ALANIS MORISSETTE FAZ UM BALANÇO DE VIDA NA ILHA
Caras
A cantora canadense Alanis Morissette (34) desembarcou na Ilha de CARAS, em Angra dos Reis, com um largo sorriso. Vencedora de sete prêmios Grammy e com mais de 50 milhões de álbuns vendidos, tem motivos para exibir sua alegria. Depois de perder cerca de dez quilos em três meses com uma dieta vegetariana, a artista conta que também está feliz por ter tido segurança e coragem para escrever sua biografia. No livro, ainda sem data de lançamento, Alanis conta passagens dramáticas de sua vida, como estupro que sofreu na adolescência, as crises de anorexia e bulimia e sua relação com drogas. "Contar a minha história me ajudará a acabar com o sentimento de vergonha. Aprendi a aceitar quem eu sou e como sou", justifica.
Durante passeio na Ilha, em meio à sua maior turnê no Brasil, onde visitará, ao todo, 11 cidades - ainda apresenta-se no Rio de Janeiro, dia 4, em Belo Horizonte, 5, Florianópolis, 7, e em Porto Alegre, 10 -, Alanis se encantou pela natureza do litoral fluminense e pelo Grupo Capoeira Brasil, levado pela academia de Stella Torreão (49). "Já conhecia a capoeira, mas não sabia que era uma luta criada pelos antigos escravos", explicou, entusiasmada. "Acho que este país é um dos melhores lugares do mundo para estar se todo o planeta acabasse. Amo a paixão dos brasileiros. São presentes em tudo e não têm medo de ser passionais", assegurou ela, que não assume um relacionamento desde 2006, com o fim do noivado com o ator Ryan Reynolds (32), que a trocou pela atriz Scarlett Johansson (24).
- Por que decidiu escrever sua biografia e contar tudo?
- Não é muito diferente de escrever uma música. Estou sendo transparente no livro, mas avaliei muito as consequências. E mesmo assim decidi dividir com as pessoas os fatos ruins que aconteceram comigo. É para encorajar os outros a também não se sentirem envergonhados apenas por serem humanos, vulneráveis, por terem medo, por sentirem raiva ou serem frágeis. Se existe uma mensagem que eu possa passar é essa, que não devemos ter vergonha de estar vivo.
- Você já sentiu vergonha?
- Ah, claro (risos). Existem sentimentos que vão e voltam, e a vergonha é um deles. Normalmente, volta quando me lembro de alguns relacionamentos que tive, de como fui estúpida. Também tenho vergonha de já ter me preocupado muito com estética, me cobrar por questões de vaidade.
- Você precisou da ajuda de um terapeuta para se expor?
- Não me importo muito com a opinião dele sobre isso, mas é claro que conversamos e cheguei à conclusão de que é muito bom não julgar a si mesmo. É algo seguro a se fazer. Realmente acho que vim ao mundo para dividir com os outros minha experiência, sem julgamentos. E quando escrevo sobre mim, sobre o que estou sentindo, seja em músicas ou no livro, muita coisa se torna mais clara.
- Já usou drogas?
- Meus vícios são trabalhar e comer. Fumei maconha algumas vezes, mas estou longe de ser considerada uma viciada.
- Considera-se um exemplo para a vida de outras mulheres?
- Claro. E é muito reconfortante saber que posso influenciar de uma forma boa outras mulheres, sejam elas mães, irmãs, professoras... Porque, ao mesmo tempo, me sinto estudante, filha, uma mulher como outra qualquer. Sou uma sobrevivente.
- Você escreve músicas melancólicas, mas está sempre rindo. Você é triste ou feliz?
- Depende da hora. Neste exato momento, estou muito feliz. Parece que tudo caminha de maneira correta. Vivo um grande momento, fisicamente, mentalmente, espiritualmente e emocionalmente. E estar fisicamente bem me mantém longe da depressão.
- Como perdeu tanto peso em tão pouco tempo?
- Apenas parei de comer besteira e comecei a me preocupar com a alimentação realmente saudável. Muito verde e muitas frutas. Como proteína, soja e tofu. Precisava mudar para viver bem.
- Quanto você pesa hoje?
- Não me peso nunca. Não entro nessa paranóia. Até porque preciso ter um pouco de músculo para aguentar os shows e isso aumenta o peso, mas não sei dizer o qual é o ideal. Só sei que me sinto bem e que a roupa fecha.
- Gosta de cantar no Brasil?
- Adoro. O público é mais solto. Me emociona ver que, apesar de falarem outra língua, sabem todas as minhas músicas. Os brasileiros às vezes até se lembram mais das minhas próprias composições do que eu (risos). Isso prova que música é uma linguagem universal. Ver que prestam atenção ao que eu digo, mesmo em outra língua, é um grande presente.
- Você atuou no filme Dogma, em 1999. Está nos seus planos profissionais fazer mais filmes? - Quando não estou ocupada com shows, prefiro me dedicar a filmes. Acabei de rodar o longa de ficção científica Radio Free Albemuth (com previsão de lançamento este ano), mas quero mais.
- Há cinco anos não vinha ao Brasil. Como se vê daqui a mais cinco anos?
- Terei escrito minha biografia e feito pelo menos mais um filme. Será que vou casar, ter uma nova família, viver em comunidade? Não sei. Mas, com certeza, sempre farei arte. Da forma que for.
- Como quer ser lembrada?
- Como alguém que não teve vergonha de ter sido um bom ser humano. Mas, realmente, também não tenho necessidade nenhuma de ser lembrada.