Oppenheimer: entenda o que é fato e o que é ficção no filme de Christopher Nolan
Aventuras Na História
O diretor Christopher Nolan (Batman: O Cavaleiro das Trevas) se encarregou de adaptar a história do “pai da bomba atômica” para o cinema. Baseado em fatos, o filme também conta com alguns acontecimentos fictícios, que são alterados ou adicionados para se encaixarem na história que o diretor deseja contar. E não é diferente com Oppenheimer.
Pensando nisso e, para te ajudar a identificar o que aconteceu de verdade e o que foi apenas inventado (ou “aumentado”), listamos alguns fatos e imprecisões presentes no filme. Antes de ler o conteúdo, esteja avisado de possíveis spoilers ao longo do texto.
Confira logo abaixo:
Sangue nas mãos
Após o teste da bomba ser bem sucedido, Oppenheimer (Cillian Murphy) vai até a Casa Branca para se encontrar com o presidente Harry Truman (Gary Oldman). Para alguns, a conversa entre os dois pode ter sido retratada de forma exagerada. Mas não foi o caso. O filme mostra o diálogo de ambos exatamente como dizem os relatos dos envolvidos na época. Isso inclui Oppie dizendo ter sangue nas mãos após o bombardeio das cidades de Hiroshima e Nagasaki, e até o presidente se gabando de que os soviéticos jamais teriam sua própria bomba atômica.
Oppenheimer não foi pedir conselhos a Einstein sobre a bomba atômica
Albert Einstein (Tom Conti) é uma peça chave no filme de Nolan, mostrando alguns encontros entre ele e Oppenheimer. É fato que ambos se conheciam, mas não há nenhum registro de interações entre sobre os detalhes do Projeto Manhattan. Além disso, provavelmente, Oppenheimer nunca foi até Einstein para pedir ajuda nos cálculos de Robert Teller (Benny Safdie), que indicavam uma probabilidade de a detonação de uma bomba atômica destruir o planeta. Portanto, Oppie foi atrás de Arthur Compton, que ao lado de Hans Bethe, determinaram que existia uma chance “próxima de zero” de algo assim ocorrer.
O aparente suicídio de Jean Tatlock
Em determinado momento do filme, Oppenheimer recebe uma carta do pai de Jean Tatlock (Florence Pugh) noticiando a morte da filha, que fora amante do cientista. No filme, é mostrado que Tatlock teria tirado a própria vida em 1944, tomando barbitúricos e se afogado em uma banheira. Além disso, uma carta de suicídio fora encontrada na mesa de jantar. Porém, ainda restam dúvidas sobre as circunstâncias reais por trás de sua morte.
Na biografia do cientista, intitulada “Oppenheimer: O triunfo e a tragédia do Prometeu Americano”, há um capítulo inteiro dedicado à morte de Tatlock. Nela, é mencionado que, no relatório da autópsia, a causa da morte fora determinada por afogamento, com nenhuma evidência de que os barbitúricos tenham chegado ao fígado ou a outros órgãos vitais.
Portanto, há duas teorias para a sua morte: o possível declínio de sua saúde mental, ou que ela teria sido assassinada por conta de suas ligações com os comunistas. Seu pai também teria queimado suas fotos e cartas logo após encontrá-la morta em seu apartamento.
A maçã envenenada de Niels Bohr
Logo no começo do filme, é mostrado que Oppenheimer teria injetado cianeto na maçã do físico Patrick Blackett (James D’Arcy), seu tutor em Cambridge. Na realidade, porém, pesquisadores acreditam que Oppenheimer teria injetado um “veneno” menos letal, e ele nunca nem sequer fora expulso da faculdade quando foi descoberto.
No longa, o ocorrido resulta em Niels Bohr (Kennet Branagh) quase ingerindo a maçã que estava na mesa de Blackett. Porém, isso nunca aconteceu. Apenas anos depois se encontrariam novamente, sendo apresentados por Ernest Rutherford, amigo em comum de ambos.
A palestra em holandês
Muitos podem ter sido pegos de surpresa quando o cientista começa a dar uma palestra em holandês, após mostrar pessoas caçoando dele. Apesar de a palestra ter sido discursada apenas seis semanas depois de Oppenheimer chegar à Holanda, tal fato realmente ocorreu. Ele ainda impressionou os presentes no local, principalmente pela forma bem humorada com que ele conduziu a palestra.
Oppenheimer comunista
Ainda é muito discutido entre os pesquisadores se o cientista era ou não comunista. No filme, tal assunto se mostra bastante presente, mas na realidade Oppenheimer não era um membro oficial do Partido Comunista. Porém, é fato que ele tinha pensamentos alinhados com a esquerda. O longa, entretanto, retrata de forma bastante fiel a preocupação com o avanço dos nazistas no campo nuclear e a possibilidade da explosão do planeta com a bomba atômica.