prometeu foi cravado e ficou preso por muitos anos. Todo dia uma águia pousava nele e devorava os lobos de seu fígado, que voltavam a crescer durante a noite."

É assim que o mito de Prometeu é descrito no livro 1:7 de Biblioteca, de Apolodoro, escrito no século 2 a.C. Tanto o livro como o filme usam o destino de Prometeu como uma metáfora de como J. Robert Oppenheimer lutou contra seu trabalho no Projeto Manhattan pelo resto de sua vida.

Prometeu traz fogo por Heinrich Friedrich Füger/ Crédito: Domínio Público

 

+ Oppenheimer: O pai da bomba atômica se arrependeu da criação?

Por vezes, Oppenheimer se demonstrou um pacifista que pensava que a proliferação nuclear representava uma ameaça existencial para a humanidade. No entanto, sua posição oposta ao desenvolvimento de armas nucleares nos Estados Unidos durante a década de 1950 o levou a ser rotulado de comunista e traidor pró-soviético por conservadores radicais durante o Macarthismo.

Oppenheimer, assim como Prometeu, passou grande parte de sua vida posterior 'torturado'. Será que a bomba atômica teria sido inventada sem o seu trabalho? Quantas vidas foram perdidas como resultado de sua invenção?

O Prometeu americano

Na mitologia, Prometeu presentear a humanidade com o fogo não é apenas um simples gesto. A literatura vai muito além. O fogo não é só o que permite as pessoas se aquecerem ou caçarem. É apenas um símbolo que representa muito mais: a tecnologia, o desenvolvimento da sociedade, a divisão de tribos, a exploração científica, as artes…

Com o dom do fogo, os humanos poderiam construir comunidades e desenvolver infraestrutura, mas também destruir mutualmente. Assim como os testes nucleares de Oppenheimer abriram caminho para a corrida armamentista e a Guerra Fria — o que definiu as próximas décadas. Em ambos os casos, segue o questionamento: será que a decisão do mártir foi a mais correta?

A razão pela qual uma águia foi enviada para comer o fígado de Prometeu é que esse órgão representava a emoção na mitologia grega. Assim, Prometeu foi torturado não apenas por um grande pássaro comendo suas entranhas, mas pelo custo humano de seu presente.

A Tortura de Prometeu , pintura de Salvator Rosa/ Crédito: Domínio Público

 

Obviamente, o legado de Prometeu era impossível de se prever. O de Oppenheimer, de certa forma, também. Afinal, o que aconteceria se os alemães tivessem êxito na produção de bombas atômicas? Ou como seria o mundo sem elas?

Prometeu foi torturado por sua decisão de compartilhar sua engenhosidade com a humanidade, exatamente como Oppenheimer ao se opor ao desenvolvimento da bomba de hidrogênio poucos anos após ter sido fundamental na invenção de sua predecessora.

A vida imita o mito

Julius Robert Oppenheimer deu à humanidade uma forma ardente de destruição. Algo diferente de tudo que a civilização já havia experimentado. Prometeu também: dando o fogo aos humanos na forma de tecnologia, ciência, arte e poesia. Ambos não sabiam que essa decisão acabaria por assombrá-los. Assim, Oppenheimer se tornou um substituto perfeito para a figura lendária do mito grego.

J. Robert Oppenheimer, pai da bomba atômica/ Crédito: Domínio público

 

Ou, como escrevem Kai e Martin: "As advertências de Oppenheimer foram ignoradas — e, em sua última instância, ele foi silenciado. Como o semideus rebelde grego Prometeu, que roubou o fogo de Zeus e o entregou à humanidade, Oppenheimer deu o fogo atômico. Contudo, quando tentou controlá-lo, quando buscou nos dar consciência dos terríveis perigos que representava, os poderes maiores, como Zeus, se ergueram em ira para puni-lo".

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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