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Sucesso de 'Emilia Pérez' em premiações não agradou mexicanos, entenda!
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Sucesso de 'Emilia Pérez' em premiações não agradou mexicanos, entenda!

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Aventuras Na História
09/01/2025 16h10
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O musical Emilia Pérez, dirigido pelo cineasta francês Jacques Audiard, tem causado uma mistura de fascínio e indignação. A trama, que acompanha a transformação de um chefe de cartel mexicano em uma mulher trans que busca justiça para desaparecidos forçados, conquistou prêmios internacionais, mas também gerou críticas intensas no México.

Premiado no Festival de Cannes e vencedor de quatro Globos de Ouro, incluindo Melhor Musical ou Comédia e Melhor Filme de Língua Não Inglesa, o longa foi elogiado por críticos estrangeiros. No entanto, muitos no México o consideram um exemplo de trivialização de temas sensíveis, como violência, desaparecimentos forçados e identidade trans.

Produção controversa

O filme ainda não estreou no México, mas clipes da atuação de Selena Gomez — que interpreta um dos papéis principais e utiliza um espanhol mexicano considerado forçado e artificial — provocaram reações mistas online.

Eugenio Derbez, ator mexicano, descreveu a atuação de Gomez como "indefensável", mas mais tarde se desculpou após críticas.

A produção foi gravada na França com um elenco predominantemente não mexicano, o que alimentou acusações de estereótipos e diálogos pouco autênticos. "É um filme sobre o México, mas feito por um diretor francês que não fala espanhol e com apenas um protagonista mexicano", comentaram internautas.

Entre os comentários irônicos, um usuário no X (antigo Twitter) escreveu: "Emilia Pérez faz história como o primeiro vencedor do Globo de Ouro de Melhor Filme – Língua Não Inglesa escrito com o Google Tradutor!".

Karla Sofía Gascón, atriz espanhola trans que dá vida à protagonista, respondeu às críticas nas redes sociais, afirmando que o "ódio injustificado" vinha de "pessoas com interesses próprios". Contudo, sua defesa do filme não acalmou os ânimos no México, onde muitos consideram o uso da identidade trans da protagonista uma abordagem redutora.

Críticas

Organizações como a Glaad, defensora dos direitos LGBTQ+, criticaram o filme por apresentar uma visão "retrógrada" da experiência trans e por usar a transição como ferramenta de redenção para um criminoso.

Ativistas locais destacaram que o filme não aborda de forma respeitosa os desafios enfrentados por mulheres trans no México, onde a transfobia e discriminação são alarmantes.

Outro ponto de discórdia é a maneira como a violência e os desaparecimentos forçados são tratados. Críticos, como Gaby Meza, consideram que o filme explora tragédias reais como pano de fundo para entretenimento.

Há cerca de 30.000 homicídios por ano no México e mais de 100.000 desaparecidos. Não é algo para ser tratado de forma leviana”, afirmou Meza.

Audiard, por sua vez, admitiu não ter feito uma pesquisa aprofundada sobre o México antes da produção: “O que eu precisava saber, eu já sabia um pouco”, declarou em entrevista.

Enquanto Emilia Pérez se posiciona como favorito ao Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional, sua recepção no México continua dividida. Natalia Lane, ativista trans, foi enfática em sua crítica: “Que Emilia Pérez tenha ganhado o Globo de Ouro durante uma crise de direitos humanos para mulheres trans no México não é visibilidade. É exploração.”

Mesmo diante da controvérsia, Audiard já sugere uma prequela, o que certamente prolongará os debates sobre representatividade e apropriação cultural.

Leia também: Eunice Paiva: A história da mulher que rendeu o Globo de Ouro para Fernanda Torres

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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