Zona de Interesse: Família nazista morava próximo de Auschwitz?
Aventuras Na História
Lançado em 2023 e indicado ao Oscar em 2024, "Zona de Interesse" é um filme de época que se passa durante a Segunda Guerra Mundial, ambientado na Polônia, bem ao lado do terrível campo de concentração de Auschwitz.
Os personagens que habitam a história, porém, vivem de forma alheia aos horrores que ocorrem no local. Se encontram numa grande residência separada do campo de extermínio de judeus apenas pelo obstáculo físico de um muro alto. Por cima dele, é possível ver a fumaça das chaminés do crematório onde, dia e noite, cadáveres são reduzidos a cinzas em ritmo incessante.
O longa-metragem choca pela maneira como a família alemã ignora o genocídio que acontece no terreno vizinho ao deles, permanecendo imersa apenas nos pequenos conflitos e pequenas alegrias de seu cotidiano.
Outro detalhe marcante de Zona de Interesse é que o filme usa uma figura real, embora a história retratada compreenda um romance. Rudolf Höss, o patriarca mostrado na produção — que trabalha em Auschwitz durante o dia e, quando volta, beija a esposa e lê contos de fadas para os filhos — foi uma pessoa real.
Ele era o temível comandante do campo de concentração nazista situado em território polonês, e, de fato, morava próximo do campo de extermínio. O oficial alemão foi responsável pelas mortes agonizantes de milhares de judeus, ao comandar Auschwitz entre 1940 e 1943.
O horror
A casa que aparece no longa-metragem, aliás, busca replicar ao máximo a residência original, visitada pela equipe por trás da produção "seis ou sete vezes", segundo relatado por Chris Oddy, o encarregado pelo design dos cenários, em entrevista à Times.
O que Chris construiu lá é realmente uma simulação direta da casa e do jardim, e sua proximidade com o campo foi essencial para nós. Não há nenhuma encenação de fantasia acontecendo. Você está vendo como eles viviam", explicou Jonathan Glazer, o diretor de "Zona de Interesse", ao mesmo veículo.
Vale ressaltar que a casa presente no filme foi erguida no mesmo bairro e nem tão distante assim da casa da vida real, que permitia observar a chaminé do campo de extermínio.
Em relatório, Victor Cross, que ajudou a capturar nazistas fugitivos, deixou claro em relatório que o general e sua família sabiam o que acontecia dentro do campo de concentração.
"De acordo com o próprio Höss, esses dois [a esposa e o filho mais velho] estavam perfeitamente cientes do que estava acontecendo no campo de Auschwitz onde viviam, como nas próprias palavras de Hoss 'O cheiro dos corpos queimados não podia deixar ninguém em dúvida'", descreveu, conforme repercutido pela BBC Internacional.
"Apenas seguindo ordens"
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, Rudolf Höss assumiu uma identidade secreta a fim de fugir das autoridades, mas ficou foragido por pouco tempo — acabou sendo encontrado pelo serviço secreto britânico e preso ainda em 1946. Conforme repercutido pelo portal DW, foi executado no ano de 1947.
Durante seu período atrás das grandes, o militar alemão escreveu um livro de memórias. Na obra, ele conta que o trabalho que fazia no campo de concentração por vezes o deixava tão perturbado que ele não conseguia passar tempo com sua família depois. Ainda assim, o homem não relatou sentir qualquer remorso, argumentando que estava "apenas seguindo ordens".