Vale Tudo: como os atores da primeira versão enxergam o remake?

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O remake de Vale Tudo, novela exibida na TV Globo originalmente entre maio de 1988 e janeiro de 1989, nem estreou ainda, mas já tem dado o que falar.
A nova versão — assinada por Manuela Dias — estreia no próximo dia 31 e tem gerado muitas expectativas, especulações e, até mesmo, comparações entre elencos. Além disso, uma mudança anunciada pela autora no final do ano passado a respeito da vilã Odete Roitman tem sido motivo de discussão.
Se no passado Odete — interpretada originalmente por Beatriz Segall (1926–2018) e, na releitura, por Debora Bloch — destilava seu desprezo pelo Brasil e pelos brasileiros, Manuela afirmou que a personagem agora terá um outro tom: “Falar que o Brasil é uma porcaria não traz mais nada hoje em dia”, disse ela em entrevista à Folha.
A declaração dividiu opiniões e os atores do elenco original explicaram o que acham da nova versão da novela.
Antigo vs. atual
Flávia Monteiro, 52, que interpretou Fernanda na obra de autoria de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, relembrou com carinho sua estreia em Vale Tudo. Sobre a nova versão, ela se mostrou aberta à ideia, mas com ressalvas: “Eu gosto dos remakes, mas fico sempre com o meu coração e o meu afeto nas primeiras versões, explicou ao F5.
O ator Paulo Reis, 72, que deu vida ao fotógrafo Olavo, também refletiu sobre as diferenças dos tempos. “Acho impossível repetir a repercussão da primeira versão, as condições atuais da TV são completamente diferentes hoje, mas acho possível alcançar um grande êxito artístico”, explicou ao mesmo veículo.

Ceticismo
Carlos Alberto Riccelli, 78, que interpretou César, não esconde o ceticismo em relação à nova versão. Também ao F5, o artista destacou que a história ainda "está presente na cabeça dos brasileiros: “Acredito que o melhor será tentar se afastar o máximo possível da versão anterior. Isso evitaria comparações inevitáveis”, explicou à Folha.
Sobre a vilã, ele declarou: “Quem poderia ser melhor que Beatriz Segall como Odete? Ninguém! A menos que a nova Odete seja totalmente diferente da original”.
Já Rosane Gofman, 67, que viveu Consuelo na trama de 1988, admite estar curiosa, mas sem grandes expectativas: “Não consigo dizer com convicção. A primeira versão foi perfeita. Minha expectativa é só expectativa. Não posso imaginar o que seja o remake”. Apesar disso, ela confia no talento da autora: “Ela é ótima, então talvez a gente tenha um novo sucesso por aí”, destacou ao veículo.

Novas discussões
Lala Deheinzelin, 62, que interpretou uma das personagens envolvidas no primeiro casal lésbico da teledramaturgia brasileira, acredita que o remake pode trazer à tona discussões necessárias.
“Espero que seja feito com a mesma inteligência e qualidade artística e tenha novamente o papel de abrir a cabeça e ampliar a mentalidade do povo brasileiro”, afirmou. Ela ainda faz uma crítica ao momento atual do país: “Curiosamente, em alguns pontos 2024 é mais atrasado que 1988”.
Importância cultural
Por fim, Reginaldo Faria, 87, o inesquecível Marco Aurélio, declarou ser totalmente a favor da releitura: “Sou a favor de tudo o que estiver ao alcance do entretenimento e rezo para que as novelas não sejam engolidas pelo streaming. A importância das novelas para os brasileiros é cultural”. Para ele, o remake é uma oportunidade de manter viva a tradição dos folhetins.


