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Fingir que o bebê não existiu? Psicóloga avalia luto de Lexa: 'Não é saudável'
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Fingir que o bebê não existiu? Psicóloga avalia luto de Lexa: 'Não é saudável'

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Caras
17/04/2025 16h40
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A cantora Lexa está vivendo um dos capítulos mais delicados de sua vida. Após perder a filha Sofia, que faleceu poucos dias após o nascimento em fevereiro, a artista decidiu transformar a dor em arte. Dois meses após a perda, ela anuncia o lançamento de uma canção dedicada à bebê: Você e Eu. Mas por que cantar é, para ela, uma forma de seguir em frente?

Para entender essa escolha da cantora, a CARAS Brasil conversou com a psicóloga perinatal Rafaela Schiavo, especialista no acompanhamento de gestantes e mães em situação de perda gestacional. Segundo ela, externalizar a dor por meio de rituais simbólicos pode ser essencial para a saúde emocional dos pais.

"Quando mães e pais perdem seus filhos, não importa em que momento da gestação ou após o nascimento isso tenha acontecido, rituais ajudam bastante no processo de luto saudável. Algumas pessoas podem fazer uma caixinha de lembranças, onde guardam uma foto, um pedacinho de cabelo, de unha, enfim, coisas simbólicas dentro dessa caixinha, por exemplo, para se recordarem", explicou a profissional.

Como a arte pode ajudar a ressignificar a perda?

Rafaela analisa que a decisão de Lexa em compor e lançar uma música dedicada à filha falecida é um gesto poderoso de elaboração do luto. "No caso da Lexa, por ser cantora, ela resolveu fazer uma música, o que é muito bom para a elaboração do luto. Quando a gente consegue externalizar esse luto de alguma forma, isso ajuda a deixar mais leve uma dor que é tão pesada, tão sofrida, que é a dor de perder um filho. Portanto, pessoas que conseguem colocar no artístico, que conseguem, de alguma forma, externalizar, fazem isso numa tentativa de manter viva aquela pessoa que se foi. Ela mantém viva essa pessoa ao compor a música, é uma forma de validar sua existência, para que ela não caia no esquecimento."

Silenciar a dor pode ser prejudicial?

Segundo a psicóloga, fingir que o bebê não existiu pode tornar o processo de luto ainda mais doloroso e invisibilizado.

"Algo que geralmente não é saudável dentro de um luto perinatal, por exemplo, é fingir que o bebê nunca existiu. Fingir, não falar sobre o assunto, não comentar, isso pode levar a um luto menos saudável. E quanto mais se fala sobre esse assunto, mais viva essa pessoa permanece. Mais se reforça: essa pessoa realmente existiu, foi importante, merece ser homenageada e lembrada. Então, sim, é um processo saudável."

 

Buscar respostas é uma necessidade comum?

Lexa vem fazendo exames para entender melhor a morte da filha. Para a especialista, o desejo de saber por que o bebê morreu é frequente entre pais que enfrentam uma perda gestacional. "É muito comum que, quando ocorre uma perda, aborto espontâneo, perda fetal, os pais queiram uma resposta, entender o que aconteceu. O que houve? Por que esse bebê morreu? Por que o meu filho morreu?"

"Muitos pais buscam essa resposta, sim, desejam saber. Outros, pelo fato de já estarem em uma perda fetal avançada, próxima ao nascimento, vivem um processo muito doloroso. Quando há a morte do bebê, a pessoa às vezes permanece internada por alguns dias, até que ocorra a expulsão do feto, porque não se faz uma cesariana nesse caso, mas sim a expulsão por parto normal", explica.

A psicóloga ainda diz: "É muito sofrimento psicológico, muito sofrimento físico também. E acaba levando mais tempo ainda para fazer todos os exames e descobrir o que aconteceu. Por isso, muitas pessoas acabam dizendo: 'Não, não quero saber'. Mas, lá na frente, fica aquela sensação de arrependimento: 'Eu devia ter visto... agora não tem mais como... o bebê já foi enterrado...'. A oportunidade passou."

Falar sobre o luto publicamente pode ajudar?

A exposição pública do luto é uma escolha pessoal. Para alguns, é essencial na jornada da cura. "Quando falamos de figuras conhecidas e há essa exposição pública do luto, tudo depende de pessoa para pessoa. Alguns vão ficar mais reclusos, não vão querer falar sobre o assunto. Preferem tratar isso com a família ou até sozinhos, guardando na lembrança, sem muita exposição. Outros não. Alguns querem falar sobre o assunto, especialmente quando percebem uma má assistência e desejam que outras pessoas não passem pelo que passaram."

Rafaela continua dizendo que o luto deve ser sentido e falado pelos pais: "Enfim, quanto mais permitimos que as pessoas em luto falem sobre quem morreu, sobre essa dor, mais visível ela se torna, e isso ajuda. O luto perinatal, especialmente, é muito invisibilizado. Existe a crença de que, por não terem conhecido o bebê, por ele não ter vivido fora do útero, não há uma história. Mas há, sim."

"Muitas vezes, o bebê já existia no imaginário desde a infância, nas brincadeiras de boneca. Ele vai ganhando forma antes mesmo da gravidez. Então, quando a gestação acontece, esse bebê que existia no plano simbólico se concretiza. Ele tem uma história."

O que pais enlutados mais desejam?

Segundo Schiavo, o reconhecimento da maternidade e paternidade, mesmo diante da perda, é essencial para o processo de luto. "O que a maioria dos pais enlutados deseja é ser reconhecida como pais daquele bebê que faleceu. Até então, ninguém fala: 'Você é pai'. Dizem: 'Você será pai quando a criança nascer'. Mas muitos já são pais. Podem não ter uma criança viva, mas tiveram um filho. O bebê faleceu ali, na gestação, e isso precisa ser reconhecido."

"É necessário dar mais espaço para que se fale sobre esse assunto e reconhecer que aquela pessoa existiu. Para alguns, isso é íntimo, e tudo bem. Mas, para outros, a exposição pública do luto é importante, até como forma de elaborar a dor, sabendo que o mundo também reconhece: sim, ela é mãe", finaliza.

Leia também: Lexa vai às lágrimas ao ouvir música que fez para a filha: 'Mais linda do mundo'

Leia a matéria original aqui.

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