Roy Chapman Andrews: O homem da vida real que teria inspirado Indiana Jones
Aventuras Na História
Usando um chapéu, uma mochila, jaqueta de couro e, claro, seu chicote, Indiana Jones apareceu pela primeira vez em 'Os Caçadores da Arca Perdida (1981)' — filme dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Harrison Ford.
Na ficção, Jones é conhecido por seu típico senso de humor e seu vasto conhecimento sobre as mais distintas civilizações e línguas antigas; isso sem citar seu medo de cobras.
Indiana Jones se tornou um personagem tão emblemático que, em 2003, o American Film Institute o classificou como o segundo maior herói de filme de todos os tempos, a mesma colocação escolhida pela Entertainment Weekly na lista de heróis da cultura pop. A Empire, por sua vez, deixou Jones em sexto lugar entre os maiores personagens do cinema.
O pacato professor de arqueologia e aventureiro destemido não só ajudou a consolidar a carreira de Ford, assim como Han Solo em Star Wars, como se tornou um personagem reconhecido por diferentes gerações, visto que além da trilogia clássica dos anos 80 ('Os Caçadores da Arca Perdida', 'O Templo da Perdição' e 'A Última Cruzada'), Jones ainda retornou em 'O Reino da Caveira de Cristal' (2008) e no ano passado com 'Relíquia do Destino'.
Mas, afinal, qual teria sido a inspiração de George Lucas e Steven Spielberg para a criação do lendário Henry Jones Júnior? Conheça a história real de Roy Chapman Andrews.
Da infância ao Museu
Ainda na infância, Roy Chapman Andrews, nascido em 26 de janeiro de 1884, passou a demonstrar suas habilidade como naturalista ao explorar florestas, campos e rios. Já na adolescência, começou com o hobby da taxidermia — que mais tarde lhe ajudaria a pagar partes dos gastos da faculdade.
Andrews se formou na faculdade Beloit, no estado de Wisconsin, em 1906. Logo, se mudou para Nova York para se candidatar para um emprego no Museu de História Natural de Nova York.
Apesar de não ter sido aceito para nenhuma posição que desejava, concordou em se tornar faxineiro do local. Com o tempo, recorda matéria da BBC, Andrews também virou assistente do departamento de taxidermia.
Ao longo de quase três décadas dentro do museu, ele subiu de posição até se tornar diretor da instituição. O reconhecimento veio após anos de estudos e diversas expedições arqueológicas de sucesso — que, inclusive, foram reveladoras e muito importantes para sua época.
Em busca do 'Santo Graal'
No início do século 20, grandes explorações foram feitas por pesquisadores nas mais diferentes áreas, como a busca por dinossauros ou viagens às regiões polares do mundo.
"Mas o Santo Graal que as pessoas estavam procurando era o elo perdido da civilização que conectava os homens modernos com seus ancestrais humanos", disse Ann Bausum, autora do livro 'Dragon Bones and Dinosaur Eggs: A Photobiography of Explorer Roy Chapman Andrews', à rádio Witness, da BBC.
Sendo assim, Andrews decidiu partir em busca desse 'Santo Graal' em 1922, numa tentativa de sustentar a Teoria da Evolução das Espécies, de Charles Darwin; partindo rumo ao Deserto de Gobi, na Mongólia.
O pesquisador ficou responsável por liderar a equipe que contava como paleontólogos, zoologistas, geógrafos e geólogos. "Andrews logo aprendeu que a maneira mais rápida de chegar aos campos de fósseis era perguntar aos moradores onde poderiam encontrar ossos de dragão. Porque essa era a explicação que a população local havia encontrado para aqueles restos fósseis incríveis de criaturas que pareciam mais míticas do que reais", contextualiza Ann.
Se assemelhavam a um osso do braço ou da perna, mas era maior do que uma pessoa", prossegue.
No ano seguinte, Andrews voltou com sua equipe ao Deserto de Gobi. Foi justamente durante a nova expedição que eles encontraram algo único até o momento: ovos fossilizados de dinossauros.
Os ovos foram encontrados em uma espécie de ninho, com alguns protegidos e outros bem expostos — provavelmente por conta das tempestades de vento. "E quando eles começaram a encontrar fósseis de ossos de dinossauros na mesma área, as evidências se mostraram bastante convincentes", explica Bausum.
Aquela havia sido a confirmação de como os dinossauros se reproduziam e a descoberta acabou se tornando notícia ao redor do mundo. Andrews e sua equipe mudaram o conhecimento que tínhamos sobre os antigos seres de nosso planeta.
Herói de filme?
Mas não foram apenas as descobertas arqueológicas de Andrews que marcaram sua carreira, Bausum aponta que o pesquisador também arriscou sua vida durante suas jornadas.
Apesar de ter caído de um penhasco e quase ter sido atacado por uma píton, em seu livro 'The Business of Exploring', ele mesmo reconheceu: "Eu nasci para ser um explorador… Nunca houve nenhuma decisão a tomar. Eu nunca conseguiria fazer mais nada e ser feliz".
Andrews acabou se aposentando em 1942. Ele faleceu em 11 de março de 1960, vítima de uma insuficiência cardíaca, aos 76 anos, enquanto residia na Califórnia.
Sara Appelbee, neta do explorador, relembra à rádio Witness sobre as histórias do avô: "Um artefato que tenho dele é uma pistola com três marcas de combate contra um ataque de bandidos. Eles chegaram ao campo disparando contra eles, e ele os enfrentou com a pistola".
Apesar das semelhanças, Spielberg ou Lucas não confirmaram que usaram Andrews de inspiração para o personagem: "Andrews é supostamente a pessoa que o personagem do filme Indiana Jones foi modelado. No entanto, nem George Lucas, nem os outros criadores dos filmes confirmaram isso. Outros candidatos foram sugeridos, incluindo o Coronel Percy Fawcett", disse Douglas Preston, do Museu Americano de História Natural à BBC.
Já o Smithsonian Channel conclui que a ligação foi indireta, com Andrews (e outros exploradores) servindo de modelo para heróis em filmes de aventura das décadas de 1940 e 1950, que por sua vez inspiraram Lucas e seus colegas escritores.
Sara, porém, tem certeza da ligação: "Tem uma foto em particular que ele está de cinturão, chapéu, bota, com as mãos no quadril e os pés afastados. Eu pensei... até que está parecido com Indiana Jones"..
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