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Van Gogh: um homem que via beleza na vida
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Van Gogh: um homem que via beleza na vida

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Aventuras Na História
10/11/2024 17h00
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©Van Gogh Museum
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Apesar de todas as considerações feitas sobre Van Gogh, um aspecto pode ser afirmado com certeza: o que havia de louco nele era seu amor pela vida, sempre desmedido, e o modo apaixonado como ele via o mundo ao redor.

Mesmo atualmente, mais de 130 anos após a morte do artista, pouco mudou em relação à maneira como ele é percebido pelo público. Van Gogh ainda recebe a alcunha de "O Artista Louco".

+ Cartas a Theo: As correspondências que mostram outro lado de Van Gogh

Friedrich Nietzsche uma vez disse: "Aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam ouvir a música". Em uma época atual de luzes artificiais, enormes cidades das quais raramente se sai, autoestradas ligando todos os cantos, velocidades altíssimas nos transportes porque parece que só o destino importa, além de comunicações e amores fugazes, quem consegue entender que alguém pode passear pelo campo e amar profundamente uma flor?

Como alguém pode enxergar nessa flor uma beleza tão profunda, ressaltando a sua estrutura, composição, cores, luzes e porte? Depois, com intensa devoção, transportar para a tela toda a sensação que essa flor lhe transmitiu, como se fosse um objeto de ouro, mas no sentido emocional. Essa era a paixão de Van Gogh, que pintou muitas flores, não apenas seus famosos girassóis.

O artista louco

O pintor era assim por completo, porque ele via beleza na criação divina embutida em todas as coisas. Ele tinha uma extrema sensibilidade para ver o belo em tudo, e foi isso que lhe trouxe problemas no mundo em que vivia. Seu espírito não encontrou resposta nas profissões que tentou seguir: marchand de arte, professor, religioso, vendedor de livros. Recordemos que ele também era fluente em holandês, francês, inglês e alemão.

Somente aos 27 anos tornou-se pintor, mas, mesmo assim, no começo não encontrou a felicidade almejada, pois não conseguia se expressar conforme sua alma inquieta exigia. As escolas e as regras acadêmicas vigentes lhe empunhavam um formato que a sociedade tradicionalista considerava arte magistral. Mas esse padrão, com todas as normas estéticas, não permitia que ele expressasse sua forma de ver a vida e a beleza essencial, que escapava à percepção dos outros.

Por fim, foi necessário romper com os paradigmas, mesmo correndo o risco de ser proscrito, passando a colocar nas telas o que havia de mais pessoal e humano nele. Em sua busca por uma forma de expressão, tornou-se um dos criadores do pós-impressionismo, indo além da realidade visível para buscar profundidade emocional e simbólica nas obras.

Mesmo naquela época, em que o céu, livre do reflexo das luzes artificiais das cidades modernas (onde as pessoas raramente olham para cima, pois a abóboda celeste não passa de um quadro negro), oferecia o espetáculo de uma infinidade de astros, poucos deram a atenção que o artista dedicou ao firmamento. Para a maioria, aqueles astros sempre estiveram ali e sempre estariam, nada de especial. Simples assim.

Van Gogh se encantava tanto com a beleza do firmamento que inventou a maneira de pintar a noite em "Terraço do Café à Noite" e buscou a magia inigualável dos astros no universo em "A Noite Estrelada".

Para entender o homem Van Gogh e sua obra, não se pode partir dos rígidos princípios que nos norteiam desde o início da vida e são reforçados nas escolas e no meio social, onde somos "adestrados" a uma formatação cognitiva, que nos mantém alinhados aos demais. É preciso ser um pouco "louco" para isso.


*Sérgio Corrêa nasceu em 1958, em Colatina, no Espírito Santo. Formou-se em Odontologia pela UFES e, em 1988, mudou-se para Portugal. Estreou como escritor com o romance O Aroma do Café em Flor, premiado no Concurso Internacional de Literatura da União Brasileira de Escritores (UBE), no Rio de Janeiro. Seu mais recente livro é Clara e Vincent.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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