‘Terraço do Café à Noite’: 5 curiosidades sobre a obra cativante de Van Gogh

Para muitos, o movimento artístico mais importante da História da humanidade foi o Renascimento, que se deu entre os séculos XIV e XVII. Nele, grandes expoentes artísticos surgiram, como os quase lendários Leonardo da Vinci, criador da 'Mona Lisa', e Michelangelo Buonarroti, da 'Criação de Adão'.

Porém, mesmo que o Renascimento tenha sido precursor de várias inovações no que se refere à arte, cultura e a própria sociedade, hoje ele não é consierado um dos movimentos mais populares, apesar dos grandes ícones que dele surgiram. Em vez disso, tem-se que de 2000 a 2010, as duas obras de arte mais reproduzidas pertenceram a uma outra pessoa, de outro país e outra era: o pós-impressionista neerlandês Vincent van Gogh.

Embora 'Noite Estrelada' seja facilmente a obra mais famosa de van Gogh, esta não é a única pela qual ele se destacou. 'Os Girassóis', 'O Quarto de Van Gogh em Arles' e 'Terraço do Café à Noite' também estão entre as mais queridas pinturas do neerlandês. 

Esta última mencionada, no caso, foi justamente a segunda obra de arte mais reproduzida entre 2000 e 2010 — atrás somente de 'Noite Estrelada' —, retratando a Praça do Fórum em Arles, na França, em uma noite que, segundo as palavras do próprio pintor, "é mais viva e mais colorida do que o dia". Confira a seguir 5 curiosidades sobre a obra 'Terraço do Café à Noite', de Vincent van Gogh:

1. Lugar real

Quando tinha 35 anos de idade, Vincent van Gogh deixou sua vida em Paris, capital da França e principal centro artístico da época, para viver em Arles — onde produziu algumas de suas obras mais famosas. E foi lá que o artista encontrou sua inspiração para fazer 'Terraço do Café à Noite': um café local comum.

Importante mencionar que a pintura foi feita do próprio terraço do café, de forma que o local retratado é, sim, real. E não só isso: ele existe até hoje, tendo sido rebatizado com o passar do tempo. Hoje ele se chama 'Café van Gogh'.

2. A primeira noite estrelada

'Noite Estrelada', a verdadeira pintura mais famosa de Vincent van Gogh, foi produzida somente em 1889, um ano depois de 'Terraço do Café à Noite'. Porém, um fato pouco conhecido é que foi nesta pintura de 1988 que o céu cheio de estrelas de van Gogh daria as caras.

A verdade é que 'Terraço do Café à Noite', 'Noite Estrelada' e 'Noite Estrelada Sobre o Ródano' formam uma espécie de trilogia de retratos do céu noturno em Arles, feito pelo neerlandês. Na época, o artista escrevia que quando sentia "uma terrível necessidade de religião", saía a noite para pintar estrelas.

3. Religiosidade

Como pode ser notado no tópico anterior, percebe-se que van Gogh carregava consigo um grande censo de religiosidade. E de fato, alusões religiosas não faltariam nas obras do artista que, antes de se dedicar à pintura, desejava "pregar o evangelho em todos os lugares", além de que seu pai, Theodorus van Gogh, era pastor em uma igreja reformada holandesa, de acordo com o site vincentvangogh.org.

Em 'Terraço do Café à Noite', a referência em questão pode ser lida, também, como uma espécie de homenagem a Leonardo da Vinci. Isso porque, de acordo com um estudo acadêmico desenvolvido por Jared Baxter e apresentado na Conferência Europeia de Artes e Humanidades de 2013, o quadro pode conter alusões à 'Última Ceia', sendo possível observar uma figura central com cabelos longos cercada por 12 indivíduos, bem como podem ser notadas formas cruzadas na obra, e uma figura sombria sob a porta poderia ser Judas.

4. Conhecimento astronômico?

A princípio, o céu estrelado nas pinturas de van Gogh saltava aos olhos simplesmente devido à exuberância das cores e formas adotadas pelo artista. Porém, após uma análise mais complexa do quadro e estudos astronômicos e meteorológicos, pesquisadores descobriram posteriormente que, além de tudo, as estrelas possuíam precisão em suas posições.

A informação foi confirmada depois que os estudiosos perceberam que, mesmo na pintura, o artista retratou as estrelas posicionadas da maneira exata como podem ser vistas, dispostas no mundo real. Com esse dado, ainda conseguiram determinar que a peça foi trabalhada principalmente entre os dias 17 e 18 de setembro de 1888.

5. Sem tinta preta

Por fim, um fato mais curioso sobre a própria produção de 'Terraço do Café à Noite' é que, mesmo que seja uma cena noturna, van Gogh propositalmente não utilizou da cor preta na tela. Mais uma vez, isso porque ele acreditava que as noites possuíam mais cores que os dias.

Para fazer tons mais escuros na cena, tudo que o neerlandês fez foi combinar diferentes tons de várias cores. "Agora, há uma pintura de noite sem preto. Com nada além de lindos azul, violeta e verde, e nesses arredores o quadrado iluminado é de sopro de pálido colorido, verde limão", escreveu em carta a uma irmã, sobre a tela.